Estratégia poderia atender a mais de um quinto da demanda anual de eletricidade residencial em quase dois terços das comunidades pobres dos Estados Unidos, segundo estudo na Nature Energy
A produção de energia solar tende a ser um problema em comunidades de baixa renda, principalmente devido aos custos envolvidos na instalação do sistema fotovoltaico. Propriedades comerciais e industriais poderiam hospedar essa infraestrutura e diminuir a lacuna de oferta de energia limpa nessas áreas, de acordo com um estudo publicado na revista Nature Energy por pesquisadores da Universidade Stanford, nos Estados Unidos.
Segundo eles, a instalação de painéis solares nas lajes de lojas e fábricas poderia atender a mais de um quinto da demanda anual de eletricidade residencial em quase dois terços das comunidades de baixa renda dos Estados Unidos. “Em muitas delas, o custo bruto dessa energia seria menor do que as tarifas residenciais cobradas pelas concessionárias locais de energia”, destaca Moritz Wussow, um dos autores do estudo.
Para quantificar a distribuição de instalações de energia solar não residenciais e estimar o potencial de geração pelas edificações comerciais, os pesquisadores usaram imagens de satélite e softwares de inteligência artificial para identificar o número e o tamanho dos painéis solares em telhados em 72.739 regiões nos Estados Unidos — um terço delas consideradas desfavorecidas pelo governo estadunidense.
A equipe mapeou edifícios não residenciais com painéis solares já instalados em seus telhados e aqueles que poderiam hospedar essa infraestrutura. Em um primeiro momento, observaram que as lajes não residenciais situadas em comunidades mais pobres geravam 38% menos eletricidade solar do que as localizadas em áreas mais ricas.
Eles também calcularam o custo médio anual de produção de eletricidade solar em cada área com base na quantidade de exposição solar local e outras variáveis. Os custos variaram de 6,4 centavos de dólar por quilowatt-hora em regiões do estado do Novo México a quase 11 centavos de dólar no Alasca. Em todos os casos, os custos eram inferiores às tarifas residenciais cobradas pelas concessionárias locais de energia.
Os autores lembram, porém, que levar energia às residências incluiria outros custos, como armazenamento de baterias e construção de microrredes. “Estimamos que o armazenamento da bateria aumentaria os custos totais do sistema em cerca de 50%, ainda assim abaixo das tarifas cobradas pelas concessionárias locais”, afirma Chad Zanocco, coautor do estudo.
No Brasil, a energia solar fotovoltaica já é a segunda fonte na matriz elétrica, ultrapassando a geração de origem eólica. O balanço mais recente da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) mostra que os painéis solares instalados em usinas, residências, propriedades rurais e prédios comerciais, industriais e públicos suprem quase 16% da energia elétrica no país. São 34 228 megawatts de potência instalada, atrás apenas dos 109 918 megawatts de capacidade das usinas hidrelétricas.
Fonte: ipea.gov.br