É a segunda vez que tenente do Corpo de Bombeiros responde por supostos abusos em treinamentos
A tenente do Corpo de Bombeiros Izadora Ledur, ré pelo crime de tortura
A Justiça recebeu nova denúncia do Ministério Público Estadual (MPE) e tornou ré a tenente do Corpo de Bombeiros, Izadora Ledur, pelo crime de tortura, desta vez contra o aluno Maurício Junior dos Santos.
A decisão é assinada pelo juiz Marcos Faleiros, da 11ª Vara Criminal de Cuiabá, e foi publicada nesta segunda-feira (7).
O magistrado agendou para o dia 17 de março uma sessão para sortear os quatro juízes militares que irão compor o Conselho de Sentença para atuar na ação penal contra a tenente.
Esta é a segunda vez que Ledur responde processo por supostos abusos em treinamentos no Corpo de Bombeiros.
Em 2016, ela foi denunciada pelo mesmo crime contra o aluno Rodrigo Claro, que morreu após um treinamento aquático sob sua supervisão, na Lagoa Trevisan, naquele ano.
Em setembro de 2020, cinco anos após o fatos, o Conselho, por maioria, desclassificou o crime de tortura para maus-tratos e a condenou a um ano de prisão.
Além de proferir palavras ofensivas, utilizando a corda da boia ecológica iniciou uma sessão de afogamentos, submergindo-a por diversas vezes
Maurício dos Santos, inclusive, testemunhou contra a tenente sobre a morte de Rodrigo Claro.
Nova denúncia
De acordo com o MPE, o crime contra Maurício dos Santos também ocorreu em 2016 durante um treinamento aquático na Lagoa Trevisan, que também tinha como instrutora responsável a tenente Ledur.
Na ocasião, conforme o Ministério Público, a vítima começou a sentir câimbras e precisou ser auxiliada por outros alunos.
Ocorre que, já no meio do percurso, a oficial teria ordenado que os demais alunos seguissem com a travessia, deixando Maurício para trás.
“A partir daí, como forma de aplicar castigo pessoal, a denunciada passou a torturar física e psicologicamente a vítima, quando, além de proferir palavras ofensivas, utilizando a corda da boia ecológica iniciou uma sessão de afogamentos, submergindo-a por diversas vezes”, diz trecho da denúncia.
“Ato contínuo, após alguns ‘caldos’, o ofendido já sem forças para emergir e respirar, depois de ter engolido muita água e gritado por socorro, veio a segurar os braços da imputada 1º Ten BM Izadora Ledur de Souza Dechamps, implorando para que ela cessasse a atividade”, diz outro trecho do documento.
“A denunciada, por sua vez, além de a repreender gritando: ‘Você está louco? Aluno encostando em oficial’, só interrompeu a sessão de afogamento quando a vítima perdeu a consciência”, aponta a denúncia.
Pouco tempo depois, conforme o MPE, o aluno acordou desesperado, já nas margens da lagoa, vomitarndo bastante água.
“Se não bastasse, mesmo a vítima apresentando esgotamento físico e mental, a denunciada exigia, aos gritos, que Maurício retornasse para a água. Em seguida, por sentir fortes dores de cabeça, temendo por sua vida, a vítima não retornou às atividades aquáticas”, diz a denúncia.
Ainda segundo o Ministério Público, momentos depois, o aluno desmaiou novamente, e foi encaminhado à Policlínica do Coxipó.
“Relevar consignar, ainda, que, conforme prontuário de atendimento médico, o ofendido ‘foi submetido a esforço físico desgastante, sofreu desmaio, vômitos, 3 episódios, tremor e dor torácica’, finaliza a denúncia.
Para o MPE, a autoria do crime de tortura está demonstrada pelo pontuário médico, testemunhas e outros documentos.
Ledur volta a ser denunciada por acusação de tortura a um aluno
Fonte: midianews.com