Documentos da Polícia Federal (PF) do inquérito da Operação Descobrimento mostram que o lobista Rowles Magalhães, preso por tráfico internacional de drogas durante operação da própria PF, planejou junto com o seu sócio Ricardo Agostinho, denunciar o ex-secretário de Ciências, Tecnologia e Inovação de Mato Grosso, Nilton Borgato (PSD) e a doleira Nelma Kodama à polícia e aplicar um golpe em dinheiro ambos.
A justificativa seria que Kodama e Nilton Borgato, de codinome Índio, traíram Rowles ao acertar um transporte de drogas via aérea apenas com Ricardo. Rowles, portanto, realizou a negociação de um suposto transporte de drogas de Portugal para o Brasil, mas não enviou a droga. O episódio é do dia 26 de novembro de 2020.
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A partir daí, visando concretizar o golpe, Rowles passou a fazer contato direto com Kodama. Ele chegou a ligar para ela perguntando se alguma coisa estaria acontecendo e disse que não queria ser traído pelo grupo. Ela, via áudio, afirma que não está acontecendo nada. Ao passo que conversava com Kodama, Rowles encaminhava as mensagens para seu sócio.
Em meio às tratativas, Rowles sugere a Ricardo, que ambos podem ficar milionários de maneira “correta”. “Uma ideia do caralho”, diz Rowles.
“Se nós conseguirmos levar uns 10k (dez milhões) mas com segurança total e depois a turma cai”. “Depois que receber, metemos no cu”, completa.
Segundo a PF, a intenção de Rowles seria obter um lucro financeiro e com total segurança para, em seguida, denunciar Nelma, seus associados e Borgato.
No dia 26 de novembro de 2020, Rowles gravou uma de suas conversas de voz via WhatsApp com Kodama e encaminhou para Ricardo. Nessa gravação, Rowles é enfático em querer saber se Kodama está a par do envio de drogas com a participação de Índio (Borgato) em uma das aeronaves operadas pela dupla de sócios.
De acordo com a PF, todos esses diálogos de Rowles com Nelma faziam parte de uma estratégia para receber o valor do transporte de drogas e não executá-lo e, na sequência, conseguir mais dinheiro em decorrência da contratação desse voo por Nelma, Borgato, Cláudio Rocha, sócio de Nelma e outros não identificados.
Segundo a PF, Rowles estava querendo receber mais dinheiro de Índio (Borgato) e Nelma Kodama para realizar um voo com envio de drogas. Em uma mensagem enviada a Ricardo, Rowles diz que ele e o sócio “quase tomaram no cu pelo Negão (André Luiz Santiago Eleutério)”, proprietário do avião PP-SDW e da droga encontrada em seu interior, em Portugal. O motivo: eles eram os integrantes da Orcrim (Organização Criminosa) responsável pela remessa da droga apreendida na aeronave de Negão.
Fonte: gazetadigital.com.br