Para agregar mais informações e consolidar o Projeto MT Produtivo – construído pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Agricultura Familiar (Seaf) e Empaer (Empresa Mato-grossense de Pesquisa Assistência e Extensão Rural), em parceria com o Banco Mundial – foram visitadas propriedades rurais e cooperativas localizadas na região norte do Estado e na Grande Cuiabá.
O investimento pleiteado é de US$ 100 milhões, que irá fortalecer o fomento à agricultura familiar em Mato Grosso. A previsão é iniciar o MT Produtivo, com cinco anos de prazo para execução, no segundo semestre de 2023.
Segundo a secretária de Estado de Agricultura Familiar (Seaf), Teté Bezerra, as tratativas junto ao Banco Mundial começaram assim que o governador Mauro Mendes identificou a necessidade de criação de dois projetos – um para a educação e outro direcionado à agricultura familiar. “O banco tanto vai financiar como ajudar a construir o projeto. A visita às propriedades e cooperativas é mais uma etapa de trabalho desenvolvido entre as partes envolvidas”.
Gargalos – O presidente da Empaer, Renaldo Loffi, ressalta a importância da iniciativa, cuja proposta é dar suporte e transformar a vida dos produtores. “Conhecer a realidade do produtor, seus gargalos e dificuldades, a importância da sucessão familiar, a difusão de tecnologias e agregar conhecimento é o que estamos fazendo neste momento. Com estas informações, os consultores do Banco Mundial terão uma base para auxiliá-los na construção do programa”.
Ele acrescenta que o MT Produtivo vem para auxiliar na comercialização, certificação, infraestrutura, autonomia econômica e produção sustentável. “Para isso, é importante conhecermos a realidade do homem do campo”, completa.
Os gerentes do projeto, a economista agrícola sênior do Banco Mundial, Barbara Farinelli, e o especialista financeiro sênior, Alexandre Kossoy, frisaram que estão trabalhando junto às entidades participantes para preparar o MT Produtivo. “Estamos aqui para identificar as intervenções e entender como ajudar o produtor familiar a crescer, melhorar sua produtividade e competitividade”, explica Barbara Farinelli.
“Precisamos ver o todo, identificar os riscos e saber onde ocorrem as perdas relacionadas ao clima ou a pragas. A ideia é trazer soluções, por isso, estamos montando este programa. Ele precisa ser coerente com a realidade vivida pelo produtor”, completa Alexandre Kossov
Iniciativas – Em Sinop, na sede da Embrapa Agropastorial, foram apresentadas algumas iniciativas para contribuir no processo. O engenheiro agrônomo Thiago Tombini, Empaer, apresentou um case de sucesso de produção e beneficiamento de café para o comércio local. “Além da assistência técnica e extensão rural, a Empaer auxilia na rotulagem, confecção da embalagem e no selo de certificação da agricultura familiar. Podemos dizer que é uma iniciativa que muitos produtores irão procurar”.
O representante da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), economista Luís Dias Pereira, pontua sobre o MT Produtivo. “Estamos aqui para conhecer os bons exemplos e o que pode ser melhorado. Neste momento, será uma pequena fotografia, para entender toda discussão ocorrida nas reuniões online. Estamos conhecendo as expectativas e os gargalos, para alinhar as ações do programa”.
A Missão – A comitiva contou com 11 consultores do Banco Mundial, representantes da FAO, Embrapa, Empaer, Seaf e Instituto PCI (Produzir, Conservar e Incluir). Entre quarta (19) e sexta-feira (21.10) da semana passada, o grupo conheceu, na prática, exemplo das principais cadeias produtivas identificadas – bovinocultura de leite, fruticultura, apicultura, café, mandioca e extrativismo.
Como a família de Amilton José Vitorino. Com a esposa e seus três filhos, toca uma agroindústria de processamento de frutas para produção de polpa. A chácara São José, localizada em Terra Nova do Norte, tem pouco mais de três hectares com 290 pés de acerola, 25 de limão taiti, 20 de pequi e 50 mangueiras, além de tarumeiros, cajueiros e melancia, entre outros.
“Tudo vira polpa. Hoje, a renda da família vem da produção de polpas. Investimos na propriedade, os filhos, que tinham saído de casa, voltaram e estamos todos vivendo do que produzimos”, destaca Amilton.
Ainda em Terra Nova do Norte, o casal João Luís da Rosa e Losângela Pelisson da Rosa, cuja atividade é assistida pela Empaer, tem uma produção diária de 500 litros de leite. O Sítio Nonoai é uma Unidade de Referência Tecnológica (URT) e serve de exemplo a outros produtores de leite da região.
O técnico da Empaer, Rodrigo Cesar Ribeiro, explicou o trabalho desenvolvido na propriedade. “Com alimento de qualidade, o animal apresenta bom rendimento. A produção satisfatória é resultado do acompanhamento técnico, seguido pelo casal que trabalha em harmonia”
Cooperativas – Também foram visitadas cooperativas, como a Coopernova (Cooperativa Agropecuária Mista Terranova). O diretor-presidente, Daniel Robson Silva, e o vice-presidente, Milton José Dalmolim, destacaram que Terra Nova do Norte já foi a primeira do ranking estadual de produção leiteira, mas, por diversos problemas, caiu para o terceiro lugar, atrás Castanheira e Confresa.
“Na região, há cerca de 1.100 produtores de leite, dos quais 900 produzem, em média, 100 litros por dia. Mas nossa capacidade seria de, no mínimo, 300 litros diários”, ressalta Daniel.
“Como a cooperativa também atende cidades como Belém, no Pará, e Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, além de várias cidades da região Sudeste do país, o Programa MT Produtivo vem ao encontro de nossas necessidades”.
Em Carlinda, a missão conheceu a Cooperativa Mista de Pequenos Agricultores do Setor Cana (Compasc). O carro-chefe da unidade é a produção de maracujá, cuja produção de 18 toneladas mensais é transformada em polpa.
A prefeita Carmelinda Leal Martines Coelho, que participou da visita, destacou a importância do MT Produtivo. “Ficamos contentes com a iniciativa. É muito bem-vinda e nos colocamos à disposição, para somar esforços em prol da agricultura familiar”.
Em Alta Floresta, foi visitada a Cooperativa Agropecuária Mista Ouro Verde (Comov), com 165 cooperados. Para o presidente Antônio Favarin, a dificuldade é reduzir os custos da produção leiteira. O grupo visitou também o meliponário municipal, com mais de 200 colmeias com as espécies Uruçu Boca-de-Renda, como é conhecida a criação de abelhas sem ferrão.
No segmento de orgânicos, a missão conheceu a plantação de café de Adeildo Sopeletto, na Comunidade Nossa Senhora de Guadalupe. Ele é um dos membros da Associação Guadalupe Agroecológica (Agua).
A comitiva conheceu ainda a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), cuja proposta é oferecer alternativas sustentáveis de renda aos agricultores familiares e povos indígenas.
Também participaram da visita, a especialista agrícola e gerente do projeto do Banco Mundial. Leah Germer; a diretora de assistência técnica, extensão rural, pesquisa e fomento da Empaer, Denise Ávila Guterres; o coordenador de assistência técnica e extensão rural da Empaer Fabricio Tomaz Ramos; o coordenador do Escritório Regional, Leocir José Dellani; o secretário-adjunto de Agricultura Familiar e Desenvolvimento Rural da Seaf, Clovis Figueiredo Cardoso; o superintendente de agricultura familiar, Luciano Gomes Ferreira; e representantes do Instituto Centro de Vida (ICV).
Cuiabá e Região – As visitas se estenderam a propriedades e cooperativas de Cuiabá, Várzea Grande e Santo Antônio do Leverger. Em Santo Antônio do Leverger, a presidente da Associação de Pequenos Produtores Rurais e Moradores de Morrinho (Aprumo), Niane Aparecida Oliveira Rosa, apresentou o projeto Caminhos do Morro, de fomento ao turismo rural na região.
Na comunidade Agrovila das Palmeiras, o grupo conheceu o trabalho da Cooperativa Coopansal e um produtor associado que produz frutas e mandioca.
Na Capital, conheceu a produção dos moradores dos assentamentos Marcolana e Mineira. Com destaque para as hortaliças, mandioca e frutas. Os produtores da comunidade 21 de Abril também foram visitados.
Em Várzea Grande, o grupo conheceu o trabalho da Cooperlac e a propriedade da produtora Eliete Rosa Luiz, uma Unidade de Referência Tecnológica (URT) que vem sendo acompanhada por técnicos da Empaer e servindo de referência para mais de 140 produtores da região da Baixada Cuiabana. Com uma área de 17 hectares, está localizada na comunidade Nossa Senhora Aparecida.
Também estavam presentes nas visitas os técnicos da Empaer, Ludmila Bodnar, Antônio Rômulo Fava, Cecília Rodrigues da Silva, Nivaldo Ponciano Coelho, Lucas Stevão da Silva Freire, Natan Martins de Siqueira Queiroz e Sandro Negretti
Resultado – Todo compilado das informações apresentadas durante a missão será exposto na próxima reunião e servirá de norte para os componentes que fazem parte do estudo.
Fonte: cenariomt.com.br