Vereador fez críticas e disse que está sendo julgado por “juiz de Facebook” e “promotor de Instagram”
O vereador tenente-coronel Marcos Paccola (Republicanos) usou a tribuna da Câmara de Cuiabá, nesta terça-feira (5), para pedir aos policiais militares que “não se esmoreçam” e não se “abalem” diante de um caso como o que se envolveu, e que acabou com a morte a tiros do agente socioeducativo Alexandre Miyagawa.
Em um discurso de pouco mais de cinco minutos, ele citou um trecho bíblico e afirmou que os policiais precisam agir para defender a vida e, naquela situação, não teve outra interpretação senão a de que Alexandre atiraria na própria esposa.
Ele citou que na polícia existe uma regra de três, três, três: três segundos para, em três metros, executar com até três disparos, e resolver uma situação onde você pode sair vivo ou morto.
“A partir do momento que ele levantou a arma para cima da cabeça, numa discussão de casal, uma mulher andando de costas, um homem sacando uma arma, sem nenhum ameaça à frente dele, não tinha qualquer outra possibilidade de interpretação, senão a de que ele iria executar ela na frente de todos”, disse.
“Muitos policiais têm me mandando mensagens e eu quero dizer: não se abalem, não esmoreçam. Mesmo sabendo que a mesma sociedade hipocrática, demagoga que cobra ação [de um policial], e quando você age é a primeira que vai te julgar”, afirmou.
“Juiz de Facebook” e Bíblia
O vereador disse que agora é julgado por “perito de Whatsaap”, “juiz de Facebook”, “promotor de Instagram”, mas que acredita nas investigações da Polícia Civil e no Poder Judicário.
Ele declarou que foi o primeiro a pedir à Câmara para que acompanhasse as investigações do caso.
“Eu não quero aqui que não seja feita Justiça, muito pelo contrário. E a Justiça é feita pelos órgãos investigativos. Acredito no trabalho da Polícia Civil, na Perícia, no Ministério Público, no Judiciário”, declarou.
Ainda no discurso, Paccola enfatizou que Alexandre fez uso “errôneo” da arma, mas externou pêsames aos seus familiares e amigos. Disse que vai carregar o peso da morte do colega para o resto da vida e chegou a citar a Bíblia: “Você não compreende agora o que estou fazendo a você; mais tarde, porém, entenderá” (João 13:7)
“Eu não sei por que os designo de Deus fez com que nós estivéssemos naquele dia, naquele momento, naquela hora para ter aquele resultado que teve naquele momento”, declarou.
Agente morto
Alexandre foi morto por volta das 20 horas da sexta, em uma rua atrás do restaurante Choppão, em Cuiabá.
Paccola efetuou três disparos contra o agente, em meio a uma confusão depois que a esposa de Miyagawa entrou com seu carro pela contramão, na rua Presidente Artur Bernardes.
O vereador afirmou que passava pelo local e foi informado que Alexandre estava armado e ameaçando a companheira dele.
Paccola ainda disse que chegou a dar voz de prisão, mas o agente não teria obedecido.
A versão do vereador foi contestada pela viúva Janaina Sá, que relatou ao MidiaNews que a arma do marido estava presa na cintura e que Paccola teria atirado para matar.
O caso é investigado pela Delegacia de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP).
Fonte: www.midianews.com.br