A guerra entre Rússia e Ucrânia pode gerar impactos econômicos negativos para Mato Grosso, principalmente para o setor do agronegócio. Na importação de fertilizantes, a Rússia corresponde a 20% do fornecimento desses insumos agrícolas para o Brasil.
Em 2021, Mato Grosso importou aproximadamente 1,6 milhão toneladas de fertilizantes da Rússia
No caso de Mato Grosso, especificamente, a Rússia é o 2º principal fornecedor internacional e o estado, dentre as Unidades Federativas brasileiras, é o maior mercado de fertilizantes para Rússia, à frente de SP (2º) e MG (3º). Os dados são do Observatório da Industria, elaborados pela Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt).
Em 2021, Mato Grosso importou aproximadamente 1,6 milhão toneladas de fertilizantes da Rússia. O presidente da Fiemt, Gustavo de Oliveira, avalia que o fornecimento do produto ao estado pode sofrer prejuízos. “Se houverem sanções econômicas à Rússia que o Brasil seja convidado, ou compelido a seguir, o nosso fornecimento de fertilizantes vai ser impactado”, disse.
Outro impacto negativo pode ocorrer nas exportações de Mato Grosso. A Rússia é um dos potentes importadores de carne suína. As exportações dessa proteína no Brasil somaram um milhão de toneladas em 2021, a melhor marca da série história.
Dados da Associação de Criadores de Suínos de Mato Grosso, a Acrismat, mostram que até a terceira semana de fevereiro de 2022 as exportações de carne suína fresca, refrigerada ou congelada somaram 41,4 mil toneladas representando uma média diária de 2,9 mil toneladas. Em comparação com fevereiro de 2021 houve recuo na média diária de 25,4%, já que a média registrada para o período foi de 3,9 mil toneladas diárias.
Gustavo de Oliveira, presidente da Fiemt, aponta ainda que as exportações podem sentir o impacto da guerra entre Rússia e Ucrania. “A Rússia é um grande comprador de carne suína no mercado internacional, compra muito a proteína e essa associação dela com a China pode levar a uma situação aonde as exportações mato-grossenses possam ser impactadas por sanções econômicas determinadas pelo conjunto de países que formam a OTAM”.
Conflito entre Rússia e Ucrânia deve elevar preço de fertilizantes em 22/23
Combustíveis
Em menos de 24 horas após a autorização do presidente russo, Vladmir Putin, para ataque militar no território ucraniano, o preço global do barril do petróleo ultrapassou U$$ 105, cerca de R$ 535,5 conforme cotação do dólar na tarde desta quinta-feira (24.02). Nos EUA, o barril beira os U$$ 100.
A alta do preço global do petróleo é a maior desde 2014 e afeta diretamente o preço dos combustíveis – Foto: Reprodução Socientifica
A alta do preço global do petróleo é a maior desde 2014 e afeta diretamente o preço dos combustíveis. A elevação nos valores atingiu cerca de 8% entre quarta (23.02) e quinta-feira (24.02).
A Rússia é um dos maiores produtores e exportadores de combustíveis minerais do mundo. Até o terceiro quadrimestre de 2021, o país já havia alcançado US$ 155 bilhões em exportações de produtos como o petróleo (86%), carvão mineral (8%), gás natural (4%), entre outros.
Por isso, outro fator relevante é a política de precificação de combustíveis no Brasil, após 2016 o país adotou uma política de paridade com os preços internacionais de combustíveis, ou seja, aplica uma estratégia de referência baseada no preço de paridade importação de forma que há uma transmissão direta das oscilações nos preços internacionais do petróleo sob os preços domésticos de combustíveis.
Por outro lado, o Brasil, bem como Mato Grosso, pode ser beneficiado em relação ao biocombustível produzido no país, porém, os demais derivados tendem a subir de preço. “Outros impactos possíveis são, uma interrupção do fornecimento de petróleo da Rússia pra economia, principalmente americana e europeia. esse deslocamento de matriz energética pode gerar uma oportunidade positiva pros nossos biocombustíveis. E claro, com a elevação dos preços do no mercado mundial nós teremos um impacto significativo de custos aqui no Brasil e no mundo inteiro, porque sem o fornecimento de petróleo russo, a tendência é de uma alta de preços do petróleo no mercado internacional”, explica.
O presidente da Fiemt assegura que toda essa situação é monitorada momentaneamente e estuda quais outros impactos econômicos a intervenção russa pode causar. “Nós vamos acompanhar, é um cenário muito preocupante, um cenário muito instável que pode trazer rápidas movimentações impactando a economia mato-grossense, positiva ou negativamente, mas que requerem uma atenção muito especial não só dos governos, das associações de classe, mas principalmente das empresas”, conclui.
Fonte: agrnoticias.com
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