Empresário de Cuiabá é o principal chefe da quadrilha que movimentou, em 10 meses, R$ 4 milhões
Hospitais particulares e públicos e clínicas recebiam medicamentos clandestinos e falsificados, contendo o princípio ativo Neostigmina ou imunoglobulina.
A revelação é do delegado federal Jorge Gobira, da Polícia Federal de Mato Grosso, que deflagrou, na manhã desta quinta-feira (17), a Operação Autoimune, em ação conjunta com as PFs de Goiás, São Paulo e Espírito Santo.
Além de Mato Grosso, receberam os remédios falsificados os estados de Goiás, Espírito Santo e São Paulo.
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Em coletiva de imprensa, nesta quinta, o delegado Gobira disse que a investigação demonstrou que, a partir de Cuiabá e Campo Grande, os medicamentos chegavam em distribuidoras sem autorização da Anvisa, e essas distribuidoras repassavam essas substâncias para clínicas e hospitais, alguns deles hospitais públicos.
Segundo ele, o principal alvo da operação – um empresário de Cuiabá que não teve o nome divulgado – não tinha autorização para comercializar os medicamentos.
Ele é o principal chefe da quadrilha que movimentou, em 10 meses, cerca de R$ 4 milhões.
Contra ele, os gentes federais cumpriram um mandado de prisão preventiva.
“O principal investigado tinha uma empresa que fazia a principal comercialização desses medicamentos e outras substâncias importadas. A empresa dele estava cadastrada com duas atividades principais e uma delas era a comercialização de medicamentos, mas ele não tinha nem autorização de funcionamento e nem da Anvisa. A empresa dele constava como distribuidora de medicamentos “, disse o delegado.
Apesar da operação e a apreensão de alguns medicamentos, o delegado considerou que não houve nenhum registro de sequelas ou aumento da gravidade no quadro de paciente que teriam recebido os medicamentos.
SEM GARANTIA – A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) alertu que medicamentos de origem irregular não têm qualquer garantia sobre suas condições de qualidade.
Mesmo nos casos em que a Anvisa autoriza a importação de forma excepcional de produtos sem registro no país, é necessário o cumprimento de procedimentos para que se garanta a segurança dos pacientes.
O Metilsulfato de Neostigmina é utilizado para o tratamento de miastenia grave e para inverter os efeitos dos relaxantes musculares.
Atualmente, há dois medicamentos com registro válido na Anvisa, contendo esse insumo farmacêutico ativo (IFA), Normastig, e o genérico Metilsulfato de neostigmina.
A imunoglobulina humana é um hemoderivado obtido a partir de plasma humano e essencial no ambiente hospitalar, sendo utilizada, atualmente, para o tratamento de doenças inflamatórias e autoimunes.
A AÇÃO POLICIAL – Foram expedidos, pela 7ª Vara Federal Criminal, da Seção Judiciária da Justiça Federal do Estado de Mato Gross,o 32 mandados de busca e apreensão e um mandado de prisão preventiva para cumprimento nos estados Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo.
A primeira fase da operação, que ocorreu em agosto deste ano, possibilitou que os investigadores tomassem conhecimento de que o mercado paralelo de medicamentos estrangeiros contava com a participação de diversas empresas de fachada, sendo praticado em 65 municípios do país localizados em 16 Estados e no Distrito Federal, tendo movimentado, em 10 meses, cerca de R$4 milhões.
Nessa operação, foi apreendida uma caixa do medicamento imunoglobulina com origem argentina e comprovadamente falsificado.
O nome da Operação deve-se ao emprego dos medicamentos importados no tratamento de diversas doenças autoimunes, ou seja, patologias nas quais o sistema imunológico ataca células saudáveis, levando ao desenvolvimento dos mais variados sintomas.
Fonte: diariodecuiaba.com.br