O projeto de Lei que equipara o aborto após 22 semanas de gestação ao crime de homicídio tem causado alvoroço em diversos setores da sociedade e também repercutiu entre os deputados na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT). A proposta polêmica seguiu sendo crítica pela maioria dos parlamentares por prever a prisão de mulheres que realizem o procedimento mesmo em caso de estupro.
O presidente da Casa de Leis, deputado Eduardo Botelho (União), defendeu que cabe a mulher tomar a decisão sobre o aborto “o mais rápido possível” nos casos em que a medida é considerada legal no país, como em situações de violência sexual.
Botelho ainda pontuou que defender uma proposta como essa seria “falta de bom senso e amor”. “Eu acho que criminalizar as mulheres foi um erro gritante. Vejo que esse PL nem vai mais para frente porque a opinião popular está pesando muito. As mulheres já são massacradas, são violentadas e agora querem criminalizar ainda mais as mulheres? Pelo amor de Deus, é falta de bom senso e até de amor cristão numa pessoa dessa”, pontuou.
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Presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (CCJ), deputado Júlio Campos (União), também criticou o fato do texto ter sido colocado em votação em regime de urgência, sem ser discutido internamente nas comissões da Câmara.
“Foi lamentável essa precipitação e maneira atabalhoada como foi discutido um assunto tão grave como é problema do aborto no Brasil. Conversando com o meu irmão, senador Jayme Campos, ele disse: ‘mesmo que a câmara cometesse esse erro gravíssimo, o Senado não iria aprovar’”, pontuou.
Já o deputado Valdir Barranco (PT) classificou a proposta como uma manobra política da oposição e sugeriu que o autor do PL, deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), “tome vergonha na cara”. “O deputado Sóstenes tem que tomar vergonha na cara. Como uma pessoa que ocupa um cargo tão importante quer utilizar-se da dor das crianças e mulheres para fazer um jogo político com o presidente da República? Agora, ele mesmo está vendo o revés que está sendo tomado”, opinou.
O deputado Gilberto Cattani, que é do mesmo partido de Sóstenes, foi uma das exceções em apoiar a matéria. Na AL, o bolsonarista é membro da Frente Parlamentar de Combate ao Aborto “Pró-Vida”, que tem como objetivo convencer mulheres a manter gestações indesejadas.
“Qualquer mulher que tem apresso a vida, ela sabe que não se trata de proteger o bandido ou marginal que a estuprou, mas sim de proteger a vida que está no ventre dela. Sou favorável ao PL. Ele não impede que seja feito o aborto legal até o 5º mês. Até temos um projeto que castra esses animais e a esquerda nunca deixou passar”, disse.
Fonte: gazetadigital.com.br