Sindicato diz que prefeito exonerou profissionais, mas não supriu a necessidade das UPAs e policlínicas
A rede pública de Saúde está à beira de um colapso na sua rede assistencial, devido ao número insuficiente de médicos para cobrir os plantões e os atendimentos ambulatoriais nas atenções primária, secundária e terciária, em Cuiabá.
Os furos nas escalas de plantão foram denunciados, no início desta semana, pelo Sindicato dos Médicos de Mato Grosso (Sindimed-MT).
Mas, o problema é reconhecido pela própria Secretaria Municipal de Saúde.
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O Sindimed-MT aponta que a Prefeitura exonerou vários profissionais, mas não teve agilidade para suprir a necessidade das UPAs e policlínicas, deixando falhas nas escalas de plantão.
Presidente do Sindimed-MT, Adeildo Lucena se mostrou perplexo com a situação.
“Tivemos acesso às escalas incompletas e ficamos chocados com o elevado número de falhas. Existem unidades com demandas altíssimas, onde deveriam ter três médicos para ser possível dar um atendimento de qualidade aos pacientes, mas, normalmente, tem apenas dois médicos, sendo que em muitos casos somente um médico está escalado”, disse o médico, por meio da assessoria de imprensa.
Um dos reflexos negativos são jornadas longas de trabalho.
“Isso gera sobrecarga de trabalho, desgaste do profissional o que causa prejuízo incontestável para a população assistida. O médico é um trabalhador que carrega uma responsabilidade muito grande no seu cotidiano e nada mais justo que ter estabilidade no exercício da sua profissão”, completou.
A categoria cobra a realização de concurso público.
Os profissionais que atuavam na rede municipal foram demitidos no mês passado, em cumprimento a uma decisão judicial, que determinou a convocação dos aprovados no processo seletivo realizado no início do ano.
A própria Prefeitura reconhece que os problemas já têm sido percebidos pelos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS).
Para substituir estes profissionais, a SMS fisse que realizou um processo seletivo simplificado, em janeiro deste ano, apenas para médicos.
Na ocasião, foram disponibilizadas 414 vagas imediatas, sendo 300 vagas para clínico geral e as demais, distribuídas pelas diversas outras especialidades médicas.
“Passaram no processo seletivo apenas 88 médicos, sendo 75 clínicos gerais e 13 médicos especialistas. Destes 88 médicos classificados, assumiram os cargos apenas 50 clínicos gerais e cinco médicos especialistas. Contudo, dos 55 médicos que assumiram, 30 já faziam parte do quadro da SMS como contratados e somente mudaram o vínculo para seletistas após o certame. Na prática, recebemos apenas 25 novos médicos na rede por meio do processo seletivo”, revelou a secretária municipal de Saúde, Suelen Alliend.
Com esse déficit de cerca de 350 médicos, fracasso no processo seletivo, impedimento de novas contratações temporárias e término de contrato dos profissionais, a quantidade de profissionais está diminuindo a cada dia.
“Por falta de equipe médica, houve a necessidade de bloquear 10 leitos de UTI no Hospital Pronto-Socorro Municipal de Cuiabá, o antigo PS. Nosso medo é ter demanda de pacientes para UTI e que não podermos utilizar estes leitos porque não temos profissionais para trabalhar, o que pode levar os pacientes ao óbito”, comentou.
De acordo com a secretária, o edital de um novo processo seletivo simplificado já está pronto e deverá ser publicado no Diário Oficial do município. em breve.
“Vamos realizar um novo certame para preenchimento das vagas sobressalentes. Mas é um processo que vai levar no mínimo 60 dias até começarmos a chamar os aprovados. Durante esse tempo teremos grandes dificuldades no atendimento médico. Decidimos fazer este alerta, para que possamos encontrar um meio junto à Justiça de evitar que o colapso por falta de profissionais aconteça na saúde pública municipal”, disse.
O Sindimed-MT alertou ainda que os emergencistas têm dificuldade para transferirem os pacientes para hospitais que tem os leitos de retaguarda para abrigar os pacientes após estabilização do quadro.
“O que o (prefeito) Emanuel Pinheiro fez foi transferir os problemas do antigo pronto socorro de Cuiabá para as UPAs e policlínicas, que hoje funcionam com escalas incompletas e acima da capacidade instalada. Sem leitos de retaguardas suficientes (velho problema em Cuiabá) muitas unidades têm superlotação com pacientes nos corredores”, afirmou Lucena.
Outra dificuldade apontada para a gestão completar as escalas são os pagamentos dos plantões extras.
Isso por que o pagamento desses plantões, segundo o sindicato, demora três meses para serem pagos e por esse motivo os médicos, não estão aceitando encarar uma jornada de mais 12 horas de trabalho duro para receberem três meses depois.
Fonte: diariodecuiaba.com.br