O “cacique” do MDB, ex- deputado federal Carlos Bezerra, sinalizou que o partido vai “brigar” para manter-se no comando da Prefeitura cuiabana e Eduardo Botelho, se deixar mesmo o União Brasil, vai ser o candidato dos sonhos dos partidos de centro- direita
As eleições municipais em Cuiabá em 2024 começam a ganhar contornos claros de um jogo de xadrez disputado entre mestres na arte de fazer a política de bastidores.
As articulações para a definição dos candidatos ainda seguem embaralhadas enquanto novas peças são movidas pelos principais jogadores.
A última jogada partiu do cacique do MDB, ex- deputado federal Carlos Bezerra que anunciou que o partido vai “brigar” para manter o comando do Palácio Alencastro sob controle ou no mínimo, a influência direta da legenda.
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O posicionamento de Bezerra, que acabou de ter renovado seu mandato como presidente da legenda emedebista no estado, ao anunciar que o partido pode até lançar candidato próprio à sucessão cuiabana, reforçou de forma consistente os movimentos que o prefeito Emanuel Pinheiro tem feito para se manter como ponte nas articulações dos partidos de esquerda e centro-esquerda.
Até aqui, Emanuel Pinheiro tem colocado o nome de seu vice-prefeito, José Roberto Stopa, que é do PV, partido que integra a Federação de Esquerda com o PT e o PcdoB, como seu candidato favorito pela esquerda na corrida sucessória que se avizinha. No entanto, nada impede que, por influência de Carlos Bezerra, uma mudança completa de posição seja adotada pelo gestor em favor de um nome de dentro da própria legenda.
As declarações de Bezerra colocaram em xeque a resistência da deputada Janaina Riva. A parlamentar é contra o MDB ter candidato à prefeitura cuiabana e mais ainda, de apoiar algum candidato que se alinhe às bandeiras de esquerda – leia-se qualquer partido que apoie o governo do presidente Lula.
“Qualquer partido gostaria de ter um candidato a prefeito de Cuiabá. Isso nós vamos discutir mais para frente. Se conseguir a possibilidade de uma candidatura própria, um tanto melhor, mais fácil. Agora, eu não sei, o futuro é quem vai dizer. A candidatura própria não está descartada”, disse o ex-deputado.
CANDIDATO DOS SONHOS
Com convites para trocar o União Brasil feitos pelo PSD, PSB, PL e até pelo MDB, o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Eduardo Botelho já é apontado como o “candidato dos sonhos” tanto pelas lideranças dos partidos de centro-direita quanto de centro- esquerda. No entanto, o deputado e pré- candidato a Prefeitura de Cuiabá, segue mantendo em “banho Maria” os partidos enquanto aumenta dia a dia a pressão a direção estadual da sua própria legenda que resiste em chancelar seu nome para a disputa.
Caso venha, de fato, a deixar o UB, Eduardo Botelho se converterá imediatamente no principal adversário a ser batido por todos os demais candidatos à sucessão de Emanuel Pinheiro. É o que apontam os principais analistas e observadores políticos no estado.
O presidente da ALMT se converteu em um fenômeno eleitoral na capital ao descolar totalmente seu nome de grupos políticos consolidados e de partidos políticos. Para os eleitores de Cuiabá, não importa para qual sigla eleitoral Botelho venha a migrar. Em qualquer situação, ele figura como um forte candidato à prefeito.
A última pesquisa eleitoral realizada em Cuiabá Instituto MT Dados entre os dias 08 a 12 de julho de 2023, indicou Botelho como o pré- candidato preferido entre os entrevistados. Segundo a pesquisa, o deputado teria 23% dos votos superando em um ponto percentual o deputado federal de extrema direita, Abílio Brunini (PL) que teria alcançado 22% da preferência.
A vantagem de Botelho, ainda apertada em relação à Brunini, se alarga quando os adversários diretos passam a ser nomes de outros partidos, notadamente da esquerda. Caso o candidato da Federação de Esquerda seja o deputado estadual Lúdio Cabral, pela pesquisa do MT Dados, Botelho teria mais que o dobro de vantagem, pois o petista ficaria com apenas 9% dos votos, e Fábio Garcia (UB), preferido do governador Mauro Mendes, teria meros 5% da preferência do eleitorado cuiabano, por exemplo.
A mesma pesquisa mostrou ainda que, em caso de um eventual segundo turno, contra qualquer adversário, a vitória de Eduardo Botelho seria praticamente certa se as eleições fossem hoje. Em um possível segundo turno entre Botelho e Abílio, o deputado estadual seria vencedor com 29% dos votos, contra 26%. Numa disputa direta com o petista Lúdio, Cabral, Botelho venceria por 34% contra 11%. Contra Fábio Garcia em um segundo turno, Botelho também sairia vencedor com 33% contra 8% e se o candidato fosse José Roberto Stopa, o deputado bateria o adversário por 35% a 6% dos votos.
Os analistas políticos dizem que, todos estes cenários, ainda são construções hipotéticas que podem ou não se concretizar no ano que vem. Muitos são os fatores que influenciam nos resultados de uma eleição.
O fato concreto, no entanto, é que já não há como se pensar uma eleição na capital para prefeito sem considerar o fator Botelho e, notadamente, a influência do MDB que está ancorada para o bem e para o mal na gestão do prefeito Emanuel Pinheiro.
Seja Botelho, seja Brunini, seja a Federação de Esquerda, todos terão que armar suas estratégias e campanhas futuras considerando em qual trincheira o MDB irá estar.
Fonte: copopular.com.br