OMS apela por US$ 23 bilhões para encerrar pandemia em 2022

OMS apela por US$ 23 bilhões para encerrar pandemia em 2022
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Contribuição de países mais ricos poderia pôr fim à emergência sanitária ainda este ano. Desigualdade na distribuição de vacinas e testes prolonga pandemia e favorece surgimento de novas variantes, afirmam autoridades

A Organização Mundial da Saúde (OMS) apelou nesta quarta-feira (09/02) para que os países mais desenvolvidos e ricos aportem 23 bilhões de dólares (cerca de R$ 121,2 bilhões), num financiamento que poderia “colocar fim na emergência global pela pandemia em 2022”.

Ao lançar a campanha, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, lembrou que “as doenças não conhecem fronteiras” e a variante ômicron mostrou que “qualquer sensação de segurança pode mudar em um momento”.

A maior parte do montante, cerca de 16 bilhões de dólares, seria para o Access to Covid Tools Accelerator (ACT-A), iniciativa criada pela OMS e outras organizações internacionais em 2020 para melhorar o acesso dos países em desenvolvimento às vacinas, tratamentos, testes, etc. O projeto Covax para distribuição justa de vacinas contra o coronavírus faz parte da iniciativa e entregou sua bilionésima dose em janeiro.

Com o dinheiro, a OMS visa adquirir 600 milhões de doses de imunizantes contra covid-19, 700 milhões de testes, tratar 120 milhões de pacientes e oferecer equipamentos de proteção para 1,7 milhão de profissionais de saúde, especialmente em países com redes sanitárias mais frágeis.

Além disso, as verbas financiariam testes clínicos de tratamento e vacinas contra a covid-19, num momento em que a onda global provocada pela variante ômicron dá sinais de recuo. Do valor, 6,8 bilhões de dólares seriam dedicados aos custos de envio dos materiais.

Desigualdade prolonga a pandemia

Há meses, a OMS adverte que a desigualdade entre os países é perigosa, pois pode favorecer o surgimento de novas cepas do coronavírus, inclusive, mais nocivas.

“Se quisermos garantir vacinas a todos, para acabar com esta pandemia, devemos primeiro injetar justiça no sistema”, disse o secretário-geral da ONU, António Guterres, ao apoiar a campanha. “A desigualdade nas vacinas é a maior falha moral de nossos tempos, e os cidadãos e os países estão pagando o preço”, acrescentou.

Em países de baixa renda, apenas 10% da população foi vacinada.Foto: SIPHIWE SIBEKO/REUTERS

A OMS destacou que, nos países de baixa renda, apenas 10% da população foi vacinada contra a covid-19 e o acesso às ferramentas de detecção é ainda menor: dos 4,7 bilhões de testes realizados no mundo, apenas 22 milhões foram feitos nas economias mais pobres, ou seja, 0,4%

“A cada mês que o apoio é atrasado, a economia mundial corre perigo de perder quatro vezes mais que o investimento que ACT-A precisa”, indica comunicado emitido pela OMS.

Em 2021, a iniciativa redistribuiu aos países mais pobres cerca de 1 bilhão de vacinas contra a covid-19, 200 milhões de testes e equipamentos de proteção pessoal avaliados em 764 milhões de dólares.

Países mais ricos contribuiriam mais

O ACT-A apresentou um novo modelo de financiamento, informando sobre quanto cada um dos países ricos do mundo deve contribuir, com base no tamanho de suas economias e no que ganhariam com uma recuperação mais rápida da economia global.

O presidente sul-africano Cyril Ramaphosa, que copreside o conselho de facilitação do ACT-A, declarou que o acesso desigual às ferramentas contra covid-19 está prolongando a pandemia: “Peço aos meus colegas líderes que se solidarizem, cumpram suas partes justas e ajudem a recuperar nossas vidas desse vírus”, disse.

Ramaphosa e o outro copresidente, o primeiro-ministro norueguês, Jonas Gahr Store, escreveram para 55 das nações mais ricas, estipulando sua “quota justa” e encorajando-as a contribuir. O plano exigiria, por exemplo, que os Estados Unidos contribuíssem mais, com US$ 6 bilhões.

“A saúde pública não termina em nossas fronteiras. Todos nós estamos em risco e todos nós devemos responder para virar a maré. Vamos fazer isso”, comentou o secretário de Saúde dos EUA, Xavier Becerra.

Países ricos administram 14 vezes mais vacinas que nações pobres.

Segundo Ramaphosa, os países ricos administraram 14 vezes mais doses de vacinas contra covid-19 e realizaram 80 vezes mais testes do que os de baixa renda. Na África, apenas 8% da população está totalmente vacinada. Enquanto muitos países ricos lançam terceiras ou mesmo quartas doses de reforço, muitos profissionais de saúde vulneráveis ​​e idosos na África “permanecem desprotegidos”: “O fim desta pandemia está à vista, mas apenas se agirmos juntos por equidade e solidariedade.”

O apelo surge no momento em que muitos países ocidentais ricos – considerados doadores-chave para a OMS – vêm diminuindo as restrições para combater a pandemia, após uma baixa nos casos.

Números em declínio

O relatório epidemiológico semanal da OMS, divulgado na terça-feira, mostrou que a contagem de casos caiu 17% em todo o mundo, na última semana, incluindo um declínio de 50% nos Estados Unidos. As mortes diminuíram 7%, globalmente.

“Dependendo de onde se mora, pode parecer que a pandemia de covid-19 está quase acabando, ou pode parecer que está no seu pior momento”, disse o diretor-chefe da OMS. “Sabemos que esse vírus continuará a evoluir, mas não estamos indefesos”, acrescentou. “Temos as ferramentas para prevenir esta doença, testá-la e tratá-la.”

A ômicron representou quase 97% de todos os casos registrados pela plataforma internacional de rastreamento de vírus Gisaid. Pouco mais de 3% eram da variante delta.

Ao todo, a OMS relatou mais de 19 milhões de novos casos de covid-19 e pouco menos de 68 mil mortes, de 31 de janeiro a 6 de fevereiro. No entanto, especialistas estimam que o número real de infecções e de óbitos seja muito maior.

A contagem de casos só não caiu na zona leste do Mediterrâneo, que registrou um salto de 36%, principalmente com aumentos no Afeganistão, Irã e Jordânia.

Na Europa, houve uma queda de 7% nas infecções, liderada por diminuições substanciais na Bélgica, França, Itália e Espanha. Na Europa Oriental, porém, houve altas em países como Azerbaijão, Belarus e Rússia. Nas Américas, a contagem caiu 36%, com os Estados Unidos relatando 1,87 milhão de novos casos, uma queda de 50% em relação à semana anterior.

Fonte:     dw.com


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