O presidente do Corinthians Duilio Monteiro Alves lembrou da repercussão de sua escolha pelo técnico Cuca, logo após a saída de Fernando Lázaro. Em entrevista exclusiva à Gazeta Esportiva, o treinador também falou da negativa que recebeu de Tite, não concordando com o rótulo de “ingrato” que o ex-comandante da Seleção Brasileira recebeu de algumas pessoas.
Cuca foi anunciado pelo Corinthians em 20 de abril e ficou apenas seis dias no comando da equipe, até pedir para ir embora. Condenado por abuso sexual à vulnerável em 1989 no “caso Berna”, vários torcedores contestaram sua chegada e seu nome foi alvo de protestos nas redes sociais, no CT, no Parque São Jorge e em estádio. Na época, Duilio também foi duramente criticado.
“Se eu falar que não sabia que poderia ter problemas, não estaria sendo sincero. Nós fizemos algumas consultas, conversamos muito com o Cuca. Tudo que ele nos passou em relação ao que ocorreu… Não queria voltar nesse assunto, defender o Cuca ou não defender o Cuca. A gente sabia que teria uma repercussão, mas acreditando no que ele nos passou, da sua inocência, que ele está correndo atrás de provar, buscar. E vai ser muito legal se ele conseguir virar esse jogo, caso prove que é inocente. Mas não imaginei que seria desse tamanho”, comentou Duilio.
Pelo Corinthians, Cuca disputou dois jogos: derrota por 3 a 1 para o Goiás pelo Campeonato Brasileiro e vitória por 2 a 0 contra o Remo, pelas terceira fase da Copa do Brasil. Pela forte repercussão com a chegada do treinador, Duilio afirma que se arrepende de sua escolha na ocasião.
“Ele já passou por diversos clubes no Brasil depois do fato, treinando, jogando, passou por Seleção Brasileira, participou como comentarista de vários programas, trabalhou na televisão, ao lado de vários que tentam acabar com ele… Eu não imaginava que seria assim, porque não foi assim em lugar nenhum. Não existiu isso com o Cuca. O último jogo do Corinthians em 2022, na despedida do Vítor Pereira, foi contra o Atlético-MG do Cuca. Quando contratei, fazia três meses que ele estava no Atlético e não se falava nada sobre esse caso. Hoje, pensando, não teria feito. Se soubesse que teria essa repercussão, não correria esse risco. E ele não teria aceitado. Nós fomos os principais prejudicados, ele principalmente. Ele é um excelente treinador, ganhou vários títulos, aí chegou aqui e no Corinthians tudo é maior”, completou.
Antes de Cuca, Tite foi procurado. Multicampeão pelo clube, o nome do treinador sempre é especulado quando o Timão está atrás de um novo comandante. Como já havia falado durante a disputa do Copa do Mundo com a Seleção, o técnico priorizou convites de fora do Brasil e o descanso com sua família, o que o fez ser chamado de “ingrato” por alguns torcedores. Duilio não concorda com essa visão.
“Na própria Seleção, ele tinha deixado claro que não trabalharia no Brasil, que os planos era trabalhar na Europa. Eu tenho que tentar, se der certo ou não, eu tentei. Eu tenho que tomar decisões, ter atitude. Posso errar, acertar, mas tenho que fazer. Quem poderia ser na época o melhor treinador do Corinthians? O Tite. Eu não posso chamar ele de ingrato, se eu já sabia, se ele falou isso publicamente. Tentei mudar a cabeça dele, mas ele tem a vida dele, as prioridades dele… A gente tem que respeitar o momento dele, não posso passar do ponto. Ele tem um compromisso com a família dele”, afirmou Duilio.
Tite comandou o Corinthians em três passagens (2004-05, 2010-13 e 2015-16) e conquistou com o clube: dois Campeonatos Brasileiros (2011 e 2015), uma Copa Libertadores (2012), um Mundial de Clubes (2012), um Campeonato Paulista (2013) e uma Recopa Sul-Americana (2013).
Fonte: www.gazetaesportiva.com