“Não somos más pessoas por não querer que fechem a usina e nem defendemos que o planeta se exploda. Não somos contra o planeta.” Com essas palavras, uma moradora e empresária de Candiota, no Rio Grande do Sul, defende a produção de energia através do carvão mineral – uma posição que parte da comunidade científica considera insustentável Candiota, um município de 10,7 mil habitantes próximo à fronteira com o Uruguai, depende economicamente do carvão, o combustível fóssil que mais contribui para a emissão de gases de efeito estufa. Em meio ao compromisso do Brasil de zerar suas emissões líquidas até 2050, a cidade enfrenta o medo de que a transição energética chegue antes que se encontre alternativas de sustento para a região. O repórter Leandro Prazeres foi até a essa cidade, que abriga a maior mina de carvão mineral do país, com reservas estimadas em 1 bilhão de toneladas, e visitou as suas duas usinas termelétricas. Nessa reportagem, ele entrevistou moradores e autoridades para entender o dilema de uma cidade que, especialmente após as recentes enchentes no Rio Grande do Sul, teme se tornar um “bode expiatório” no debate sobre mudanças climáticas.
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