A pandemia impactou diretamente a saúde mental das crianças e adolescentes, que tiveram suas rotinas alteradas. Foram atingidos pela tristeza, ansiedade, depressão, falta de perspectiva, frustrações e outras questões que afetam sua saúde mental. Neste mês da campanha de prevenção ao suicídio, “Setembro Amarelo”, é importante também ter atenção com os sentimentos e o comportamento dos pequenos e jovens.
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De acordo com um novo trabalho, publicado no periódico JAMA Pediatrics, pesquisadores da Universidade de Calgary, no Canadá, avaliaram dados de 29 estudos com crianças e adolescentes em diversos países e chegaram a alguns números alarmantes: um em cada quatro sofre de depressão, enquanto um em cada cinco está lutando contra a ansiedade.
A psicóloga Jaqueline Rocha explica que a pandemia desencadeou muitas emoções nas crianças e adolescentes, mas duas ficaram evidentes: o medo e a tristeza. “Antes, a morte e o luto não era uma realidade para muitas crianças e adolescentes, cenário que mudou com a Covid-19, em que muitas desenvolveram medo de perder quem mais amava. Por sua vez, o isolamento social potencializou a tristeza”, pontua.
Em relação à tristeza, a especialista conta que é uma resposta emocional mais automática para frustração e já se encontra presente nos pequenos. “A pandemia afetou a rotina das crianças, afastando do convívio com outras crianças, familiares, e das brincadeiras. Por conta disso, muitas delas começaram a apresentar então uma certa melancolia e apatia excessiva”, detalha.
Outro cuidado que deve ser tomado é com o uso excessivo dos recursos tecnológicos, como celular, tablet, computadores, pois podem causar prejuízo à saúde mental. “Há muitos casos de crianças e adolescentes desenvolverem ansiedade, por ficar muito tempo em frente às telas, até mesmo apresentando sinais de irritabilidade. É necessário ter cuidado para não haver uma dependência digital”, alerta.
Além disso, o desenvolvimento da linguagem, da sociabilidade e da afetividade pode ser afetado. Existem muitos conteúdos tóxicos que podem ser consumidos por essas crianças e adolescentes, segundo a psicóloga. “O mundo virtual oferece uma certa incapacidade de controle dos pais. Por isso, é muito importante estar atento ao tempo que crianças e adolescentes passam em frente a essa tela e quais informações estão consumindo, para que não prejudique a saúde mental”, sinaliza.
Observação familiar
Como perceber que uma criança e um adolescente estão com a saúde mental afetada? Quais os sinais? A especialista fala que é importante observar a mudança de comportamento do filho e analisar como está o nível de relacionamento social dessa criança ou adolescente. Os adolescentes que apresentam algum tipo de transtorno costumam ficar mais introspectivos, afastando-se dos seus grupos sociais e apresentando também alteração no apetite, comendo pouco ou mais vezes ao dia.
Empatia e apoio
Para ajudar as crianças e adolescentes que estão com a saúde mental afetada, a especialista destaca alguns pontos como a empatia e o amparo, além de ser importante a criança falar sobre seus sentimentos mesmo que seja por meio da escrita, ou de um desenho.
Para os adolescentes, que estão em processo de construção da sua própria identidade, é preciso dar espaço para apresentarem os sentimentos e pensamentos que têm a respeito de determinado tema, assunto ou situação. A especialista explica que é importante oferecer um lar harmônico onde haja espaço para o diálogo, tornando-se um grande aliado na conservação da saúde mental dessa criança e desse adolescente.
Fonte: gazetadigital.com.br