Secretária de Políticas Educacionais do Sindicato de Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT), Guelda Andrade, disse em entrevista ao Jornal do Meio Dia, essa semana, que o novo ensino médio foi uma “propaganda enganosa” à sociedade. “Foi feita uma propaganda de um projeto de ensino médio pela TV que não existe. Pelo menos 3 mil municípios com uma única escola o que inviabiliza esse estudante de fazer qualquer escolha. O sistema impõe para ele um formato e ele tem que seguir”, disse.
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A implantação do novo modelo nas escolas brasileiras foi suspenso pelo governo Federal após muita resistência de educadores e alunos contrários a regulamentação do novo formato. O projeto do novo ensino médio foi criado ainda no governo do então presidente Michel Temer. A decisão de suspensão foi dada pelo presidente Lula (PT) no inicio de Abril. Além da suspensão, mudanças que estavam previstas para ocorrer no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) também não serão mais aplicadas.
Guelda defende que a proposta do governo federal potencializa a desigualdade social e a exclusão de muitos estudantes do ambiente escolar.
“Nessa faixa etária, eles [estudantes] precisam fazer escolhas para ajudar em casa. Estuda ou trabalha. E eles saem da escola por uma questão de sobrevivência”, afirmou.
Na prática, a carga horária do novo ensino médio seria de 60% nos 3 anos a todos os estudantes, com as disciplinas regulares. Os outros 40% destinados às disciplinas optativas dentro de grandes áreas do conhecimento, os chamados itinerários formativos. O número de horas anuais obrigatórias passa de 800 para ao menos 1.000 ou de 4 para 5 horas diárias.
Guelda defende ainda a criação de bolsas de estudos para que o estudante permaneça frequentando as instituições de ensino.
“Sabemos que nem todos vão para a universidade, mas ele precisa ter o direito de escolha e nós queremos que uma parcela [de estudantes] possa fazer um curso superior e a partir disso fazer escolha da profissão que ele queira e não que o sistema imponha uma condição de mão de obra barata”, argumentou.
Guelda ainda defende um novo ensino médio de tempo integral em que o estudante possa desenvolver diversas potencialidades em diferentes áreas como música, dança, teatro e as mais diversas modalidades esportivas.
Fonte: gazetadigital.com.br