Na avaliação de policiais, novos elementos reforçam o envolvimento do ex-presidente com minuta golpista
A Polícia Federal prevê concluir, no início de novembro, a investigação sobre a participação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de aliados em uma tentativa de golpe de Estado, que culminou com os ataques de 8 de janeiro de 2023.
O relatório final da PF deve apresentar novas mensagens encontradas em aparelhos eletrônicos pessoais de investigados.
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Na avaliação de policiais, esse material confirma e reforça o envolvimento do ex-presidente na elaboração de uma minuta golpista discutida em reuniões realizadas no Palácio da Alvorada após a eleição de 2022, quando Bolsonaro saiu derrotado das urnas.
Depoimentos à PF revelaram reuniões entre autoridades para uma tentativa de golpe de Estado no Brasil.
O relatório da PF vai encerrar o inquérito das milícias digitais, que já gerou outros dois relatórios com indiciamentos: um sobre a falsificação de cartões de vacinação e outro sobre desvios de presentes dados por autoridades estrangeiras no Governo Bolsonaro, como as joias da Arábia Saudita.
A terceira parte — a da tentativa de golpe de Estado — demorou mais, segundo uma fonte a par da investigação, porque foi necessário cruzar os dados com os de outro inquérito que corre em paralelo na PF, o que apura arapongagem ilegal na Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
As investigações sobre a Abin apontaram que agentes públicos usaram a agência para espionar adversários de Bolsonaro, com o objetivo de criar e espalhar fake news.
Essas notícias falsas são um ponto de intersecção entre os dois casos: Abin e milícias digitais.
A conclusão das investigações demorou mais que o esperado também porque a PF teve que aguardar a perícia extrair as mensagens dos celulares e computadores apreendidos nas operações de busca já realizadas.
Alguns suspeitos não entregaram as senhas dos equipamentos, o que atrasou os trabalhos.
ANDAMENTO NA PGR – As duas partes do inquérito das milícias digitais já finalizadas pela PF — joias e vacina — estão em análise na Procuradoria-Geral da República (PGR), desde julho deste ano.
No caso da falsificação dos cartões de vacinação, a PF havia apresentado um primeiro relatório em março, mas a PGR pediu informações complementares, que já foram entregues.
A partir do relatório com os indiciamentos, a PGR pode pedir à polícia novas diligências, arquivar o inquérito ou apresentar denúncia ao Supremo Tribunal Federal (STF).
O blog apurou que a PGR ainda não se pronunciou sobre as investigações das joias e da falsificação dos cartões de vacinação porque aguarda a parte final do inquérito, sobre a tentativa de golpe.
O procurador-geral, Paulo Gonet, tem dito a interlocutores que uma eventual denúncia contra o ex-presidente precisa ser robusta.
Por isso, o órgão deve analisar em conjunto todas as provas reunidas pelo inquérito das milícias digitais antes de se manifestar.
É provável que haja uma única denúncia ao STF, ligando todas as pontas do inquérito: a falsificação dos cartões de vacinação contra Covid serviria para Bolsonaro e aliados entrarem nos EUA, enquanto a venda das joias serviria para levantar recursos para o então presidente esperar no exterior a concretização do golpe de Estado.
De acordo com a PF, tudo feito por um mesmo núcleo de pessoas investigadas, o que configuraria uma organização criminosa.
Fonte: diariodecuiaba.com.br