Em muitos casos, não é necessário cortar todos os derivados de leite da dieta, afirmam nutricionistas
A intolerância à lactose é um problema alimentar frequente. A Organização Mundial da Saúde (OMS) calcula que 2 bilhões de pessoas tenham alguma dificuldade em digerir alimentos derivados do leite. No entanto, a exclusão total da lactose nem sempre é necessária, variando conforme o grau de intolerância e quantidade presente na comida.
A nutricionista Edvânia Soares explica que pessoas que têm a intolerância não necessariamente precisam cortar tudo o que é feito a partir do leite de origem animal, visto que a condição é diferente de uma alergia.
“A intolerância à lactose é causada pela diminuição ou pela incapacidade de digerir a lactose, que é o açúcar que encontramos no leite e nos derivados dos produtos lácteos. A gravidade pode variar conforme cada um, e algumas pessoas podem tolerar até pequenas quantidades. É preciso restringir, mas não necessariamente excluir esses alimentos”, esclarece.
A nutricionista Melina Conejo complementa que existe a possibilidade da inclusão da enzima lactase.
“Muitos dos produtos que são vendidos como sem lactose, na verdade já têm a enzima inserida. O ideal é que a pessoa sinta quanto daquele determinado alimento ela pode consumir e não ter sintomas, e quanto ela pode consumir e precisar fazer o uso da lactase.”
As especialistas lembram que existem alimentos que contêm menor quantidade de lactose, possibilitando o consumo daqueles que têm a intolerância.
Entre eles, elas destacam os iogurtes com lactobacilos, que têm menos lactose devido à fermentação; leites sem a lactose e que têm a adição da lactase; queijos maturados, como parmesão, gruyére, emmental, gouda, provolone e o brie.
Caso os pacientes ainda apresentem sintomas, é recomendada a suspensão desses alimentos e uma investigação mais aprofundada para verificar se realmente é apenas a intolerância ou se pode haver outros quadros, como alergias ou síndrome do intestino irritável (SII).
Melina ressalta que problemas intestinais, como a SII e a supercrescimento bacteriano (Sibo), podem ser adjacentes à intolerância, agravando seus sintomas, e podendo até ser confundidos entre si.
“Os sintomas provocados por essas síndromes acometem a região intestinal e, por isso, muitas vezes dificultam o diagnóstico delas. Nos mais recorrentes, é possível citar a diarreia, constipação, dor e distensão abdominal, estresse, flatulência e alterações na motilidade intestinal.”
As nutricionistas lembram que a intolerância pode surgir ou se agravar com o tempo, levando em consideração fatores como estresse e a diminuição da produção natural de lactase, impossibilitando a sua digestão.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico da intolerância à lactose pode ser feito por meio do exame de sangue, teste genético, teste molecular ou pela observação a partir da retirada dos alimentos que tenham a substância por um período e comparar os sintomas em relação à sua reinserção.
Já o tratamento é feito, principalmente, com a reestruturação da dieta do paciente, evitando os alimentos que contenham a lactose.
“Mesmo que haja a introdução da lactase, ela deve ser usada como um suplemento para ajudar a digestão. A pessoa não pode ser refém dela”, reitera Edvânia.
Fonte: agoramt.com.br