Com o aumento de 9% dos casos de feminicídio em Mato Grosso em 2022, dados da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) apontam que 75% das vítimas foram mortas dentro de casa, sendo que todas foram assassinadas por alguém próximo, principalmente por homens com quem mantinham um vínculo afetivo.
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O levantamento Visível e Invisível: A Vitimização de Mulheres no Brasil, realizado pelo Fórum de Segurança Pública e Instituto Datafolha, mostra que para 53,8% das mulheres vítimas de violência, no ano passado, o ambiente menos seguro era dentro de casa.
Os dois estudos destacam que em 2020 os casos de violência contra mulher e os feminicídios aumentaram no período de isolamento social, quando as vítimas permaneceram mais tempo em seus lares, ao lado de parceiros e familiares, o que contribuiu para intensificar os conflitos. Porém, mesmo após o relaxamento das medidas de saúde, e uma pequena queda nos índices, os casos voltaram a aumentar em 2022.
A juíza Ana Graziela Vaz de Campos Alves Corrêa, da 1ª Vara Especializada de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher de Cuiabá, explica que entre as motivações para os crimes de violência de gênero estão o ciúmes, inconformismo com o fim da relação, desconfianças e sentimentos de posse.
Nós tivemos o aumento de medidas protetivas, com isso as mulheres estão se sentindo empoderadas. Temos campanhas intensas, ações de órgãos públicos e Ongs, além dos canais de denúncia, para dar uma consciência para a mulher se enxergar enquanto vítima. Muitas vezes ela não se vê assim, nem a pessoa que comete a violência está se reconhecendo como agressor.
Para a magistrada, a Lei Maria da Penha é uma grande conquista, mas ainda há muito a ser feito. O Brasil é considerado com a terceira melhor lei de proteção à mulher, mas também é o 5º país que mais mata. Com a lei, temos várias ferramentas de proteção, como a medida protetiva, que é uma das melhores coisas, mas não basta apenas proteger a vítima e punir o agressor, temos que trabalhar todo o ser humano, desde os bancos escolares. Temos que trabalhar explicando o que é a violência de gênero desde a educação infantil.
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Fonte: gazetadigital.com.br