Com a previsão de uma seca pior que a vivenciada em 2020, quando cerca de 30% (44.998 quilômetros quadrados) do Pantanal queimou e mais de 17 milhões de animais morreram, especialistas alertam para o risco de vivermos algo semelhante este ano. Com temperaturas subindo, precipitações reduzidas e um aumento nos dias consecutivos sem chuvas, o alerta é para os sinais da situação crítica que permeia o bioma, após quatro anos.
O alerta foi dado durante o evento Diálogo sobre Manejo Integrado do Fogo e Incêndios no Pantanal, promovido pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), onde também foi apresentado o estudo sobre a morte de 17 milhões de animais no Pantanal em 2020.
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Christian Berlinck, do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros do ICMBio, explica que um dos grandes termômetros para essa realidade, que ajuda a entender o Pantanal e tomar decisões a respeito dele agora, é o nível de inundação do Rio Paraguai, um dos principais e o que promove a maior área alagada. Ele segue registrando níveis baixos em diversos municípios.
Segundo ele, o rio flutua entre maiores cheias e menores. Em 2019/2020, o Pantanal enfrentou uma seca extremamente acentuada que fez com que a vegetação ficasse disponível para ocorrência de fogo e, aliada às condições da época, aumentou também o espalhamento e a severidade, ou seja, aumentou o impacto. Tudo isso causou sérios danos que ainda não foram recuperados no bioma.
Esse cenário do passado, somado ao que temos agora, onde o analista aponta a régua de medições do Rio Paraguai, que demonstra que o está bem abaixo do que tínhamos em 2020. E quando ainda se compara a medição de abril de 2023, estamos neste ano abaixo dela.Aliado a isso, temos ainda questões envolvendo o clima, onde vivemos um conjunto de mudanças que eram esperadas apenas para 2060/2080. “Tudo isso nos provoca refletir e articular para que o cenário não se repita”, afirma.
Ele lembra que o fogo ocorre o ano inteiro no Pantanal, faz parte dele, moldou o bioma e, por isso, excluir o fogo não é a solução. Por isso, segundo ele, a tomada de decisão sobre o bioma tem que ser a partir de discussões, estudos científicos e manejo do fogo.
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Fonte: gazetadigital.com.br