MT: IBGE PIB municipal revela desníveis em Mato Grosso

MT:  IBGE  PIB municipal revela desníveis em Mato Grosso
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Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística aponta fortes contrastes entre os maiores e os menores municípios

O PIB de Cuiabá é de R$ 24,6 bilhões, segundo o IBGE

Tão grande quanto à economia agrícola mato-grossense é o desnível socioeconômico entre o bolsão dos municípios ricos e o gueto dos pobres. Enquanto o produto interno bruto (PIB) de Cuiabá é de R$ 24,6 bilhões (bi), o de Araguainha patina em R$ 21 milhões (mi). A mesma desigualdade acontece também com a renda per capita, que em Campos de Júlio é de R$ 193.805,46 e em Alto Paraguai de R$ 10.754,99. Isso é o que revelou o IBGE neste mês de dezembro de 2021 com dados de 2019 e que mostra o PIB de Mato Grosso em R$ 142,12 bi e a renda per capita estadual em R$ 40.787 – acima da média nacional de R$ 35.161,70. Esse cenário não deverá mudar com a urgência que a realidade impõe, pois não há política pública para reduzir a desigualdade que é marca característica entre os 141 municípios mato-grossenses.

Mato Grosso tem um bolsão municipal considerado primo rico, que é formado por Cuiabá, Várzea Grande e municípios com a economia alicerçada pelo agronegócio e, todos, com PIB acima de R$ 3 bilhões. São eles: Rondonópolis, com R$ 11,3 bi; Várzea Grande, R$ 8,59 bi; Sinop, R$ 6,59 bi; Sorriso, R$ 6,23 bi; Lucas do Rio Verde, R$ 4,46 bi; Primavera do Leste, R$ 3,91 bi; Tangará da Serra, R$ 3,42 bi; Campo Novo do Parecis, R$ 3,40 bi; e Nova Mutum, R$ 3,15 bi. No outro extremo, Araguainha, R$ 21,07 mi; Ponte Branca, R$ 24,65 mi; Luciara, R$ 30,98 mi; Serra Nova Dourada, R$ 3,81 mi; e Reserva do Cabaçal, R$ 3,84 mi.

Sapezal, com R$ 2,59 bi puxa um grupo de municípios com PIB acima de R$ 1 bi. São eles: Diamantino, Barra do Garças, Alta Floresta, Campos de Júlio, Nova Ubiratã, Barra do Bugres, Itiquira, Canarana, Juína e Água Boa com R$ 1,07 bi.

A desigualdade também se repete na renda per capita, que é importante indicador social. Municípios do agronegócio têm os melhores desempenhos: Campos de Júlio, com R$ 193.805,46; Santa Rita do Trivelato, R$ 150.426,30; Diamantino, R$ 111.197,06; Nova Ubiratã, R$ 108.284,61; Sapezal, R$ 100.073,42; Itiquira, R$ 96.869,10; Campo Novo do Parecis, R$ 96.181,92; e Ipiranga do Norte, R$ 95.783,77. Na outra ponta, Alto Paraguai, R$ 10.754,99; São José do Povo, R$ 11.204,39; Pontal do Araguaia, R$ 11.889,01; São Pedro da Cipa, R$ 13.837,47; Reserva do Cabaçal, 14.086,76; Luciara, R$ 14.918,12; e Ponte Branca, R$ 15.643,79.

Dentre os municípios com melhor desempenho no PIB, a maior renda per capita é a de Campo Novo do Parecis, com R$ 96.181,92; e as piores, de Várzea Grande, com R$ 30.166,68, e Tangará da Serra com R$ 32.992,97. Cuiabá com R$ 40.199,11 tem o índice pouco abaixo da média estadual de R$ 40.787.

Mato Grosso tem 20 municípios entre os 100 que lideram a adição do valor básico da produção agropecuária (VBP). Sorriso é o segundo no ranking nacional, com R$ 1,46 bi; Diamantino, o quarto, com R$ 1,46 bi; Campo Novo do Parecis, o quinto, com R$ 1,36 bi; seguidos por Sapezal, Nova Mutum, Campo Verde, Nova Ubiratã, Primavera do Leste, Lucas do Rio Verde, Campos de Júlio, Itiquira, Paranatinga, Querência, Canarana, Brasnorte, Tapurah, Ipiranga do Norte, Denise, Alto Taquari e São Félix do Araguaia com R$ 380 mi em 86º lugar.

O mosaico municipal contribui para a desigualdade socioeconômica; Mato Grosso com 903.207 km² tem dimensão quase continental e uma população considerada pequena, com 3.567.274 habitantes com 3,36 habitante/km². Cuiabá, a maior cidade, tem 623.614 residentes, e Araguainha, a menor, 909.

O perfil populacional é de médias e pequenas cidades. Incluindo Cuiabá são 15 acima de 40 mil habitantes: Várzea Grande (290.383), Rondonópolis (239.613), Sinop (148.960), Tangará da Serra (107.631), Cáceres (95.339), Sorriso (94.941), Lucas do Rio Verde (69.671), Primavera do Leste (63.876), Barra do Garças (61.702), Alta Floresta (52.105), Pontes e Lacerda (46.105), Nova Mutum (48.222), Juína (41.190) e Colniza, município instalado em 1º de janeiro de 2001 tem 41.117. Dentre os menores, Araguainha tem 909 habitantes, Ponte Branca (1.525), Luciara (2.036), Ribeirãozinho (2.439), Santa Cruz do Xingu (2.700), Reserva do Cabaçal (2.754), Indiavaí (2.806), Novo Santo Antônio (3.014), Vale de São Domingos (3.124), Nova Marilândia (3.332) e Tesouro (3.761).

Aripuanã com 27.960 km² territorialmente é o maior município. Outros sete têm áreas acima de 20 mil km²: Colniza, Apiacás, Paranatinga, Comodoro, Cáceres, Juína e Juara. Alguns são pequenos: São Pedro da Cipa tem 344 km² e Arenápolis 417 km². A extensão cria situações atípicas, como acontece em São Félix do Araguaia, onde a prefeita Janailza Taveira (SD), tem que percorrer 400 quilômetros nos dois sentidos para ir de sua cidade ao distrito de Espigão do Leste. Área nem sempre significa a extensão que pode ser utilizada para atividades econômicas; 61% do território de Juína com 26.397 km² pertencem a povos indígenas e abrigam áreas de preservação permanente, como observa o médico e ex-prefeito daquele município, Ságuas Moraes.

Impulsionado pelo agronegócio, Ipiranga do Norte, instalado em 2005 tem 8.182 habitantes ao passo que a população de General Carneiro, município criado em 1963, é de 5.726 habitantes. Até recentemente a economia de General Carneiro era movimentada pelo garimpo de diamante e a pecuária extensiva, e somente nos últimos anos seu cerrado passou a ser explorado pela agricultura mecanizada para o cultivo da soja e lavouras de rotação.

Não há política pública para fortalecimento dos pequenos municípios nem para revisão do mosaico fundiário municipal. Quando uma indústria anuncia que pretende se instalar em Mato Grosso as grandes cidades a disputam enquanto as pequenas são preteridas. O segundo polo nacional de esmagamento de soja é Rondonópolis, que tem diversificado parque agroindustrial; distante 35 quilômetros daquele polo regional por rodovia pavimentada, São José do Povo, com 4.102 habitantes tem renda per capita de R$ 11.204,39; se uma indústria de porte médio se instalar em São José do Povo a cidade avançaria nos indicadores sociais e poderia aumentar a população, sem necessidade quase nenhuma de aumento de prestação de serviços públicos, que poderiam ser ofertados pela vizinha Rondonópolis.

Fonte:       diariodecuiaba.com


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