MT: PANDEMIA EM MATO GROSSO: Estudo mostra perda elevada de profissionais da Saúde para a Covid

MT:  PANDEMIA EM MATO GROSSO:    Estudo mostra perda elevada de profissionais da Saúde para a Covid
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Proporcionalmente ao contingente de trabalhadores, os dados sobre mortes por Covid-19 no Estado são expressivos

Entre as principais vítimas estão os profissionais de Saúde envolvidos diretamente no enfrentamento da doença

A pandemia do coronavírus tem produzido números significativos de infectados e de óbitos em todo país.

Entre as principais vítimas estão os profissionais de Saúde envolvidos diretamente no enfrentamento da Covid-19.

Em Mato Grosso, a doença também deixou uma marca indelével entre os trabalhadores da área.

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É o que mostra o estudo “Óbitos de médicos e da equipe de enfermagem por Covid-19 no Brasil: uma abordagem sociológica”, da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), publicado pela revista Ciência & Saúde Coletiva.

No Estado, levando-se em conta o contingente de médicos, enfermeiros, auxiliares e técnicos de enfermagem, inclusive, comparado a outras unidades da federação, as perdas profissionais se mostram elevadas.

Segundo a pesquisa, Mato Grosso conta com 7.030 médicos, o que representa 1,3% do contingente existente em nível nacional; 9.959 enfermeiros (1,7%) e 21.412 técnicos e auxiliares de enfermagem (1,2%).

Já os óbitos desses profissionais superaram 3,9%, 7%, 5,5%, respectivamente.

Em nível estadual, o estudo aponta que 24 médicos, 14 enfermeiros e 26 técnicos ou auxiliares perderam a luta para a covid-19.

Proporcionalmente, os dados estaduais superam índices verificados nos demais estados da região centro-oeste.

No Estado vizinho de Mato Grosso Sul, por exemplo, a taxa de médicos existentes também é de 1,3%, a de enfermeiros de 1,3% e a de auxiliares de 1%, mas os óbitos desses profissionais atingiram 1%, 1% e 3,6%, reciprocamente.

Já Goiás tem 3,1% dos médicos em relação ao nacional, 2,9% dos enfermeiros e 2,6% dos técnicos e auxiliares. Por lá, a taxa de mortes foi de 5,1%, 4% e 3,4%.

E no Distrito Federal, que ostenta 3% dos médicos, 2,8% dos enfermeiros e 2,2% dos técnicos, os índices de mortes foram de 0,6%, 4%, 2,3%, respectivamente.

Para o estudo, foram considerados os dados de óbitos por Covid-19 de março de 2020 a março de 2021 e contabilizou 622 médicos, 200 enfermeiros e 470 auxiliares e técnicos de enfermagem.

As análises foram feitas com base em dados dos conselhos federais de Medicina e Enfermagem (CFM e Cofen) e do estudo sobre o inventário de óbitos da Fiocruz.

A vulnerabilidade dos profissionais de saúde é consequência de sobrecarga e precarização do trabalho, dificuldade de acesso aos equipamentos de proteção individual (EPI), entre outros fatores relacionados ao trabalho cotidiano.

Dessa forma, esses protagonistas da linha de frente ficaram ainda mais suscetíveis à contaminação, resultando em milhares de afastamentos e óbitos em decorrência da covid-19.

No geral, a pesquisa mostrou que cerca de 80% dos enfermeiros e dos técnicos ou auxiliares de enfermagem mortos tinham até 60 anos.

Já entre os médicos, 75% das vítimas estavam acima desta faixa etária.

Os principais motivos para a diferença apontados no artigo são os tipos de vínculos trabalhistas mais comuns em cada profissão e a média de idade dos profissionais no momento da entrada no mercado de trabalho.

Além de terem, em sua maioria, até 60 anos, os profissionais de enfermagem que morreram vítimas da Covid-19 eram mulheres, pretas e pardas.

Entre os enfermeiros vitimados, 59,5% eram mulheres enquanto entre os auxiliares de enfermagem, elas somaram 69,1%.

Sobre a correlação entre cor ou raça e óbitos dos profissionais da enfermagem, a pesquisa mostrou que 31% dos enfermeiros que morreram por covid-19 eram brancos, e 51%, pretos e pardos. Já entre os auxiliares e técnicos, 29,6% eram brancos e 47,6% pretos e pardos.

No caso dos médicos, houve predominância absoluta de homens mortos pela doença: 87,6%, contra 12,4% de mulheres.

A pesquisa explica que, apenas em 2009, as médicas passaram a ser maioria entre os novos registrados nos conselhos profissionais.

“Portanto, entre os médicos mais velhos, que foram maioria entre os mortos por covid-19, predominam homens. Já o perfil das equipes de enfermagem é mais feminino, historicamente: as mulheres são cerca de 85% do total. Dados sobre cor e/ou raça não estão disponíveis no caso dos médicos”, aponta o estudo.

“É preciso buscar soluções definitivas para uma grave questão: o cotidiano de vulnerabilidade dos profissionais de saúde é gerado em boa parte pela sobrecarga e precarização do trabalho e o difícil acesso aos equipamentos de proteção individual na quantidade e qualidade necessárias. Dessa forma, esses protagonistas da linha de frente ficaram ainda mais suscetíveis à contaminação, resultando em milhares de afastamentos e óbitos em decorrência da Covid-19”, completa.

Fonte:  diariodecuiaba.com.br


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