Empresário de Mato Grosso Filadelfo dos Reis Dias é apontado em investigação da Polícia Federal como um dos compradores de mercúrio ilegal. Sobrinho do empresário, Brenno Ramos Dias, serviu como “elo” de negociação do mercúrio entre Arnoldo Veggi – dono de uma da empresa Quimar – e Filadelfo. Ele aparece no inquérito da Operação Hermes.
Filadelfo atua no ramo de mineração e foi preso em 2013 acusado de mandar matar o ex-sócio. Em 2021, ele passou a ser investigado na Operação Lava-Jato por suposta lavagem de dinheiro.
Segundo a Operação Hermes, Brenno tinha pouca “capacidade” financeira, sendo que em algumas oportunidades, chegou a pedir dinheiro emprestado a Arnoldo.
“Os registros obtidos revelam que o sobrinho intermediou as compras de várias botijas de mercúrio feitas por Filadelfo. Nas transações registradas, Brenner entrava em contato com as empresas do Grupo Veggi – de Arnoldo – para negociar os detalhes da operação e recebia uma certa quantia em comissão pelas vendas efetivadas”, cita o inquérito da PF.
Investigação trata Brenner como um “simples” intermediário entre o vendedor e o comprador. Polícia citou que, diante do volume de capital movimentado para a compra de mercúrio ilegal, ficou evidente que todas as transações bancárias eram chefiadas pelo tio empresário.
Investigação aponta também outro intermediário de Arnoldo para vendas de mercúrio ilegal. Desta vez, é Rafael Martins Moreira dos Santos, 31, negociador da compra e venda entre o Grupo Veggi e as empresas Multi comércio e Volpato & CIA Ltda.
Pelas vendas de mercúrio ilegal que Rafael negociava, ele recebia uma quantia em comissão. O valor era pago sempre que se concretizava uma compra de mercúrio vendido pelo Grupo Veggi.
“O comércio entre eles era bastante significativo. Pelas mensagens analisadas, ficou evidente a participação da MULTI COMÉRCIO e da VOLPATO & CIA LTDA na venda de mercúrio para os garimpeiros da região de Poconé”, cita a investigação.
Arnoldo também procurava Rafael para oferecer mercúrio ilegal quando tinham disponível. Em julho de 2022, Arnoldo perguntou para Rafael se tinha interesse em vender uma botija de 49 kg de mercúrio. Intermediário conseguiu vender o produto ilegal e combinou a entrega com um funcionário de Arnoldo, chamado Felix.
“O transporte foi feito por este último [Rafael] que demonstrou receio com a fiscalização da PRF. Arnoldo disse para ele entrar em contato com Felix, pois ele sabia um caminho clandestino que não passava pela fiscalização. Diante do receito demonstrado por RAFAEL, ficou comprovado que o mercúrio foi obtido por Luan de forma ilegal. Após algumas mensagens, no mesmo dia, Rafael enviou o comprovante do pagamento da MULTI COMÉRCIO”, cita a polícia.
Operação Hermes
Polícia Federal investiga o comércio ilegal de mercúrio para extração de ouro. Foram 35 mandados de busca e apreensão nas cidades de Cuiabá, Poconé, Peixoto de Azevedo, Cáceres, Alta Floresta, Pontes e Lacerda, Nossa Senhora do Livramento e Nova Lacerda, além dos estados do Amazonas, Rio de Janeiro e São Paulo.
Segundo a investigação policial, o filho do governador, Luis Antonio Taveira Mendes, compõe o núcleo de compradores do esquema com outras 26 pessoas. No pedido de prisão temporária contra Luis Antônio Mendes, a PF também solicitou as prisões de Valdinei Mauro de Souza, o Nei Garimpeiro, Filadelfo dos Reis Dias e mais 10 pessoas.
Acusado de tentativa de homicídio
Em março de 2013, Filadelfo se entregou à polícia uma semana depois de ter a prisão decretada pelo desembargador Rondon Bassil Dower Filho. Ele foi solto no mesmo dia, por recurso deferido pela Justiça. A prisão do empresário foi decretada devido à suspeita de que teria planejado a execução de seu ex-sócio, Valdinei Moura de Souza, mais conhecido como “Nei do garimpo”, após desavença comercial entre eles.
Atentato ocorreu em uma fazenda, no Distrito de Praia Grande, em Várzea Grande. Nei estava em uma caminhonete blindada e, por isso, não foi atingido pelos tiros. Ao menos 30 disparos foram feitos contra o veículo.
Lava Jato
Empresário de mineração já foi alvo da 21ª Operação Lava Jato por suspeita de lavagem de dinheiro. Segundo as investigações, ele e outros acusados praticaram crimes como infração antecedente à lavagem de capitais, possível crime contra a ordem tributária e crime contra a administração da Justiça.
Filadelfo já foi investigado na Operação Ararath e alvo das delações premiadas do ex-governador Silval Barbosa e do ex-deputado José Geraldo Riva.
Reportagem tentou contato com Filadelfo, mas até o momento não obteve retorno.
Fonte: gazetadigital