Neste ano, 20 já foram mortas, 4.442 agredidas e 9.221 ameaçadas. Cuiabá é 1º lugar nesse pódio vergonhoso, com 20 mortes
Sabe-se que para medir uma dor é necessário senti-la. Senti-la literalmente, no corpo ou na alma.
Então, já que só se pode imaginar a dor do outro, se poderia, pelo menos, indignar-se, solidarizar-se, cobrar ação e agir em defesa.
E neste mês, a Lei Maria da Penha (11.340/2006), um dos principais mecanismos de defesa da mulher vítima de violência doméstica, completou 18 anos.
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Mas, em que pese todos os mecanismos criados, debates, campanhas, como a campanha “Agosto Lilás”, que está em curso, as mulheres continuam vítimas de uma violência que há muito tempo tomou contornos de epidemia.
Nesta reportagem, o DIÁRIO expõe essa violência em números, como forma de provocação ao estarrecimento, vergonha, indignação e, principalmente, adoção de medidas pelo fim dessa situação inaceitável.
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Cuiabá ocupa o primeiro lugar nesse pódio vergonhoso, com 20 feminicídios, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública
No ano passado, o Brasil contabilizou 1.463 feminicídios, o que significa uma mulher sendo morta a cada 6 horas em decorrência da violência de gênero, violência doméstica e familiar, menosprezo ou discriminação à condição de serem do sexo feminino.
No mesmo ano, o país registrou 258.941 casos de mulheres vítimas de lesão corporal dolosa, ou seja, intencional.
Em Mato Grosso, 46 mulheres morreram vítimas de feminicídios no ano de 2023.
No primeiro semestre deste ano, até junho, já são 20 casos.
Nos últimos cinco anos e meio, entre janeiro de 2019 e junho de 2024, as estatísticas somaram 257 mato-grossenses vitimadas por feminicídios.
Essas mortes ocorreram em 82 dos 142 municípios, segundo dados do Observatório da Segurança Pública, órgão da Sesp-MT.
Cuiabá, a capital, ocupa o primeiro lugar nesse pódio vergonhoso, com 20 feminicídios.
O segundo lugar é ocupado por Rondonópolis, com 16 registros.
Sinop e Sorriso, cada uma com 15 feminicídios, aparecem na terceira posição.
Logo atrás surgem Várzea Grande, com 11; Cáceres, com 10 mortes, e Lucas do Rio Verde, com 8.
Dados do Observatório também apontam que, entre janeiro e dezembro de 2023, 10.090 mulheres, 28 a cada 24 horas, foram vítimas de lesão corporal dolosa (leia-se espancadas).
Nesse mesmo ano, 18.958 – 52 a cada 24 horas – denunciaram que sofreram ameaças de morte.
E neste ano de 2024, de janeiro a junho, já são 4.442 – 124 ao mês – registros de atendimentos de mulheres vítimas de lesão corporal
Dados do Observatório também apontam que, entre janeiro e dezembro de 2023, 10.090 mulheres, 28 a cada 24 horas, foram vítimas de lesão corporal dolosa
As denúncias de ameaças fecharam o semestre com 9.221 ocorrências, ou seja, 1.553 ao mês.
Em 2011, a Pesquisa Avon apontou que 46% das pessoas entendem que a violência doméstica contra a mulher acontece principalmente por questões culturais.
E uma dessas questões seria, conforme a pesquisa, que muitos homens ainda se acham “donos” das mulheres.
Obs: Os dados de violência contra a mulher referentes ao Estado de Mato Grosso expostos nessa reportagem são públicos e estão disponíveis para consulta no site: www.sesp.mt.gov.br, no link Estatísticas.
Números para denunciar violência doméstica: 181, 190 e 197.
Fonte: diariodecuiaba.com.br