Auditoria do TCE aponta existência de irregularidades no cumprimento das diretrizes e estratégias educacionais do Plano Nacional de Educação nos 141 municípios fiscalizados
Em Mato Grosso, dos 103 dos 141 municípios não estão com seus Planos Municipais de Educação (PME) totalmente alinhados com o Plano Nacional de Educação (PNE), o que significa dizer que tropeçam no cumprimento das diretrizes e estratégias educacionais estabelecidas para o período de 2014 a 2024.
Pelo menos é o que mostra auditoria realizada pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE-MT) para verificar o cumprimento das metas do programa, bem como seu monitoramento. O documento divulgado, nesta última terça-feira (14), revela ainda a existência de irregularidades em todas as cidades fiscalizadas.
Apreciado durante a sessão ordinária remota, o processo, sob relatoria do presidente do TCE-MT, conselheiro Guilherme Antonio Maluf, o relatório considera a existência de dotações orçamentárias suficientes para o cumprimento das metas. Responde ainda a questões levantadas pela Secretaria de Controle Externo (Secex) de Educação e Segurança Pública, responsável pelo trabalho técnico.
De acordo com Maluf, a equipe verificou que 81 municípios não universalizaram a pré-escola para crianças de quatro a cinco anos, cujo prazo expirou em 2016. Outros 133 não oferecem 50% de vagas em creches para crianças de zero a três anos; 82 não universalizaram o ensino fundamental; 93 não formam 95% dos alunos do ensino fundamental na idade adequada; 123 não universalizaram o acesso escolar às crianças especiais e 32 não respeitam o piso nacional salarial dos professores.
O relatório aponta ainda que 106 municípios não ofertam ensino integral em 50% das escolas; 133 não disponibilizam ensino integral a 25% dos alunos; 32 não alcançaram a nota projetada pelo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) para os anos iniciais do ensino fundamental; 23 municípios não têm 50% dos docentes com pós-graduação e 38 não alcançaram a nota projetada pelo Ideb para os anos finais do ensino fundamental.
Também mostra que 118 municípios não possuem 100% de docência com cursos de licenciatura na área de conhecimento em que atuam no ensino infantil e que 108 não possuem 100% de docência com curso de licenciatura na área de conhecimento em que atuam nos anos iniciais do ensino fundamental.
Além disso, 138 não possuem 100% de docência com curso de licenciatura na área de conhecimento em que atuam no ensino infantil; 13 não publicaram plano de carreira aos profissionais da Educação; 138 não realizam o monitoramento contínuo e avaliações periódicas dos seus planos e 12 municípios polos não destinaram doações orçamentárias suficientes para o cumprimento de todas as metas dos planos.
Conforme a auditoria, Apiacás, Dom Aquino, Lambari D’Oeste, Sorriso e Tabaporã são os municípios 100% alinhados ao PNE em relação a determinadas metas, a exemplo da universalização da pré-escola, atendimento de 50% da creche e universalização do ensino fundamental. Por outro lado, Confresa e Luciara, estão entre os menos alinhados ao Plano Nacional com 16,67% e 23,81% de conformidade, respectivamente.
Durante a sessão remota, o presidente reforçou que o PNE visa assegurar o direito à educação no Brasil e que, para isso, conta com dez diretrizes para o cumprimento de 20 metas até 2024. “Quero enaltecer a Secex e Educação e Segurança Pública pelo trabalho realizado acerca de uma temática tão relevante. Este é um direito social fundamental que deve ser assegurado pelo estado, de forma universal para o desenvolvimento humano”, frisou.
Em seu voto, considerando o cenário da pandemia de Covid-19, o grande número de instâncias avaliadoras dos planos e os princípios da razoabilidade e proporcionalidade da eficiência da economia processual, Guilherme Maluf acolheu o parecer da equipe técnica e do Ministério Público de Contas (MPC) ao afastar a necessidade de citação dos envolvidos para apresentarem defesas.
“Apesar dos indícios de irregularidades, considerando o cenário da pandemia, o grande número de instância avaliadora, os planos municipais de educação dos 141 municípios, a existência de diversos agentes públicos envolvidos e o processo de longo tempo como fundamenta a lei da introdução às normas de direito brasileiro e pautado nos princípios da razoabilidade, da proporcionalidade, da eficiência e da economia processual a equipe de auditoria optou por não apontar responsáveis no processo afastando a necessidade de citação dos envolvidos para apresentar a defesa. Então, optaram pela expedição de determinações e recomendações cujo objetivos são a reversão das falhas detectadas”, disse.
Além disso, propôs a adesão ou renovação da adesão das gestões à ferramenta busca ativa escolar, desenvolvida pelo fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) para combater a evasão escolar.
Segundo as análises técnicas, as principais causas para as inconsistências são falta de integração entre a gestão municipal atual e a anterior, nos casos em que houve troca de governo; capacitação de pessoal insuficiente; desconhecimento do tema pelos novos gestores; falta de apoio da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), principalmente após 2018, com a extinção da Unidade de Articulação de Políticas Educacionais; falta de orientação pelo Ministério da Educação; dados desatualizados; inexistência de dados demográficos por faixa etária.
A expectativa, agora, é que sejam feitas as correções das inconformidades detectadas nos Planos Municipais de Educação para que estejam em consonância com o PNE o mais breve possível, bem como avaliações periódicas de seus planos para que atinja as metas propostas até 2024.
Fonte: diariodecuiaba.com