Estado [e o segundo com a maior área de desmatamento para pastagem, conforme dados do MapBiomas
Mato Grosso está entre os cinco estados brasileiros com as maiores áreas de desmatamento para conversão em pastagem entre 1985 e 2022. No Estado, 15,5 milhões de hectares da vegetação nativa foram transformados em pastos nessas últimas décadas.
A extensão só é menor que a área alcançada pelo Pará, com 18,5 milhões de hectares formados.
É o que revelam novos dados do “Mapeamento Anual do Uso e Cobertura da Terra no Brasil”, divulgados ontem (6), pelo MapBiomas, uma rede do Observatório do Clima composta por pesquisadores de universidades, organizações não-governamentais (ongs) e empresas de tecnologia.
Segundo o levantamento, em terceiro no ranking está Rondônia (7,4 milhões de hectares), seguido do Maranhão (5,4 milhões de hectares) e Tocantins (4,5 milhões de hectares), estados da Amazônia e do Matopiba, uma das principais fronteiras do desmatamento atualmente.
Os dados mostram ainda que a área ocupada pela agropecuária no Brasil cresceu 50% nesse período, avançando sobre 95,1 milhões de hectares, extensão superior a Mato Grosso, terceiro maior estado brasileiro.
Em 1985, a atividade respondia por pouco mais de um quinto (22%) da área do Brasil, ou 187,3 milhões de hectares. Em quase quatro décadas essa área saltou para 282,5 milhões de hectares, ou um terço do território nacional. Desse total, 58% são de pastagens, que tiveram um crescimento de mais de 60% entre 1985 (103 milhões de hectares) e 2022 (164,3 milhões de hectares).
Boa parte desse crescimento se deu na Amazônia, onde as áreas de pasto ocupavam 13,7 milhões de hectares em 1985 e saltaram para 57,7 milhões de hectares em 2022. O avanço constante das pastagens sobre vegetação nativa levou a Amazônia a ultrapassar o Cerrado onde houve um leve declínio, de 55 milhões de hectares de pastos para 51,3 milhões de hectares, no decênio entre 2013 e 2022.
“Especificamente sobre o mapeamento das pastagens nos chamam a atenção, em primeiro lugar, a área ocupada por essa classe de uso. Estamos falando em cerca de 20% do território nacional. É igualmente relevante o fato de que toda a área já desmatada no Brasil, cerca de 90% são pastagem ou foram pastagem em algum momento. Quanto à dinâmica da pastagem é notável o avanço e migração dessas áreas em direção à região norte do país”, disse o professor Laerte Ferreira, da Equipe de Mapeamento.
AGRICULTURA – No mesmo intervalo, os cinco estados com maiores áreas de desmatamento para conversão direta para agricultura foram Mato Grosso (3 milhões de hectares), Rio Grande do Sul (2,6 milhões de hectares), Bahia (1,8 milhão de hectares), Maranhão (790 mil hectares) e Goiás (550 mil hectares).
No caso do desmatamento para pastagens que posteriormente foram convertidas em áreas agrícolas, a liderança fica com São Paulo (2 milhões de hectares), seguido por Mato Grosso do Sul (1,2 milhão de hectares), Rio Grande do Sul e Mato Grosso (1,1 milhão de hectares cada) e Paraná (1 milhão de hectares).
“O avanço mais recente da agricultura temporária ocorreu principalmente nos biomas Cerrado e Amazônia, sendo que, neste último, a soja passou a ganhar relevância nas duas últimas décadas, passando de cerca de 1 milhão de hectares para atuais 7 milhões de hectares”, revela.
Fonte: diariodecuiaba.com.br