Coronel diz que os 24 casos de homicídios que levaram à operação foram registrados em B.O.
O comandante-geral da Polícia Militar, coronel Jonildo José de Assis, saiu em defesa da corporação e dos policiais militares que, nesta quinta-feira (31), foram alvo da Operação Simulacrum.
“O que estão fazendo com os nossos policiais é um absurdo. Eles estão sendo acusados de execuções, quando atuavam em defesa da sociedade e da própria vida”, afirmou o comandante, que deixa o comando da corporação nesta sexta-feira (1º).
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A Polícia Civil e o Ministério Público Estadual deflagraram, nesta quinta-feira, a operação para cumprimento de 81 mandados de prisão temporária contra policiais militares investigados por homicídios.
Na avaliação do coronal Assis, são fatos tirados de um contexto e que desvirtuam a realidade do que aconteceu.
“Os 24 casos de homicídios, que culminaram com essa operação, foram registrados em boletins de ocorrência e em eventos totalmente distintos, ja eram objetos de apuração em Inquéritos Policiais Militares, sob o controle do Poder Judiciário e Ministério Público. Os nossos policiais e oficiais estavam no combate, em defesa da sociedade. Agora, quem protegeu, resguardou o cidadão de bem, é taxado como bandido. Isso é uma inversão de valores que não vamos permitir que aconteça”, afirmou, por meio da assessoria.
“Cada caso deve ser investigado em separado. Agora juntaram todo mundo, como se fosse uma grande quadrilha. São homens que colocam todos os dias a própria vida para defender a sociedade. Que estão frente a frente com bandido. Que saem de casa e não sabem se irão voltar, porque tem como único objetivo proteger o cidadão. Agora estão todos com o nome e sobrenome expostos na imprensa e o bandido que mata, estupra e rouba não pode divulgar o nome, o rosto a profissão, porque a lei protege. Defendo Instituição, meus homens e suas prerrogativas e o direito a ampla defesa e o contraditório, ninguém pode ser considerado culpado antes de uma sentença condenatória definitiva”, completou.
O comandante ainda destacou que os policiais acusados atuam nas unidades especializadas da corporação.
“Ações como essa só fortalecem a criminalidade. Quem vai querer ser um policial militar de ponta? Quem vai querer ir para a rua proteger a sociedade de uma ameaça real? Quem irá para um confronto ou entrar na mata para capturar criminosos, se não tem a certeza que o sistema está ao lado dele? Quem terá a coragem de proteger o cidadão quando este estiver ameaçado por um bandido armado?”, questionou.
Assis ainda observou que essa operação, da forma como foi feita, só prejudica a corporação, pois tenta confundir a opinião pública, “pois transforma policiais em bandidos”.
“Não defendemos ilegalidade, não defendemos nada que vá contra as leis e nossos regimentos. Mas, não podemos permitir que a imagem dos nossos homens seja jogada na lama. Eles estavam no exercício da função. POLICIAL TEM FAMÍLIA, e nenhum sai de casa para matar ninguém. Nem entra na viatura e diz hoje vou matar um bandido porque vai passar boa parte de sua carreira respondendo na justiça. Força letal só é usada para defender o cidadão ou a própria vida”, afirmou.
O coronel ainda afirmou que, desde o início da operação, a Polícia Militar, por meio da Corregedoria e dos Comandos Regionais envolvidos, está acompanhando todas as conduções e oitivas.
“Além disso, as associações Assoade e ACS disponibilizaram equipes jurídicas para acompanhar os nossos policiais militares e que eles não estão sozinhos”, disse.
O cmandante destacou ainda que a PMMT é única instituição presente nos 141 municípios e que trabalha diuturnamente em prol da sociedade.
Ele conclamou que “essa mesma sociedade continue confiando na Polícia Militar. Afinal, são 187 anos defendendo a sociedade mato-grossense”.
A OPERAÇÃO – Durante a Operação Simulacro, foram cumpridos, além dos 81 mandados de prisão temporária, 34 mandados de busca e apreensão e de medidas cautelares diversas.
As ordens judiciais foram decretadas pela 12ª Vara Criminal da Comarca de Cuiabá.
Conforme o MPMT e a Polícia Civil, o grupo de militares é investigado pela morte de 24 pessoas, com evidentes características de execução, além da tentativa de homicídio de, pelo menos, outras quatro vítimas, sobreviventes.
A operação faz parte das investigações realizadas em seis inquéritos policiais, já em fase de conclusão, relativos a supostos confrontos ocorridos em Cuiabá e Várzea Grande.