Um estudo publicado recentemente na revista Geophysical Research Letters aponta que as mudanças climáticas dobraram a probabilidade de um aquecimento extremo dos oceanos perto do Japão nas últimas duas décadas
De acordo com a pesquisa, conduzida por cientistas do Instituto Nacional de Estudos Ambientais do país, o calor recorde no noroeste do Pacífico em agosto de 2020 não teria ocorrido sem mudanças climáticas induzidas pelo homem.
Segundo o site Earth, a Agência Meteorológica do Japão (JMA) documentou temperaturas de superfície do mar (SST, na sigla em inglês) recordes novamente em julho e outubro de 2021 e de junho a agosto de 2022.
“Os impactos do aquecimento global não são uniformes, mas mostram diferenças regionais e sazonais”, disse o coautor do estudo Hideo Shiogama. “Uma análise abrangente sobre as SSTs regionais por um longo período pode fornecer uma compreensão quantitativa do volume de condições oceânicas perto do Japão que será afetado pelo aquecimento global. Isso informa melhor os formuladores de políticas para planejar estratégias de mitigação e adaptação das mudanças climáticas”.
Shiogama explicou que a pesquisa foi focada em dez áreas de monitoramento utilizadas operacionalmente pela JMA, revelando que as mudanças observadas na temperatura da superfície do mar de 1982 a 2021 foram bem reproduzidas por 24 modelos climáticos em quase todas, exceto em uma das regiões monitoradas.
“No clima atual, todos os eventos extremos de aquecimento dos oceanos estão ligados ao aquecimento global”, disse a coautora Michiya Hayashi. “Descobrimos que a probabilidade de ocorrência de quase todos os eventos extremos de aquecimento do oceano já dobrou pelo menos desde os anos 2000 do que a era pré-industrial. Aumentou mais de dez vezes em casos consideráveis desde meados da década de 2010, especialmente no sul do Japão”.
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Usando modelos climáticos desenvolvidos, os pesquisadores estimaram a probabilidade de superar o recorde mensal de altas temperaturas da superfície do mar ao redor do Japão em níveis de aquecimento global de zero a dois graus Celsius.
“Uma vez que o aquecimento global atinja 2°C, espera-se que todas as áreas de monitoramento experimentem SSTs mais quentes do que os níveis mais altos do passado, pelo menos a cada dois anos”, disse Tomoo Ogura, outro coautor do estudo. “Limitar o aquecimento global abaixo de 1,5°C é necessário para não ter as condições de calor recordes nos mares marginais do Japão como o novo clima normal”.
Fonte: olhardigital.com.br