Com mais de 3 séculos de existência, Cuiabá acumula inúmeros patrimônios materiais ou imateriais. Aproximadamente 400 imóveis, localizados na região central, são tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico, Artístico e Nacional (Iphan). Nesta quinta-feira (17), é celebrado o Dia do Patrimônio Histórico, data que chama atenção da população para preservação dos bens públicos tombados e valorização da história. Apesar de todo o valor cultural, entidades destacam que os bens os espaços estão abandonados.
Tombamento de um bem em patrimônio classifica-se em imaterial e material. Imaterial são culturas de uma determinada localidade, algo não concreto, como dança, comida típica, a exemplo do famoso “baguncinha” e da maionese temperada, que se tornaram patrimônio cultural e imaterial por lei de 2022.
Material são bens concretos são os mais importantes, na avaliação do professor doutor Antônio Ernani Pedroso Calháo, presidente da Associação Muxirum Cuiabano que existe há mais de 40 anos membro da Academia Mato-Grossense de Letras desde 2021. Ele destaca que o patrimônio é de extrema importância, pois é a referência de um povo, sociedade, nação.
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“Todos os seres humanos têm uma relação muito grande com as origens. Localidade onde a gente nasce, sempre temos um vínculo”, explica.
Centro Histórico de Cuiabá abriga uma variedade de prédios e casarões que resistem desde o período colonial. Mesmo com estruturas totalmente danificadas, os prédios contam história de Cuiabá há 300 anos. Segundo o Iphan, na região há aproximadamente 400 imóveis tombados e mais 600 no entorno do tombamento.
Antônio Ernani afirma que o Centro Histórico está abandonado e que problemas sociais e de estruturas dos imóveis são principais problemas da localidade. Ela pontua que donos os imóveis e moradores da região não se preocupam com a manutenção dos espaços.
Além da falta de cuidado com a parte construída, há presença de usuários de drogas, pessoas em situação de rua, profissionais do sexo e comércios que fazem serviços ilegais comprometem a conservação e visitação ao centro.
“Uma concentração de problemas sociais, todos vinculados ao crime”, destacou Ernani. “Acontece porque na medida que as pessoas vão abandonando as casas, aqueles que estão morando em rua vão tomando conta, isso é natural. Não tem o que fazer. São pessoas que precisam de uma política pública para tratar”, completou.
Muitos prédios da região do Centro Histórico estão abandonados ou apresenta danificação nas estruturas e riscos e desabamento. Em entrevistado ao GD, Cassiana Oliveira dos Santos, nova superintendente do Iphan, disse que a maioria desses imóveis são particulares e os donos é que são responsáveis pela manutenção e preservação. Órgão apenas notifica e busca recursos caso o proprietário não tenha condição de custear uma reforma. Justificativa para o atual cenário é a mesma dada pela prefeitura de Cuiabá.
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Ernani frisa que a maioria das famílias dona dos imóveis não têm condições de pagar por reformas dos prédios e não há interesse por falta de retorno da gestão municipal. “O centro da cidade está cada vez mais abandonado, cada vez menos as pessoas vão ao centro”, frisa.
Dessa maneira, uma parte da história de Cuiabá vai se degradando junto as paredes dos prédios e casarões que sofrem com a ação do tempo e intervenção humana.
Data
Dia Nacional do Patrimônio Histórico foi instituído para homenagear o historiador e jornalista Rodrigo de Melo Andrade, responsável pela criação do Iphan, em 1937. Este ano, a 5ª Semana ganhou o apoio da Assembleia Legislativa de Mato Grosso. É uma ação da sociedade civil organizada que atua na vigilância dos interesses patrimoniais e culturais de Cuiabá e Mato Grosso.
Fonte: gazetadigital.com.br