O avanço da varíola dos macacos tem deixado médicos em alerta. Em uma comissão recém-formada para acompanhar os casos da doença, que já foram registrados na Itália, Espanha, Reino Unido, Portugal e Suécia, cientistas apontaram para um “risco eminente” do vírus chegar também ao Brasil.
Segundo reportagem do UOL, a Câmara Técnica Temporária é coordenada pela RedeVírus do MCTI (Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações) e conta com sete profissionais que irão montar um plano para estruturar a rede de saúde para quando os primeiros casos surgirem no país. “Temos condições de detectar esse vírus. Por enquanto, não temos motivo para pânico”, diz a virologista Giliane Trindade, que faz parte do grupo.
“A gente está vendo o perfil de disseminação desse vírus por países da Europa, já chegou aos Estados Unidos, ao Canadá, em Israel. Então existe um risco iminente da entrada dele no Brasil”, acrescentou Trindade, que também é professora e pesquisadora do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e especialista em poxvirus (vírus que em vertebrados causa erupções cutâneas).
Até sexta-feira (20), um total de 143 casos de varíola dos macacos já haviam sido documentados. Além dos países mencionados no início do texto, Israel, Austrália e Estados Unidos também entraram para a lista de regiões com registros da doença. Recentemente, a Alemanha também divulgou seu primeiro caso, que foi identificado em um brasileiro – ele segue em isolamento.
Leia mais!
- Poliomielite selvagem: primeiro caso registrado no Moçambique em 30 anos
- Cannabis medicinal: DF é o local com mais autorizações para medicamentos à base de maconha
- Horário de última refeição do dia altera chance de ter câncer, indica estudo
A varíola dos macacos está presente em algumas regiões da África e a nova onda de casos desperta a preocupação da doença estar se espalhando por outros lugares do mundo. Ela é da mesma família da varíola convencional, erradicada no mundo todo em 1980, e se trata de um vírus zoonótico, ou seja, passa do animal para o ser humano.
“Na África, o maior gatilho de transmissão é o contato com os animais silvestres, principalmente pela caça. A população vai à zona silvestre para pescar, caçar, e entra em contato com animais, e nessas comunidades se inicia uma cadeia de transmissão”, explicou a especialista.
Não é a primeira vez, no entanto, que ocorre um surto da doença fora da África. Segundo a infectologista e professora de Doenças Tropicais da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) Vera Magalhães, também ao site do UOL, em 2003, cerca de 40 casos foram registrados entre pessoas que tiveram contato com cães-da-padrarias – um tipo de roedor – nos EUA.
PUBLICIDADE
Diferente do coronavírus, a transmissão da varíola dos macacos ocorre por gotículas respiratórias, e não aerosol. “Ou seja, é preciso de um contato mais íntimo. Ela é comum em veterinários e cuidadores de animais que têm contato com alguma secreção, ou quando levam um arranhão ou mordida.”
Apesar de o risco de vinda para o Brasil ser alto, Trindade ressalta, mais uma vez, que não há motivo para desespero. “Esse grupo [do MCTI] foi organizado para ter uma rede de especialista estruturada. A gente tem condição de responder. A gente está atento, essa é a mensagem principal”, afirmou.
Fonte: olhardigital.com.br