bovinocultor Jeremias Corrêa da Costa, 60 anos, convive com a área de pecuária desde os 7 anos. Ele ajudava os pais tirando o leite das vacas no pasto da propriedade da família. Sonhava em ser veterinário, mas como o dia a dia mudou sua rota, deixando de lado a graduação que tanto almejava e decidiu investir na formação profissional dos filhos (Direito e Arquitetura), onde futuramente pretende repassar a atividade a eles.
O rebanho de Jeremias conta com cerca de 500 cabeças de gado. Apesar dos números, só em 2023 ele abraçou o campo da tecnologia avançada ao ingressar na atividade de Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) de bovinos, através da Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) + Genética do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-MT).
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Localizada no Distrito de Agrovila das Palmeiras, em Santo Antônio do Leverger, a propriedade de Jeremias passou por algumas modificações. A taxa de lotação foi adequada para a área e tipo de pastagem presente na fazenda. Já as suplementações são feitas estrategicamente, e a sanidade é realizada pensando sempre na prevenção.
Ele explica que o atendimento da ATeG do Senar-MT por meio da técnica Ana Cláudia surtiu efeitos positivos. “A aplicação da IATF foi um sucesso, embora a especulação de outros produtores de bovinos era de 25% de resultado da inseminação. Não sei corretamente os números, mas a IATF na nossa propriedade superou as expectativas, batendo recorde nos resultados”, disse o pecuarista.
A técnica e Médica Veterinária Ana Cláudia Ribeiro explica que no lote de vacas multíparas o resultado foi de 95,45% da taxa de prenhes e a grande maioria está no terço médio de gestação. O processo tecnológico realizado pela primeira vez na fazenda começou em março de 2023. A perspectiva é que os novos bezerros nasçam até dezembro deste ano.
Após a IATF, foi realizado o repasse com touro. Assim que foi realizado o diagnóstico de gestação por ultrassom, foram separadas as vacas prenhas de IATF e as vacas que ficaram vazias, e colocaram o touro para fazer a monta controlada, onde o animal passa certo período com as matrizes e logo após é retirado. E o resultado disso é que todas as vacas emprenharam em um intervalo de 120 dias.
“Após 30 dias da retirada do touro realizamos novo diagnóstico por ultrassom, e quase todas as matrizes se encontravam em terço médio de gestação. Isso nos permite concentrar o maior número de partos em determinado período do ano, assim como a desmama de um lote mais uniforme. Lembrando que só alcançamos esses resultados, “fazendo o arroz com feijão bem feito” (brincou), ou seja, a nutrição, sanidade e o bem-estar animal, foram fundamentais para este resultado”, ressaltou Ana Claudia.
TECNOLOGIA – Além da IATF a técnica trouxe para a propriedade outras tecnologias, como a silagem de mandioca, fornecida para uma categoria de animais durante o período de seca. A produção vem do cultivo da raiz da própria fazenda, onde antes o material era descartado e hoje se tornou alimento. Além da utilização correta de suplementos para cada período do ano.
MUDANÇAS – A sanidade também passou por modificações durante a assistência, atualmente para se fazer o uso dos fármacos e os tratamentos nos animais, a técnica é sempre consultada. “Hoje fazemos o uso consciente, principalmente de antibióticos dentro da propriedade. Na fazenda, as boas práticas de manejo, voltadas para o bem-estar animal, são sempre praticadas pelo seu Jeremias e o colaborador dele.
Durante os manejos, é ele quem direciona os animais, e sempre ressalta que não gosta de grito e nem que agridem suas vacas, o manejo tranquilo, principalmente em dias de IATF é muito importante, pois sabemos o quanto isso influencia na taxa de prenhes”, observou a técnica.
RANKING – De um lado o campo da tecnologia cada vez mais avançado da genética. E do outro, a reprodução das modalidades; IATF e a monta natural, tem causado efeitos positivos, tanto que o país alcançou 234,4 milhões de cabeças de bovinos em 2022, alta de 4,3% em relação ao ano anterior, estabelecendo recorde do rebanho desde o começo da Pesquisa Produção da Pecuária Municipal (PPM) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), iniciada em 1974.
Considerado o estado com maior rebanho do país, Mato Grosso registrou 34,47 milhões de cabeças, ou seja, aumento de 0,28% em relação ao consolidado de 2022, que marcaram 34,37 milhões de cabeças. O superintendente do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), Cleiton Gauer afirma que o número elevado envolve a magnitude da pecuária de corte em Mato Grosso desde o desenvolvimento do estado, correspondendo 15% do rebanho nacional.
“É um peso considerado de grande importância por meio de inúmeros fatores, como a tecnologia, tecnificação, além de novo investimento por parte do produtor, acarretando em espaço com amplitude de pauta nacional. Trouxemos o perfil do produtor na era digital 2021, apontando que cerca de 67% dos pecuaristas reproduziam por meio da monta natural, que é o maior parto do estado. E tem espaço, tanto que a tecnologia está aí, temos produtores de inseminação artificial em tempo fixo (IATF) de maneira geral, até mesmo de transferência de embrião, então todos os processos vêm ganhando cada vez mais campo ao longo do tempo. Temos um grande caminho para evoluir, principalmente porque o estado vem crescendo nos últimos tempos nessa atividade”, detalhou Cleiton.
Fonte: copopular.com.br