Acusados pelo vereador cassado tenente-coronel Marcos Paccola (Republicanos) de integrarem a “maior organização criminosa que existe em Cuiabá”, os vereadores Juca do Guaraná (MDB), Lilo Pinheiro (PDT), Rodrigo Arruda e Sá (Cidadania) e Sargento Vidal (MDB) rebateram as acusações e consideraram que foram palavras ditas no calor do momento por alguém derrotado.
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Paccola teve seu mandato cassado em sessão extraordinária da Câmara Municipal de Cuiabá, na última quarta-feira (5), com 13 votos pela cassação, 5 contra, 3 não votaram e houve 4 ausências.
Após a decisão sobre a cassação ser proferida pelo vereador Juca do Guaraná, foi aberto espaço para justificativa dos votos aos parlamentares. Neste momento, Paccola solicitou a palavra e utilizou o espaço para criticar os membros da Casa de Leis.
“Senhor presidente, quero justificar meu voto. Meu voto é não. E dizer que com alguns aqui eu não me decepcionei, mas com outros, vereador Lilo, vereador Vidal, vereador Rodrigo Arruda de Sá, com outro eu realmente me decepcionei muito porque eu não acreditava que os senhores faziam parte da maior organização criminosa que existe em Cuiabá. E eu vou provar, um por um, inclusive o senhor presidente”, disse.
O presidente da Câmara se manifestou sobre as acusações logo após o fim da sessão. Juca do Guaraná considerou que a fala foi dada no calor do momento e não se sente ameaçado por Paccola.
“Acho que fez [a acusação] no calor do momento, mas tem que ser provado. Infelizmente, ele veio agora falar isso? Teve prazo de quase 4 meses e só agora veio falar isso? Mas como diria meu saudoso pai, ‘está morrendo afogado e se segura até em cachorro morto’. Não me sinto nem um pouco [ameaçado]”.
Também militar com mandato na Câmara, sargento Vidal classificou as falas de Paccola como “factoides da cabeça dele”. Ele disse que os dois já foram mais próximos, mas Paccola depois se aproximou de outro grupo político na Câmara, que acabou nem lhe dando o apoio que precisava na votação.
“São acusações levianas de alguém no calor do momento. Não entendi por que ele falou aquilo, são factoides da cabeça dele. Sempre trabalhei com honestidade, com caráter, com lealdade, nunca fiz nada de errado na vida. Ele se dizia meu amigo, mas depois se juntou com o Abílio e aquele grupo, e começou a ir contra mim sem necessidade. No dia anterior à cassação eu conversei com ele, pediu meu voto a favor dele, mas eu disse que não, então nem traição houve porque ele já sabia meu voto. E outra, se ele sabe de algum crime, se tem alguma prova, que procure o MP, porque se sabe e nunca denunciou ele está prevaricando como policial”, disse o parlamentar.
Outro que foi acusado por Paccola, o vereador Lilo Pinheiro não levou a sério a fala do ex-colega. Disse estar tranquilo e também entende que as acusações foram feitas no calor do momento.
“Falou de cabeça quente, mas nada direcionado, nada específico. Ele vai poder refletir agora sobre tudo o que ocorreu. Vai recorrer na Justiça, está no direito dele. Mas eu estou muito tranquilo, todos conhecem minha história, sempre trabalhei pela população, mas entendo que ele falou aquilo segundos após ser cassado, então estava de cabeça quente. Minha tranquilidade está inabalada”, disse.
O vereador Rodrigo Arruda explicou que seu voto foi embasado no ato cometido por Paccola e que não tem nada contra a pessoa dele. Afirmou que apenas quis seguir os regulamentos da Câmara. Também disse que se o vereador cassado faz acusações, ele tem que provar.
“Eu entendo que ele falou isso em um momento que estava chateado. Tenho que relevar o que ele falou no calor da emoção. O meu voto foi por causa da execução com três tiros nas costas. A Câmara tem regulamentos e com isso ficou insustentável, os tiros nas costas pesaram muito para o meu voto, não votei contra a pessoa do Paccola, votei contra o ato. Agora, quem acusar tem que provar, ele é quem tem que explicar as acusações, organização criminosa por quê? Mas não tenho nada contra o Paccola, votei contra o ato”.
Réu
O vereador cassado matou a tiros o agente do Sistema Socioeducativo Alexandre Miyagawa no dia 1º de julho deste ano. Com o assassinato, Paccola se tornou réu pela 12ª Vara Criminal de Cuiabá, coordenada pelo juiz Flávio Miraglia, que acolheu denúncia do Ministério Público contra o vereador por homicídio qualificado.
Na mesma decisão, o juiz determinou que fosse recolhida a arma de Paccola. Paralelamente, o vereador teve seu caso estudado pela Comissão de Ética da Câmara de Cuiabá, que deu parecer pela cassação.
Fonte: gazetadigital.com.br