Sorriso, a 420 km de Cuiabá, registrou a maior taxa de estupros de vulneráveis do Brasil em 2023, com 113,9 casos por 100 mil habitantes, segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública divulgado na quinta-feira (18).
A cidade, localizada no estado de Mato Grosso, destaca-se de forma alarmante no cenário nacional, refletindo uma crise crescente de violência sexual contra menores de idade. O relatório anual revela que, em média, ocorre um estupro a cada seis minutos no Brasil, com um aumento de 91,5% nos casos desde 2011. Em 2023, foram registrados 83.988 casos de estupro, dos quais 76% foram classificados como estupro de vulneráveis, envolvendo vítimas com idade entre 0 e 13 anos.
Os dados do Anuário mostram que a maioria das vítimas de estupro de vulneráveis são meninas negras, com 88,2% do total sendo do sexo feminino e 52,2% sendo negras. Além disso, 61,6% das vítimas tinham até 13 anos de idade. A violência ocorre predominantemente em ambientes domésticos, com 64% dos agressores sendo familiares da vítima.
Para vítimas de 14 anos ou mais, 31,2% dos agressores são familiares, 28,1% são parceiros íntimos e 13,2% são conhecidos. Esses números destacam a gravidade da violência doméstica e a necessidade urgente de intervenções mais eficazes.
Além dos números preocupantes de estupros, Mato Grosso também registrou um aumento significativo na taxa de lesão corporal dolosa em contextos de violência doméstica contra crianças e adolescentes. Outros estados com altas taxas incluem Minas Gerais, Paraná, Rondônia, Roraima e Santa Catarina.
A violência sexual contra menores de idade ocorre majoritariamente em residências (52,1%), seguida por vias públicas (20,5%). Outros locais incluem áreas rurais, sítios, fazendas, estabelecimentos comerciais e até hospitais.
Além de Sorriso, outras cidades com altas taxas de estupro:
- Porto Velho (RO) com 113,6 casos por 100 mil habitantes
- Boa Vista (RR) com 110,5 casos por 100 mil habitantes
- Itaituba (PA) com 100,6 casos por 100 mil habitantes
- Dourados (MS) com 98,6 casos por 100 mil habitantes
O abuso infantil no Brasil continua a ser um problema grave, com muitas crianças sofrendo maus-tratos que evoluem para lesões corporais na adolescência. Entre 2022 e 2023, 29,4 mil crianças e adolescentes foram vítimas de violência doméstica, com 60,9% dessas vítimas tendo no máximo 9 anos.
Os casos de maus-tratos incluem abandono de incapaz (22,0%), abandono material (34,0%), pornografia infanto-juvenil (42,6%), exploração sexual infantil (24,1%) e subtração de crianças e adolescentes (28,4%). As agressões domésticas contra crianças de 0 a 4 anos são particularmente preocupantes, atingindo 58,3%.
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Fonte: cenariomt.com.br