No Estado, a saca de soja é vendida entre R$ 80 a R$ 105, mas conta não fecha nem para quem teve uma boa colheita
Imagine um ano em que dá tudo errado para os produtores rurais.
Quando estava na hora de plantar a soja, na maior parte do país, a umidade era insuficiente, enquanto no Sul do país chovia em demasia.
Com receio de não prejudicar o plantio da segunda safra de milho, que vem logo em seguida, alguns semearam a soja com pouca umidade no solo, que acabou não vingando.
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Na ânsia de plantar, colher e pagar uma parte das contas para diminuir o prejuízo, produtores fizeram dois e até três replantios, tendo gastos extras com sementes, defensivos, combustíveis e mão de obra.
Para alívio dos agricultores as chuvas chegaram, mas em volume maior do que o esperado em algumas regiões.
Era tanta água que os trabalhos de colheita ficaram prejudicados, até impediam a entrada das máquinas no campo.
Com o excesso de umidade vieram também doenças, como a ferrugem asiática, anomalias e pragas como a mosca branca, que derrubaram a produtividade.
Todo este cenário negativo derrubou a produção e a produtividade.
A safra de soja 2023/24 deve quebrar em 21% Mato Grosso, de acordo com pesquisa feita pela Aprosoja MT.
Em janeiro, o Governo de Tocantins decretou situação de emergência em decorrência da estiagem.
A Aprosoja TO estima, ao menos, 20% de perda na safra de soja 2023/24.
Em fevereiro, foi a vez do Governo de Goiás decretar emergência em 25 municípios.
As projeções da Aprosoja GO indicam redução de pelo menos 15% no potencial produtivo em relação às estimativas iniciais, que eram atingir 17,5 milhões de toneladas.
O chamado veranico também atingiu partes do Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul.
O Rio Grande do Sul, atingido por estiagens durante três safras seguidas, desta vez, teve uma safra melhor, mas o resultado a ser alcançado ainda é uma incógnita.
Mas o pior não foi a quebra da produção, foi a queda dos preços, que traz ainda mais dificuldade para os produtores pagarem os investimentos e honrar compromissos.
Em Mato Grosso, a saca de soja está sendo vendida entre R$ 80 a R$ 105, de tal sorte que, mesmo para os que tiveram uma boa colheita, a conta não fecha.
Evidentemente, se o mercado refletisse a realidade das lavouras, frente à grande demanda mundial pela oleaginosa, os preços estariam apresentando um comportamento inverso ao atual e reduzindo, em parte, os prejuízos causados pelo clima nesta safra. Infelizmente, como de costume, os dados da safra são superestimados artificialmente, baseados no cenário mais otimista, com benefício aos compradores e prejuízo aos produtores e ao país.
A Aprosoja Brasil mantém sua estimativa de, aproximadamente, 135 milhões de toneladas, pois os relatos dos produtores refletem a realidade vivida no campo, que é muito diferente das estimativas atuais de empresas privadas e órgãos oficiais.
O que os produtores reportaram é que, mesmo nos cultivos que estavam visualmente em boas condições, os grãos não estão se desenvolvendo bem por conta de anomalias existentes, com redução do peso, e as colheitadeiras estão registrando uma produtividade bem menor do que foi estimada inicialmente.
De acordo com a entidade, o que está acontecendo na safra de soja 2023/2024, em praticamente todo o Brasil, preocupa milhares de brasileiros que dependem do desempenho da produção agrícola para produzir alimentos, honrar compromissos e gerar empregos.
A Aprosoja Brasil diz que já tem feito movimentações junto com a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), instituições financeiras e Ministério da Agricultura para que as soluções para socorrer os produtores estejam acessíveis o mais breve possível.
Fonte: diariodecuiaba.com.br