A morte de Yotam Haïm, de 28 anos, Samer al-Talalqa, de 25, e Alon Lulu Shamriz, de 26, provocou raiva e tristeza em Israel. Ainda neste sábado, as autoridades israelenses admitiram que as vítimas estavam sem camisa e transportavam uma bandeira branca improvisada quando foram baleadas.
Os três homens estavam entre as cerca de 250 pessoas feitas reféns durante o ataque sem precedentes lançado em 7 de outubro pelos terroristas do Hamas em solo israelense, que deixou cerca de 1.140 mortos, a maioria civis, segundo as autoridades. Até hoje, cerca 129 reféns continuam detidos em Gaza.
Um porta-voz israelense explicou que os reféns teriam surgido no meio da zona de combate, a poucas dezenas de metros de um dos soldados israelenses, que os identificou como figuras suspeitas, “se sentiu ameaçado e abriu fogo contra eles”.
Segundo o porta-voz, duas das pessoas foram imediatamente mortas e a terceira ficou ferida. Essa última ainda correu para um prédio e pediu “claramente ajuda em hebraico”, o que levou o comandante do batalhão a emitir “uma ordem de cessar-fogo”. No entanto, outro tiro foi disparado, provocando a morte do refém.
Depois do anúncio, as autoridades informaram que abriram uma investigação para apurar as circustâncias das mortes. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, lamentou o que chamou de “uma tragédia insuportável” que mergulhou “todo o Estado de Israel no luto”, enquanto em Washington o governo americano, aliado de Israel, se referiu a um “erro trágico”.
Protestos
“A única maneira de libertar os reféns com vida é através da negociação”, disse Motti Direktor, um manifestante de 66 anos, que tomou parte dos protestos.
“Estamos aqui depois de uma noite chocante. Exigimos um acordo já”, disse Merav Svirsky, cujo irmão Itay é refém em Gaza.
“Uma tragédia terrível, eu acho. Um acordo deveria ter sido feito muito, muito antes. E todas as vidas de todas as pessoas inocentes poderiam ter sido poupadas. Acho que é uma grande tragédia o que está acontecendo aqui agora em todos em todos aspectos”, disse um dos manifestantes à agência Reuters.
Falando sob o lema “O tempo está se esgotando!”, Raz Ben Ami, de 57 anos, uma refém libertada após 54 dias em Gaza, relatou aos manifestantes que, após deixar o cativeiro, ela disse ao gabinete de guerra de Israel que as operações militares estavam colocando a vida dos reféns em perigo. Seu marido, Ohad, continua sob poder do Hamas.
No final de novembro, um acordo, mediado pelo Catar, permitiu uma pausa de uma semana nos combates em Gaza e a libertação de uma centena de reféns tomados pelo Hamas e de 240 prisioneiros palestinos detidos em Israel, bem como a entrega de ajuda humanitária de emergência para a população do enclave.
Depois do anúncio da morte dos três reféns, o portal Axios informou que o chefe da Mossad (serviço secreto israelense), David Barnea, deverá encontrar-se este fim de semana com o primeiro-ministro do Catar, Mohammed ben Abdelrahmane Al-Thani. O encontro deverá se concentrar no tema da libertação de reféns.
Jornalista morto
Além dos civis, os jornalistas também seguem pagando um preço alto na guerra em Gaza.
O jornalista da Al Jazeera Samer Abu Daqa morreu na sexta-feira e o chefe do escritório da emissora em Gaza, Wael Dahdouh, que perdeu a esposa e dois dos seus filhos no início da guerra, foi ferido no braço por estilhaços de mísseis.
“Ontem ele veio se despedir […] Não comeu nada. Morreu com o estômago vazio”, disse emocionada a mãe de Abu Daqa à AFPTV neste sábado. Seu filho foi sepultado em Khan Yunis.
O fotógrafo Mustafa Alkharuf, da agência de notícias turca Anadolu, por sua vez, ficou ferido após ser espancado pela polícia israelense em Jerusalém Oriental, ocupada por Israel.
De acordo com o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), mais de 60 jornalistas e funcionários de meios de comunicação morreram desde o começo da guerra.
Fonte. dw.com