Paulo Vinícius Araújo, 37, servidor da Limpurb, era usado para ocupar patrimônio de Paulo Witer
A Polícia Civil, por meio da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), cumpriu, nesta terça-feira (14), em Cuiabá, três mandados judiciais de prisões e busca contra mais dois investigados na Operação Apito Final.
Trata-se de um desdobramento que apurou a participação de novos envolvidos no esquema de lavagem de capitais do tráfico de drogas liderado por Paulo Witer Faria Paelo, tesoureio da facção Comando Vermelho.
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Foram cumpridos dois mandados de prisão e um de busca e apreensão, deferidos pelo Núcleo de Inquéritos Policiais de Cuiabá, contra investigados identificados como ‘testas de ferro’ de Paulo Witer.
Um dos presos é Paulo Vinícius Gabriel de Araújo, 21 anos, funcionário da Empresa de Zeladoria e Serviços Urbanos (Limpurb) e que era motorista particular da filha de Witer e sempre a levava a um colégio de alto padrão em Cuiabá.
A GCCO apurou que Paulo e uma mulher – ela moradora do bairro Jardim Florianópolis — constavam como proprietários de um apartamento em um edifício de alto padrão na Capital.
Mas, quem passou a residir no imóvel foi Witer, logo após sair da Penitenciária Central do Estado, em dezembro ao ano passado, quando teve a progressão para o regime semiaberto autorizada pela Justiça.
A GCCO apurou ainda que o servidor público municipal não teria condições financeiras de adquirir um imóvel como o que constava em seu nome.
Ele é contratado da empresa pública de limpeza urbana da Capital e tem um salário bruto mensal de R$ 3.643,12.
“Ou seja, todas as informações levantadas reforçam mais uma manobra do principal alvo da operação Apito Final em ocultar seu patrimônio criminoso”, comentou o delegado Rafael Scatolon.
Durante o cumprimento dos mandados, a equipe policial apreendeu, na residência de um dos investigados, um veículo Toyota Corolla, que teve mandado de sequestro determinado na primeira fase da Operação Apito Final.
EMBARAÇO À INVESTIGAÇÃO – A Polícia Civil apurou que, dias antes da deflagração da Operação Apito Final, o servidor público foi ao apartamento de Paulo Witer e retirou do local objetos que pudessem comprometer o comparsa.
Witer foi preso pela Polícia Civil no dia 29 de março, em Maceió (AL).
Na mesma data, horas após a prisão, o servidor público foi ao apartamento e saiu do imóvel carregando uma sacola com vários objetos, entre eles, a tornozeleira, desativada em seu apartamento, minutos após a prisão de Paulo Witer.
“Fiel escudeiro” de Witer, Paulo Vinicius ficou incumbido em diversas ocasiões de movimentar a tornozeleira do criminoso como se ele estivesse em Cuiabá.
Para isso, esse investigado ia ao apartamento, retirava o equipamento e o levava até o bairro Jardim Florianópolis, nas ocasiões em que Witer estava em viagens ao litoral de Santa Catarina e Rio de Janeiro.
No dia 14 de março, a Polícia Civil apurou que a tornozeleira emitiu a localização em um colégio de alto padrão na Capital, onde o investigado foi levar a filha de Witer, que estuda no local.
Porém, na mesma data, Paulo estava em Santa Catarina.
Antes da data em que foi preso em Maceió, a tornozeleira emitiu sinal de que o investigado principal se movimentou de seu apartamento para um shopping da Capital, contudo, o equipamento estava com seu comparsa.
Além da movimentação criminosa do equipamento, foi constatado ainda que P.V.G.A. fez diversas movimentações bancárias por seus ‘serviços prestados, em quantias superiores a R$ 19 mil.
APITO FINAL – Em uma investigação que durou quase 2 anos, a GCCO apurou centenas de informações e análises financeiras que possibilitaram comprovar o esquema liderado por Paulo Witer para lavar o dinheiro obtido com o tráfico de drogas.
Para isso, ele usou comparsas e familiares como testas de ferro na aquisição de bens móveis e imóveis para movimentar o capital ilícito e dar aparência legal às ações criminosas.
A operação foi deflagrada no dia 2 de abril, com a finalidade de descapitalizar a organização criminosa e cumprir 54 ordens judiciais, que resultaram na prisão de 20 alvos, entre eles o líder do grupo, identificado como tesoureiro da facção, além de responsável pelo tráfico de entorpecentes na região do Jardim Florianópolis.
No bairro, Witer montou uma base para difundir e promover a facção criminosa agindo também com assistencialismo por meio da doação de cestas básicas e eventos esportivos.
A investigação da GCCO apurou que o esquema movimentou R$ 65 milhões, na aquisição de imóveis e veículos.
As transações incluíram ainda criação de times de futebol amador e a construção de um espaço esportivo, estratégias utilizadas pelo grupo para a lavagem de capitais e dissimulação do capital ilícito
Fonte: diariodecuiaba.com.br