Enquanto um posa para o celular, o outro segura o equipamento em punho e espera pelo melhor momento de fazer o clique. Antes disso, contudo, é preciso analisar o cenário, o enquadramento e ter certeza que a luz está boa.
Esta foi uma cena comum durante o “Cochichos do Clima – Engajamento de Povos Indígenas para o LEAF”. Comunicadores e comunicadoras indígenas de mais de mais de 15 povos de Mato Grosso participaram da oficina e aprenderam técnicas de fotografia, vídeo e podcast.
O principal objetivo, no entanto, foi trazer à tona a discussão sobre financiamento climático e a importância da participação dos povos indígenas nesse diálogo.
A ideia é que os comunicadores saibam compreender e disseminar informações importantes sobre projetos privados e programas jurisdicionais de Redução de Emissões provenientes de Desmatamento e Degradação Florestal (REDD).
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A presidente da Federação dos Povos e Organizações Indígenas de Mato Grosso (Fepoimt) Eliane Xunakalo pontuou que um dos objetivos da oficina é criar uma rede de comunicadores indígenas no nível estadual para que seja possível levar para a base as discussões sobre os mecanismos de financiamento climático que acontecem nos níveis nacional e internacional.
“A questão de comunicar não é só tirar foto, não é só fazer vídeo, mas é entender principalmente o que você quer passar com isso . Antes, um jovem com um celular em mãos era malvisto, mas hoje isso está mudando e isso é a prova que a juventude tem força quando a gente organiza as coisas”, disse.
O curso foi ministrado pelo comunicador Diogo Diógenes. Como produto final das aulas, os indígenas entregaram uma série de vídeos sobre os seus povos e territórios, filmados e editados durante os dias da oficina.
Uma visita guiada aos estúdios da TV Centro América (TVCA) e um bate-papo com a jornalista indígena Helena Corezomaé, do povo Balatiponé, também fizeram parte da programação.
Apoio
O “Cochichos do Clima” tem o apoio do Instituto Centro de Vida (ICV) e financiamento do Environment Defense Fund (EDF). A coordenadora do Programa de Direitos Socioambientais do ICV, Deroní Mendes, destacou que as ações sobre as questões climáticas e as demandas dos povos indígenas precisam ser discutidas dentro dos territórios.
“Mais do que nunca, esse é o momento de fomentar essa comunicação nós por nós. Essa comunicação ela precisa estar dentro do território, é preciso entender o que a gente quer falar, o que a gente quer mostrar. Essa oficina veio para isso, para entender quais são as demandas, o que se quer comunicar e como a gente pode comunicar”.
Representante do EDF, Maria Beatriz Saldanha destacou que os povos indígenas precisam estar munidos de todas as informações possíveis sobre o financiamento climático, para que tenham autonomia e sejam agentes de transformação diante de discussões sérias e de relevância para o futuro do planeta.
“O mundo está precisando e os povos indígenas têm muito a oferecer, com seus conhecimentos ancestrais e com a biodiversidade de seus territórios. A comunicação é uma ferramenta importante, não só para fora como também para dentro. A ideia é que os participantes do curso possam comunicar os seus projetos para o mundo, mas também para dentro de suas terras”.
Fonte: copopular.com.br