Etapa é necessária para que, futuramente, o ‘padim’ seja considerado santo perante a Igreja Católica
O processo de beatificação de Padre Cícero Romão tem início na noite desta quarta-feira (30), em missa celebrada na Basílica de Juazeiro do Norte, no Cariri. No ato, será anunciada a equipe responsável por acompanhar a etapa junto ao Vaticano e as comissões que devem reunir documentos e testemunhos de vida e virtudes heróicas do ‘padim’.
A missa é presidida pelo bispo da Diocese de Crato, dom Magnus Henrique Lopes, que é quem institui formalmente a fase diocesana do processo. Estão presentes autoridades como a governadora do Ceará, Izolda Cela (sem partido), o prefeito de Juazeiro, Glêdson Bezerra (Podemos), e deputados e vereadores vinculados à região. Acompanhe ao vivo:
Para dom Magnus, Padre Cícero foi “refúgio de compaixão para pobres e oprimidos”, um “bom pastor para essa parcela de pessoas vítimas de injustiças sociais”. “Ele serviu de voz para quem não tinha voz nem vez”, completou o pároco.
“É a possibilidade de ressoar mais forte as mensagens, as ações daqueles inspirados em suas palavras”, definiu a governadora Izolda Cela. O prefeito de Juazeiro, Glêdson, também foi chamado ao altar para homenagear o fundador do município. “Juazeiro é este fenômeno graças ao nosso patriarca e ao seu legado, à sua história, aos seus ensinamentos”, afirmou o gestor.
O processo de beatificação é necessário para que, futuramente, Padre Cícero também seja canonizado e, assim, considerado santo perante a Igreja Católica.
Mais cedo, em entrevista à TV Verdes Mares, o reitor da Basílica de Nossa Senhora das Dores, padre Cícero José, explicou que os processos de beatificação e de canonização têm duas etapas.
“Nesse primeiro passo, ele [Padre Cícero] é reconhecido como beato, pois viveu o Evangelho a partir das virtudes de uma vida doada a exemplo de Jesus Cristo, e, depois, a canonização, que é o período que nós o chamamos ‘santo’, aquele homem que viveu na terra a configuração da vida segundo o Evangelho”, diferenciou o religioso.
COMO OCORRE A BEATIFICAÇÃO?
O reconhecimento do ‘beato’ se dá quando existe um milagre específico atribuído ao candidato ou quando ele morreu na condição de mártir, como foi o caso da menina Benigna, morta aos 13 anos de idade a golpes de faca ao resistir a uma tentativa de estupro em Santana do Cariri, no interior cearense. Ela foi a primeira beata reconhecida do Ceará.
Histórias da fé em Benigna, a menina tragicamente morta que será primeira beata cearense
No processo de beatificação de Padre Cícero, será necessário provar um milagre pela graça dele para que seja beatificado. Só depois disso, com a comprovação de um segundo milagre, é que ele poderá ser canonizado.
ENTENDA AS NOMENCLATURAS DADA AOS CANDIDATOS EM CADA ETAPA:
- Servo de Deus: quando o Vaticano aceita abrir o processo de beatificação encaminhado pela diocese;
- Venerável: quando fica comprovado que o candidato cumpriu de forma heróica 11 virtudes específicas ou morreu mártir;
- Beato: quando fica comprovado um milagre pela graça do candidato ou quando o martírio é reconhecido;
- Santo: quando fica comprovado mais de um milagre pela graça do candidato.
Somente quando chega à condição de santo, tendo seus milagres atestados por médicos especialistas de fora da Igreja Católica, é que a imagem do religioso canonizado pode ser venerada em todas as igrejas do mundo.
QUEM FOI PADRE CÍCERO?
Cícero Romão Batista nasceu no dia 24 de março de 1844, no Crato, interior do Ceará. Filho de comerciante e de uma dona de casa muito religiosa, ele fez voto de castidade aos 12 anos por influência de São Francisco de Assis.
Em 1865, foi para a capital, Fortaleza, estudar. Foi um dos 60 alunos da segunda turma do Seminário da Prainha, onde cursou por cinco anos filosofia e teologia.
Cinco anos depois, foi ordenado padre, em 30 de novembro de 1870, na antiga Catedral de Fortaleza, pelo primeiro Bispo da Diocese do Ceará, Dom Luís Antônio dos Santos.
Um dos milagres atribuídos ao religioso aconteceu no dia 1º de março de 1889, quando ele deu comunhão à beata Maria de Araújo. À época, segundo os registros, a hóstia teria se transformado em sangue, o que popularizou a fama de santo de Padre Cícero.
Fonte: diariodonordeste.verdesmares.com.br