Presidente da CPI da Saúde na Câmara de Cuiabá, o vereador Tenente-coronel Marcos Paccola (Republicanos) afirmou que os poucos meses de apuração e audiências realizadas pela Comissão já comprovam a malversação e desvio de recursos na Secretaria de Saúde da Capital.
“É o maior orçamento do município. Só a Empresa Cuiabana de Saúde operou mais de R$ 1 bilhão, é a galinha dos ovos de ouro. É uma empresa pública, mas com administração nomeada, então facilita os processos de contratação”, disse, em entrevista à Rádio Metrópole FM.
Paccola apontou que não há dúvida de que mais de R$ 100 milhões dos recursos “carimbados” da Covid-19, encaminhados à Prefeitura de Cuiabá pelo Governo Federal durante a pandemia, são provenientes de fraudes em processos licitatórios.
O montante já havia vindo à tona durante a Operação Curare, deflagrada pela Polícia Federal no ano passado, investigação essa que é uma das usadas para embasar os trabalhos da CPI no Legislativo cuiabano.
A você que tem alguém que faleceu nesse período de Covid: pode ter certeza que alguém com interesses escusos acabou tendo participação nessa morte
“Isso estamos falando só de dinheiro que veio para a Covid. Como tivemos uma facilitação no processo, uma abertura para que pudesse contratar mais rápido, agilizar em virtude da pandemia, as pessoas ao invés de fazer o bem, fizeram pensando em se dar bem”, lamentou.
Ele apontou que o grupo de terceirizadas beneficiadas com tais pagamentos tinham em sua administração pessoas com vínculos já comprovados com secretários da gestão Emanuel Pinheiro (MDB), o que já restaria comprovado por meio de quebra de sigilos telefônicos e bancários.
“Posso dizer porque já está comprovado por meio de quebra de sigilo bancário e telefônico, o pagamento de recurso para essas pessoas e o vínculo desses proprietários de empresas com secretários em viagens com ostentações e curtindo com o dinheiro desviado da saúde”, criticou.
“A você que tem alguém que faleceu nesse período de Covid: pode ter certeza que alguém com interesses escusos acabou tendo participação nessa morte”, completou.
“Organização criminosa”
A nova CPI tem por objetivo apurar a existência de uma suposta organização criminosa que desviou “vultuosos recursos” da Saúde da Capital.
Segundo Paccola, assusta ver que “com o tanto de gente sofrendo por falta de medicamento, falta de leito, falta de estrutura”, há aqueles que escolhem fazer “malversação, desvio desses recursos”.
Além de Paccola como presidente, a Comissão conta com dois vereadores da base – Marcrean Santos (PP), que é o relator, e Chico 2000 (PL) como membro –, e é embasada nas diversas operações policiais que tiveram como alvo a Secretaria de Saúde de Cuiabá, como a Sangria, Overpriced, Curare, Colussão, Capistrum e Cupincha.
“E acredito que novas operações virão de desdobramentos do que a gente viu sendo produzido ao longo dessas investigações”, afirmou Paccola.
Essa é a segunda comissão criada na Casa para apurar esquemas na Saúde. A primeira, dos Medicamentos Vencidos, resultou no indiciamento do prefeito Emanuel Pinheiro, da primeira-dama Márcia Pinheiro, três empresas e de mais 40 pessoas.
Aberta em maio de 2020, logo após a descoberta de centenas de medicamentos vencidos no Centro de Distribuição da Prefeitura de Cuiabá, a CPI apontou que o dano aos cofres públicos chegou a R$ 26 milhões.
Fonte: midianews.com.br