O deputado estadual Fábio Tardin falou da importância de políticos de Várzea Grande na Assembleia
Recém empossado deputado estadual, Fábio Tardin afirmou que Várzea Grande deverá ter um avanço com a presença de dois parlamentares da cidade na Assembleia.
Em entrevista ao MidiaNews, Tardin explicou que por muitos anos a população várzea-grandense “votou errado” e preferiu escolher políticos de outras cidades. No entanto, notou a mudança na última eleição em que foi o deputado mais votado na cidade.
“As pessoas entenderam o nosso recado, que precisamos ter um político que convive, que sente na pele a falta d’água, o problema do lixo… Porque é fácil você ir lá, pegar o voto em Várzea Grande e depois dar tchau para cidade”, afirmou.
A expectativa do parlamentar é que nas próximas eleições Várzea Grande consiga eleger ainda mais deputados para representar os interesses da cidade na Assembleia.
Leia os principais trechos da entrevista:
Eu era gari da Prefeitura de Várzea Grande, cheguei à presidência da Câmara por duas vezes, então por que não sonhar aqui? Uma vez me perguntaram o que eu queria ser, se governador, prefeito e eu disse ‘quero ser presidente do Brasil’. Esse é o meu sonho
MidiaNews – É a primeira vez nos últimos anos que a Assembleia terá três representantes de Várzea Grande. Qual a importância disso para a cidade?
Fábio Tardin – Há um tempo, Várzea Grande tinha três, quatro, cinco representantes na Assembleia Legislativa, mas, infelizmente, a população lá desaprendeu a votar. Eles votavam só em candidatos de fora, Cuiabá, Rondonópolis, Nortão. Agora, nessa eleição, Várzea Grande deu um show, voltou às origens e elegeu candidatos de lá. Não é à toa que os três mais votados foram eu, Botelho e Júlio Campos.
Era o que eu dizia muito na campanha, que tínhamos que votar no máximo em pessoas aqui de Cuiabá, que era para voltar a ter representantes e, assim, conseguirmos trazer recursos para ajudar a melhorar nossa cidade.
Infelizmente, Várzea Grande ficou esquecida, porque sem representatividade na Assembleia fica difícil você lutar. Hoje, temos representantes e tenho certeza que nos próximos quatro anos vamos mudar a realidade da cidade, vamos trabalhar para melhorar a vida, principalmente dos que mais precisam do Poder Público.
MidiaNews – Acha que a cidade está conseguindo recuperar o prestígio político de outrora?
Fábio Tardin – Acredito que sim, é um sentimento de mudança. Porque a própria população percebeu o tanto que perdeu.
Na hora de cobrar, queriam cobrar, mas na hora de votar, votavam errado. Fui o vereador mais votado na última eleição e, consequentemente, fui o deputado mais votado da história de Várzea Grande. Então, as pessoas entenderam o nosso recado, que precisamos ter um político que convive, que sente na pele a falta d’água, o problema do lixo… Porque é fácil você ir lá, pegar o voto em Várzea Grande e depois dar tchau para cidade.
Então, a população entendeu, agora querem e acredito que na próxima eleição vamos ter mais deputados de Várzea Grande.
MidiaNews – Acha que a gestão do governador Mauro Mendes deve olhar mais para a cidade de Várzea Grande?
Fábio Tardin – Sim. Acredito que o governador vai fazer muitos investimentos lá, até porque estarei aqui para cobrar. Nós falávamos que o governador investiu muito em Rondonópolis, mas a cidade tinha quatro deputados toda hora batendo na porta dele, cobrando. Quando você é cobrado, você age.
Até porque, o governador fez um grande mandato, pegou o Estado falido, quebrado e acredito que agora, nesses próximos quatro anos, vai retribuir mais e a cidade de Várzea Grande, sendo a segunda maior do Estado, precisa de um olhar muito mais carinhoso.
Tenho certeza que ele vai fazer mais investimentos lá e já está nos ajudando, diga-se de passagem, tardiamente, a resolver o problema da água. Agora sim vamos poder investir muito mais, até porque as condições do Estado são totalmente diferentes do que ele encontrou. Hoje, Mato Grosso está com o caixa cheio para poder nos ajudar a melhorar o vida das pessoas.
MidiaNews – Acha que seu mandato de deputado pode ser o início de uma caminhada para o Couto Magalhães?
Fábio Tardin – Não. Digo sempre que poderia ter sido um candidato à Prefeitura de Várzea grande em um mandato há dois anos, mas infelizmente meu partido não me viu assim, não me aceitou como candidato e acredito que eu era um fortíssimo candidato.
Agora é muito cedo para poder falar de candidatura, porque hacabei de assumir o mandato na Assembleia Legislativa. O que podemos fazer é um belo mandato, ajudar o Governo do Estado a melhorar a vida da população mato-grossense, especialmente de Várzea Grande, que é minha base política, minha casa.
Então, é ajudar a fazer um bom mandato e, quem sabe, lá na frente podemos discutir algo mais no Município de Várzea Grande.
MidiaNews – Qual avaliação o senhor faz da gestão do prefeito Kalil Baracat?
Fábio Tardin – Eu andei muito com o prefeito Kalil, até porque fui candidato junto com ele, acredito que fui o vereador com quem ele mais fez reuniões e ele prometia que iria resolver o problema da água. Ele está atacando.
Se juntar todos os prefeitos que juntaram para trás, não fizeram o investimento que o Kalil já fez nesses dois anos. Só nas duas ETAs vão ser mais de R$ 60 milhões, ele também já fez investimento no DAE (Departamento de Água e Esgoto), que ficou melhor do que era há dois anos, mas piorou a distribuição e a qualidade.
O erro está lá, infelizmente. O erro ali é humano agora. Falam muito sobre sabotagem, mas não acredito nisso, mas quem está lá administrando está com alguma deficiência, nós temos que fazer os enfretamentos, porque o DAE está melhor do que era, mas está pior. Então, é inaceitável e o prefeito Kalil tem que fazer essa mudança urgente
Fábio Tardin tomou posse como deputado estadual nesta quarta-feira (1º)
MidiaNews – O que falta para Várzea Grande resolver de vez esse grave problema da falta d’água?
Fábio Tardin – Falta simplesmente a vontade de resolver o problema, porque o problema tem que ser atacado na fonte. Para mim, deveríamos já ter privatizado o departamento de água e esgoto de Várzea Grande.
Todas as grandes cidades são privatizadas e Várzea Grande fica nesse retrocesso, infelizmente passaram prefeitos e não fizeram os investimentos necessários que precisavam ser feitos. E o que aconteceu? A cidade foi se agigantando, crescendo muito, e o departamento insuficiente para servir a água. Isso é um problema de muito tempo, agora só piorou.
Lá atrás, na Câmara, conseguimos fazer esse investimento na ETA (Estação de Tratamento de Água) da Manga, dinheiro 100% da Prefeitura, que atendeu a demanda da grande Cristo Rei e amenizou o problema, porém temos muitos outros.
Agora está sendo construída uma ETA do Chapéu do Sol junto com o Governo do Estado e vai amenizar o problema da água em Várzea Grande. Só que nós temos ainda problemas gravíssimos de distribuição, de perca, temos tubulações de 100 anos que estão enterradas e para arrumar isso precisa de rapidez e recurso, porque você vai parar uma cidade, cortar asfalto, colocar a tubulação nova e quem tem esse recurso fácil? A iniciativa privada.
Por isso acho que temos que partir para a iniciativa privada. Esse é o novo modelo de investimento para avançarmos cada vez mais e resolvermos o problema de uma vez por todas. Nós podemos até captar a água, mas não temos como distribuir.
MidiaNews – O senhor nasceu em 1975, num ano que Júlio Campos já era prefeito de Várzea Grande. Não acha que passou da hora dos Campos abrirem passagem para a nova geração de políticos?
Fábio Tardin – Olha, quem dá o espaço é a população, que tem que votar. Eles são candidatos e se o cidadão achar que tem que voltar, ele volta.
O senador Júlio Campos já foi o ex-tudo e agora é um deputado e acredito que ele tem até muito a contribuir aqui com a experiência, tenho certeza que vai ser um aprendizado com ele.
Acredito muito na renovação, momentos de pessoas jovens estarem no poder, aguerrido, com vontade e muita energia para fazer um Mato Grosso melhor
No entanto, também acredito muito na renovação, momentos de pessoas jovens estarem no poder, aguerrido, com vontade e muita energia para fazer um Mato Grosso melhor. Quem decide sempre é o eleitor. Se a população votou, temos que respeitar as urnas e a democracia está ai para isso, a pessoa coloca o nome e quem vai julgar é o cidadão.
MidiaNews – Aliás, como é sua relação com Júlio e Jayme Campos?
Fábio Tardin – Tenho uma boa relação. Não tenho nada contra o Júlio e o Jayme Campos, pelo contrário. Toda vida fui do partido do senador, saí agora do União Brasil para disputar as eleições e mesmo se tivesse disputado lá teria sido eleito.
Sempre tenho muito respeito, muita cordialidade com o senador Jayme Campos e com o deputado Júlio Campos, assim como com todos os políticos de Várzea Grande. Temos um bom relacionamento.
MidiaNews – Várzea Grande é chamada de Cidade Industrial, embora as indústrias tenha perdido terreno na cidade. Por que a cidade perdeu força neste setor tão importante para a economia?
Fábio Tardin – Lá atrás, quando o Júlio Campos foi buscar o Refrigerante Centro-Oeste, que veio a Sadia, que hoje é Marfrig, as pessoas se estabeleciam lá em Várzea Grande. Hoje, dificilmente. Você pode dar o incentivo que for para os empresários, mas eles vão analisar e não é mais como antigamente em que pensavam: ‘Estão me dando um terreno, vou para lá’. Hoje, o empresário vê financeiramente, então é difícil instalar.
Mas mesmo assim estamos em fase para construir um novo Distrito Industrial. E a cidade de Várzea Grande pode não ser mais a Cidade Industrial, porém o comércio é muito grande ainda. Acredito que abriram mais de cinco mil microempresas na região no ano passado.
MidiaNews – O senhor foi eleito pelo PSB, que é um partido que apoia o governador Mauro Mendes. Como vai atuar em relação às pautas do Governo?
Fábio Tardin – O meu partido tem um líder, que é o Max Russi. Inclusive o governo cedeu até uma secretaria ao partido, mas, apesar de tudo isso, nunca tivemos uma discussão profunda a respeito disso. Meu estilo é independente, então as pautas boas para o povo de Mato Grosso, pode contar comigo.
MidiaNews – Como pretende levar o mandato na Assembleia, quais pautas vai priorizar?
Fábio Tardin – Fiquei muito feliz com o discurso do governador, pois falou muito das pautas que me identifico, que é a regularização fundiária, principalmente aqui, na Baixada Cuiabana. Em habitação também E, especialmente, conseguir resolver o problema da água de uma vez por todas na cidade de Várzea Grande.
MidiaNews – Várzea Grande foi mais impactada que Cuiabá pelas obras do malfadado VLT, já que houve muitas falências e os trilhos já cortavam boa parte da cidade. Como vê a decisão do Governo do Estado de enterrar o projeto?
Fábio Tardin – Chega corta o coração quando passo ali e estão destruindo os trilhos, mas, lá atrás, tive uma audiência com o governador e o único pedido que fiz era que fizesse a escolha entre VLT E BRT, mas que iniciasse o processo por Várzea Grande.
Não consegui fazer estudo se vai ser pior ou melhor a escolha do BRT, porém, tenho certeza, que o que não poderia continuar era aquele rasgo no meio da cidade. Era muito feio, muito ruim. Ali levou pessoas ao suicídio, foram muitas vidas ceifadas no trânsito, devido aos gelos baianos…
Então, é uma página que quero virar e esquecer, que seja o BRT agora, que toque para frente e vamos melhorar o transito de Várzea Grande.
Já discutimos com o governador que, no mínimo, precisamos de mais dois viadutos na cidade, que está congestionada demais, para melhorar a mobilidade urbana entre Cuiabá e Várzea Grande. Com o BRT acho que vai melhorar. Vamos esquecer o VLT, colocar o BRT para funcionar e melhorar.
MidiaNews – O senhor foi por muitos biênios presidente da Câmara de Várzea Grande. Passa pelo seu radar uma disputa pela Mesa Diretora no próximo biênio?
Fábio Tardin – Com certeza, isso é uma construção. É preciso ganhar a confiança dos colegas, conhecer todos, aqui está sendo um aprendizado e eu sou um bom aluno.
Mesa é questão de muita confiança, responsabilidade e você tem que ter a parceria dos colegas. Eu não quero só sentar na Mesa, quero ser presidente da Assembleia Legislativa.
Eu era gari da Prefeitura de Várzea Grande, cheguei à presidência da Câmara por duas vezes, então por que não sonhar aqui? Uma vez me perguntaram o que eu queria ser, se governador, prefeito e eu disse ‘quero ser presidente do Brasil’. Esse é o meu sonho.
MidiaNews – E quanto à composição da Mesa Diretora, como o senhor recebeu os nomes escolhidos? Também é contra a falta de alternância?
Fábio Tardin – Eu vou poder fazer essa avaliação para saber se a Assembleia está sendo bem tocada agora que estou aqui, olhando e conhecendo. No entanto, a maioria dos deputados já tinha escolhido entre eles e continuou.
Porém, penso que temos que renovar, não pode ficar na mesmice, sempre Botelho, Max e Janaina. Acredito que é preciso haver uma renovação, para poder dar oportunidade aos outros deputados também.
Apesar de que, quando você está fazendo um bom mandato os seus próprios eleitores te colocam lá de novo, que foi o que aconteceu com Botelho, com Max e com toda Mesa Diretora, que não mudou praticamente nada. É sinal de que eles foram felizes e bem trilhados.
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Fonte: midianews.com.br