MT: ‘Era Emanuel Pinheiro’ chega ao fim sob desgaste

MT:  ‘Era Emanuel Pinheiro’ chega ao fim sob desgaste
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A 48 horas de concluir o seu segundo mandato, o prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) já sente a nostalgia e solidão que sempre acompanham os políticos em fim de gestão.

 

Nesta entrevista ao Jornal A Gazeta, Emanuel evitou falar dos erros das suas duas gestões consecutivas, deixando o julgamento para os adversários.

 

Cita o que chama de legado da ‘Era Emanuel Pinheiro’, também rebateu as acusações de corrupção e aponta que sofreu uma cruzada por parte do governo Mauro Mendes para destruir a sua reputação.

 

Contudo, admite que errou na sua relação com o MDB. Nem de longe, o prefeito aceita a sua baixa popularidade.

 

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A Gazeta – O senhor termina os 8 anos de gestão com um desgaste muito grande perante a sociedade. Quais fatores que contribuíram para que as pessoas avaliem negativamente a gestão Emanuel Pinheiro?

 

Emanuel Pinheiro – Primeiro, respondo que a popularidade de Emanuel Pinheiro continua. Ela está sufocada, abafada, embaçada com uma cortina de fumaça patrocinada pelos meus adversários políticos, especialmente pelo governo do estado que patrocina um bombardeio diário contra a gestão e contra o prefeito Emanuel Pinheiro, com o único intuito de desgastar diante da opinião pública. Mas a popularidade continua alta e eu vejo isso pelas ruas e pelos bairros. Eu sou um político e gestor de ponta de rua, de bairro, de tomar cerveja com o povo, de ouvir de população. E eu posso te assegurar que a popularidade continua porque há uma sintonia muito grande. Mas é claro que depois de 7 anos de governo de qualquer gestão, ela traz desgaste. A maior parte das críticas que recebo são produzidas no mundo da fake news no mundo da inverdade.

 

A Gazeta – Mas esse desgaste ficou comprovado nas eleições deste ano. Porque historicamente um prefeito consegue transferir entre 20 e 25% de votos para quem ele apoia. E isso não ocorreu com o Domingos Kennedy (MDB) que era o seu candidato neste ano.

 

Emanuel – Isso demonstra o desejo de mudança de alternância de poder, o que é normal, por isso a democracia brasileira, ela é extraordinária. A alternância independe da aprovação desse ou daquele gestor. E o fator Kennedy que, inclusive, era o melhor e mais preparado candidato a prefeito da capital, foi uma candidatura em cima da hora, se ele tivesse me ouvido quando ele se filiou e preparado a candidatura dele, no mínimo ele estaria no segundo turno e tenho certeza que venceria as eleições.

 

A Gazeta – Além de dizer que o seu desgaste ocorre por fake news, o senhor e seus aliados também afirmaram por várias vezes que sua gestão sofre um boicote do governo do Estado. O senhor acredita que realmente existe isso?

 

Emanuel – Não tenha dúvida disso. Eu vou dizer para você, eu não sou perfeito, sou ser humano, tenho meus erros, tenho meus limites, e tenho virtudes e defeitos. Agora, mesmo quando erro, erro com a intenção de acertar. A gente teve os erros naturais, os erros de gestão, que teve que ser revisto durante o processo. Agora tenho certeza que acertei muito mais do que errei. Agora não tenha dúvida de que a maioria dos bombardeios, das críticas e das perseguições que sofro, parte de uma indústria da fake News, feita, montada e arquitetada com o objetivo de tomar o poder pelo poder da capital. Mas como a mentira tem pernas curtas, ela não se sustenta por muito tempo.

 

A Gazeta – Vou insistir na questão dos erros, prefeito. Onde o senhor acha que errou?

 

Emanuel – Eu costumo dizer que os meus erros, eu deixo com a oposição para falar. Eu gosto de falar dos meus acertos, dos nossos avanços, da evolução que Cuiabá sofreu nesses últimos 8 anos.

 

A Gazeta – Prefeito, o que deu errado em sua gestão? Porque o senhor não conseguiu cumprir o que o senhor planejava, como por exemplo, as obras dos 300 anos?

 

Emanuel – Eu gosto de falar muito. Uma coisa é o programa de governo, os compromissos que eu fiz durante a campanha eleitoral. Outra coisa é a vontade do prefeito eleito de chegar e falar que gostaria de fazer isso ou aquilo. Mas vou falar de algumas coisas que eu não prometi e fiz. Por exemplo, eu não prometi o Contorno Leste que está 70% da obra entregue, eu não prometi fazer dois viadutos e entreguei os dois. Agora eu prometi o novo pronto socorro de Cuiabá, e entreguei o maior hospital do estado de Mato Grosso e dentro dele o novo e moderno pronto-socorro Cuiabá. Ou seja, entreguei muito mais do que prometi.

 

A Gazeta – Prefeito, Mato Grosso inteiro sabe que o senhor e o governador Mauro Mendes romperam e se tornaram grandes inimigos. O que de fato ocorreu para que isso acontecesse. O que ocorreu de verdade?

 

Emanuel – O ex-governador Blairo Maggi costuma falar que dois bicudos não se beijam, na hora que ele fala sobre essa relação. Mas sinceramente eu não sei. Eu imagino. Mas olhando para trás aí, vendo todos esses acontecimentos, com a experiência que tenho, eu acho que houveram muitos falsos amigos, falsos interlocutores que vendiam serem bem intencionados, e na verdade eles serviram para azedar a relação entre mim e Mauro Mendes. Eu acho que tanto ele quanto eu, ouvimos pessoas que fingiram que estavam querendo ajudar e reaproximar, mas na verdade contribuíram muito para o tensionamento dessa relação. E neste meio tempo veio o episódio do vídeo do paletó, aí ele se aproveitou para vir para cima e começou a causar os atritos mais pesados. E eu sinto dele um ódio pessoal muito grande. Eu tentei de todas as formas, a aproximação política. Porque independente da gente gostar um do outro, é necessário que todo o governador e todo o prefeito de uma cidade, principalmente de uma capital, converse.

 

A Gazeta – Em 2022 o senhor lançou a primeira-dama Márcia Pinheiro ao governo. O senhor não acha que foi um erro?

 

Emanuel – Ela foi lançada em cima da hora e ela teve a mesma votação de Pedro Taques que era governador candidato à reeleição, e tinha sido senador da República. E a mesma votação praticamente da votação de Wellington Fagundes. Ainda fez aí uns 17%, dos votos no geral, e 23% em Cuiabá. Outro ponto é que eu não queria deixar uma eleição por WO.

 

A Gazeta – O vídeo do paletó. Por mais que o senhor tem conseguido vitórias na Justiça, aquela imagem, a partir do momento que foi divulgada, o senhor começou a enfrentar dificuldades. Como o senhor ainda lida com isso?

 

Emanuel – Eu tive a absolvição popular [fui reeleito em 2020]. Sobre esse vídeo é o que alimenta a sanha dos meus adversários, é do período em que eu fui deputado estadual. Se você perguntar a opinião pública, pra qualquer um sobre Emanuel, é o vídeo que alimenta, alimentou a carreira do prefeito eleito hoje, alimentou os adversários e tornou-se um estopim para uma série de outros episódios da minha vida pública. Claro que a imagem não é boa, a imagem é ruim, ela é péssima. E eu já tive oportunidade de pedir desculpas à sociedade cuiabana pela imagem, mas eu sempre sustentei minha inocência, tanto que nunca tentei fazer acordo de não persecução penal, porque me ofereceram.

 

A Gazeta – Prefeito, as suas duas gestões sofreram diversas operações policiais. E por mais que elas nunca chegaram ao senhor, exceto a Operação Capistrum, mas atingiu seu staff e pessoas próximas. O senhor não errou em nomeá-las ou confiar demais nas pessoas?

 

Emanuel – O prefeito Emanuel Pinheiro está incluído como possivelmente vítima de má-fé para atender a sanha de um tirano. E isso contaminou alguns segmentos da sociedade, que eu tenho muito respeito, como o Ministério Público, o Poder Judiciário, pelas instituições como a Polícia Civil, onde um ou outro membro se levou ou se deixam levar pelo ódio do governador contra o prefeito da capital. Então isso ocasionou essa indústria das operações contra o prefeito de Cuiabá. Secretário falha, e se falhou, se errou, vai responder pelos seus atos. Eu não mando ninguém, não faço nada errado. É por isso que tô aqui até hoje. Isso não tem outra palavra a não ser dignidade. E essas operações estão sendo arquivadas por falta de provas. Essas verdadeiras farsas virou um palanque eleitoral montado pra tentar tomar o meu mandato à força, já que no voto não conseguiram.

 

A Gazeta – Prefeito, a cidade enfrenta alguns problemas, como a questão da coleta do lixo, fornecedores com pagamentos atrasados, ruas esburacadas, entre outros. O senhor deixará a gestão em que situação para o próximo prefeito?

 

Emanuel – Existe uma situação potencializada pelos meus adversários. Vamos pela lógica. Emanuel Pinheiro é o único prefeito da história da cidade que nunca enfrentou uma greve. A gestão Emanuel Pinheiro teve uma estabilidade com os servidores, teve progresso e desenvolvimento porque o servidor público sempre foi ouvido para reivindicar os seus direitos. A cidade vive dificuldade, nós não temos receitas suficientes, porque vivemos um momento de crise, e algumas crises forçadas como a questão do repasse do ICMS onde a base de cálculo que o governo do estado fez e alterou deliberadamente e que prejudica os grandes municípios. Esse ano Cuiabá perdeu R$ 100 milhões. Eventualmente tem falhas e nós como gestores temos que corrigir. Nós universalizamos o saneamento básico, acabou o problema de falta de água tratada. E a coleta de esgoto em 94%. O próximo gestor terá a missão de subsidiar a população mais carente para ligar a rede de esgoto das casas para a rua. Aí sim universalizar em 100%. Nós asfaltamos quase 300 mil km nesses 8 anos. Nossas escolas são climatizadas, nossos estudantes recebem uniformes e materiais escolares. Isso é um legado histórico. A população não aceitará mais retrocessos. Vocês vão sentir saudades.

Fonte:  gazetadigital.com.br


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