Acidente evidencia o processo de desumanização das escolas estaduais
Uma merendeira de escola estadual em Mato Grosso foi vítima de acidente de trabalho na cozinha da unidade escolar. A ocorrência aconteceu após a explosão da panela de pressão. A funcionária teve queimaduras de 2º grau ao longo de todo o antebraço direito. Contudo, mesmo acidentada permaneceu no local de trabalho, após comprar uma pomada para aliviar a ardência e minimizar o sofrimento. Quase uma semana depois, com início de infecção no local, procurou, por conta própria, o posto de saúde e conseguiu o afastamento de três dias
Para o Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT), que ficou ciente do fato, dias após o ocorrido, fica evidenciado os riscos do profissional que atua na alimentação escolar, e faz a defesa do adicional de insalubridade para o segmento, não como compensação pelo acidente, porém como ciência de que as tarefas são de risco permanentes à saúde e bem estar dos funcionários.
A cozinha escolar, em específico, é uma área sujeita a risco permanente. Ao manusear panelas pesadas, lidar com panelas de pressão, se expor ao calor no preparo dos alimentos, ao mesmo tempo, a mudança brusca de temperatura ao lidar com freezers e geladeiras, a limpeza do local e refeitório de circulação coletiva, podem significar risco.
Para a secretária adjunta de Funcionários do Sintep-MT, Maria Aparecida Cortez, a ocorrência com a merendeira, alertou ainda à falta de preparo da unidade escolar no socorro aos profissionais. Segundo a dirigente, a funcionária permaneceu na escola trabalhando e retornou dias seguidos, para não receber faltas. O fato revela o processo de desumanização implantado nas escolas com a política do governo Mauro Mendes. “A pressão pela assiduidade a qualquer custo, com incentivo de gratificação para melhoria salarial àqueles que não faltarem, tem levado os profissionais a trabalharem doentes”, relata.
O Sintep-MT tem feito o alerta de que as gratificações de desempenho não garantem as devidas valorizações salariais, contribuindo ainda para a criação de disparidades entre os servidores. As repercussões dessa política adotada pelo governo Mauro Mendes são altamente prejudiciais à saúde dos trabalhadores, especialmente durante os momentos mais delicados dos afastamentos temporários ou definitivos da vida profissional.
“Além de não garantir revisões integrais dos salários, indicam a consolidação de um sistema baseado no mérito, denominado Gratificação por Resultados. Na prática, esse sistema negligencia a valorização universal dos servidores, acarretando sérias consequências para suas carreiras e saúde”, ressalta o presidente do Sintep-MT, Valdeir Pereira.
“A dor do outro não me afeta. Esta tem sido a constatação nas unidades estaduais”, destaca Cida Cortes, que ressalta uma atuação irresponsável da escola, ao permitir que a funcionária trabalhasse com uma ferida exposta no corpo. “Não existiu sequer preocupação com o agravamento do acidente e o risco ainda maior no desempenho da função. A preocupação foi não deixar a vaga ociosa”, ressalta.
Fonte: sintep.org.br