A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) autorizou na semana passada o início da fase 2 de testes clínicos com a SpiN-Tec, vacina contra a covid-19 desenvolvida totalmente no Brasil com apoio da Fapesp e de outras instituições.
O imunizante foi elaborado no CTVacinas (Centro de Tecnologia de Vacinas) da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), em parceria com a Fiocruz Minas (Fundação Oswaldo Cruz em Minas Gerais). Recebeu investimentos do MCTI (Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação), da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) e do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) para as etapas de ensaios pré-clínicos e clínicos de fases 1 e 2.
Segundo o pesquisador, a fase 1 envolveu 36 voluntários e teve como objetivo avaliar a segurança do imunizante e estabelecer a dose ideal para estimular a resposta imune contra o vírus. “Tivemos grande adesão dos participantes, então ela foi concluída relativamente rápido, cerca de 3 meses”, afirma.
Voluntários para a fase 2
Podem participar da 2ª etapa de testes indivíduos de 18 a 85 anos que tenham recebido as doses iniciais de CoronaVac ou AstraZeneca e o reforço com Pfizer ou AstraZeneca antes de março de 2023. Também são elegíveis apenas pessoas que nunca contraíram covid ou que tiveram a doença no máximo até março, ou seja, há pelo menos 6 meses. E é preciso ter disponibilidade para participar de acompanhamentos presenciais em Belo Horizonte (MG).
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Monitoramento por 1 ano
Entre as pessoas cadastradas, o CTVacinas e a UPqVac (Unidade de Pesquisa Clínica em Vacinas da UFMG) farão avaliação clínica e laboratorial para selecionar os voluntários. Cada pessoa considerada elegível para o estudo será convidada a receber a vacina SpiN-Tec, na UPqVac. Depois os procedimentos, ficará em observação por até uma hora e então será liberada.
O monitoramento será feito ao longo de 1 ano. A equipe que executa os testes clínicos fará ligações periódicas para os voluntários para saber como estão se sentindo. E eles farão 7 visitas ao centro de pesquisa da Faculdade de Medicina da UFMG: uma semana após a aplicação, duas semanas, 28 dias, 90 dias, 180 dias (6 meses), 270 dias (9 meses) e 360 dias (cerca de 1 ano).
Mecanismo de ação
As pesquisas para o desenvolvimento da vacina começaram em novembro de 2020. O antígeno, substância que desencadeia a produção de anticorpos, da SpiN-Tec inclui duas proteínas do vírus SARS-CoV-2, causador da covid. Uma é a proteína Spike (S) e a outra é a do nucleocapsídeo (N), o que explica o nome SpiN.
Como explica Gazzinelli, as vacinas contra a covid em uso geram respostas de anticorpos neutralizantes. Já a SpiN-Tec foi desenvolvida para induzir resposta dos linfócitos-T, ou seja, ela gera uma resposta contra várias partes da molécula do vírus, e não apenas contra um de seus segmentos, como ocorre com as vacinas atuais.
Por essa particularidade, os pesquisadores acreditam que a SpiN-Tec seja mais efetiva que as vacinas atualmente disponíveis no Brasil contra variantes do SARS-CoV-2, como a ômicron e subvariantes. O imunizante também tem alta estabilidade, o que possibilita que seja mantido a 4 °C, como outras vacinas, e facilita a distribuição para lugares longínquos.
Com informações da Agência FAPESP.
Fonte: msn.com