Olhos e ouvidos atentos no 7º Encontro Regional de Sistemas Produtivos: produtores rurais e estudantes foram impactados positivamente no evento, ao se depararem com os resultados de melhoria do solo. Ao longo de três safras, foram acompanhados sistemas de integração lavoura-pecuária e sistemas de plantio direto na palha, na Fazenda Santana, em Sorriso.
A coordenadora do Subprograma Produção, Inovação e Mercado Sustentáveis (PIMS), Daniela Melo, conta que o projeto tem objetivo de difundir tecnologias inovadoras na agropecuária, visando beneficiar produtores, estudantes e técnicos. O evento reuniu renomados profissionais do setor, proporcionando aos participantes uma oportunidade única de explorar conceitos de ponta.
“Ao apoiar a difusão dessas tecnologias inovadoras, o Subprograma PIMS busca impulsionar o desenvolvimento sustentável do setor agropecuário, promovendo eficiência, produtividade e sustentabilidade. Além disso, a difusão também contribui para a capacitação e formação de profissionais do setor. Durante o evento, foi possível notar que os participantes demonstraram um alto nível de interesse nas informações compartilhadas, refletindo a relevância e o impacto desses conhecimentos na melhoria das práticas agropecuárias”, aponta Daniela.
Produtores curiosos com melhoria do solo
Segundo explica o engenheiro agrônomo e pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril, Flávio Jesus Wruck, o experimento era voltado para o plantio direto e lavoura-pecuária, ambos por meio do consórcio de soja.
A integração lavoura-pecuária-floresta é uma estratégia de produção que vem crescendo no Brasil nos últimos anos. Trata-se da utilização de diferentes sistemas produtivos, agrícolas, pecuários e florestais dentro de uma mesma área. Pode ser feita em cultivo consorciado, em sucessão ou em rotação, de forma que haja benefício mútuo para todas as atividades.
Esta forma de sistema integrado busca otimizar o uso da terra, elevando os patamares de produtividade em uma mesma área, usando melhor os insumos, diversificando a produção e gerando mais renda e emprego. Tudo isso, de maneira ambientalmente correta, com baixa emissão de gases causadores de efeito estufa ou mesmo com a mitigação desses gases.
O consórcio de soja – que foi adotado na pesquisa -, além de produzir uma forragem de melhor qualidade, também traz benefícios para o solo.
“Além de produzir forragem de melhor qualidade, que tenha nessa consórcio algumas espécies de planta que tragam algum benefício do sistema de produção, pro solo. Então, tem benefício de reduzir nematóide (vermes), benefício de aumentar ainda mais a matéria orgânica do solo, benefício de descompactar o solo. São vários consórcios, que produzem uma excelente forragem, com uma qualidade melhor do que se fosse só o capim solteiro e ainda trazer alguns benefícios para o sistema de produção, para o solo em si”, explica.
Aliás, o aumento da matéria orgânica e a melhoria das condições físicas do solo são assuntos que chamam muito a atenção dos produtores, revela Wruck. Eles se preocupam com a fertilidade do solo não ser afetada negativamente, devido à integração lavoura-pecuária.
“Os produtores presentes ficaram bastante satisfeitos com os resultados. A questão, por exemplo, do aumento da matéria orgânica do solo, da melhoria das condições físicas do solo. Isso chama muito a atenção deles, principalmente com o aumento da matéria orgânica do solo. Recebemos muitas perguntas sobre a questão do fósforo. Entre aspas foi um alívio para eles ouvir que, por mais que os resultados sejam preliminares, foram positivos”, comenta Wruck.
Nova geração consciente
Bruna Zanatta faz parte da nova geração de produtores rurais. Acompanhada do seu pai, Arli Zanatta, ela soube do evento após divulgação do Clube Amigos da Terra (CAT) de Sorriso.
“Como parte da nova geração de produtores rurais, acho importantíssimo buscar alternativas mais sustentáveis para aumentar a produtividade nas chamadas ‘áreas consolidadas’ e saber o que agências renomadas como a Embrapa propõe nesse sentido. Convidei meu pai para vir comigo e foi interessante ver como alguém experiente como ele recebeu o conteúdo com curiosidade e ‘cabeça aberta’”, pontua Bruna.
Antenada às novas tendências e tecnologias, Bruna tem consciência da importância de aliar a pecuária com a sustentabilidade. Após ver os exemplos, ela estuda a viabilidade de plantar milho com algum consórcio apresentado no evento, a fim de melhorar o solo e ajudar na absorção de carbono.
“Adaptar a atividade agrícola e pecuária é fundamental para reduzir as emissões de carbono e o setor está sendo cada vez mais cobrado por isso. Foi inspirador acompanhar os resultados do sistema integração lavoura-pecuária em uma área que se parece com a nossa, conectada com a realidade da nossa região e que poderia ser adotada por muitos produtores”, relata.
Wruck reforça que, além dos produtores rurais, muitos estudantes participaram do evento. E essa participação é importante porque, daqui uns anos, esses jovens irão assumir a gerência dessas propriedades. Portanto, ter conhecimento da sustentabilidade e aplicá-la desde cedo, dissemina as boas práticas e ajuda a manter a floresta em pé.
“Nossos alunos são filhos de produtores, são aquelas pessoas que daqui dois, três anos, estarão assumindo a propriedade. É extremamente importante a participação desses graduandos na nossa região, nós estamos preparando a sucessão do campo”, reflete.
APOIO DO REM
O evento 7º Encontro Regional de Sistemas Produtivos foi realizado no dia 20 de maio, na Fazenda Santana, em Sorriso. O encontro faz parte de uma das atividades de divulgação planejadas pela EMBRAPA, do projeto “Tecnologias inovadoras do Sistema Plantio Direto (SPD) e da Integração Lavoura-Pecuária (ILP) para o desenvolvimento sustentável da agropecuária mato-grossense”, que foi selecionado na chamada 08/2020 do Programa REM MT. Ao todo, foram investidos no projeto R$ 998.603,32, que tem previsão de finalização no primeiro semestre de 2024.
Fonte: gazetadigital.com.br