A derrota do presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), Eduardo Botelho (União), na disputa pela Prefeitura de Cuiabá está sendo considerada surpreendente no meio político do Estado, principalmente dentro do grupo do governador Mauro Mendes (União), que ainda não assimilou ‘acachapante golpe’ das urnas na capital. Porém, a surpresa das urnas em contraste com o que se viu durante os 45 dias do primeiro turno nas ruas e bairros de Cuiabá, não é a única que já ocorreu.
Para alguns políticos, o último domingo (6) foi bem próximo ou parecido do ocorrido em 1988, quando a Cuiabá ainda não tinha dois turnos nas eleições. Naquele ano disputaram a prefeitura, Frederico Campos (PFL), Roberto França (PTB), coronel José Meireles (PMDB) e Serys Slhessarenko (PT). Nas pesquisas eleitorais da época, Roberto França aparecia liderando a intenção de voto, assim como ocorreu com Botelho neste ano.
Meirelles era o segundo e Frederico Campos aparecia em 3º. Nas ruas o que se via era um poder de mobilização e visibilidade da campanha de França, que era já era considerado o próximo prefeito da Cuiabá a partir de 1989. “Foi muito semelhante com o que aconteceu agora. Todas as pesquisas erraram. Davam Roberto França com mais de 50% dos votos. Porém, quando abriram as urnas, Frederico Campos estava eleito”, lembra o deputado estadual Wilson Santos (PSD), que na época se elegeu pela primeira vez vereador pelo PMDB, sendo o mais votado.
Wilson Santos lembra que a surpresa não foi tanta para quem participava da disputa, já que nos últimos 10 dias, se viu um crescimento de Frederico Campos. “Faltando 10 dias, começamos a sentir que algo estava mudando, mas as pesquisas diziam outra coisa. Nesta, não teve este sentimento. O que se viu apenas foi uma polarização entre Abílio Brunini (PL) e Lúdio Cabral (PT), nos últimos dias, mas sempre com Botelho no 2º turno”, compara.
Quem também tem a mesma percepção é o ex-senador Antero Paes de Barros, que na época atuava na campanha do coronel Meirelles. “As pesquisas colocavam Roberto França em primeiro e a gente em segundo. Por isso a gente usou a estratégia de bater no primeiro colocado”, conta. Segundo Antero, faltando 8 dias, a pesquisa encomendada pela campanha de Meirelles dava Roberto França em primeiro ainda, mas o número de indecisos alto.
“O responsável pela pesquisa chamou a gente e disse. Vocês estão em primeiro, mas olhando o programa eleitoral de vocês e do Frederico Campos, digo que o próximo prefeito será Frederico Campos”, lembra. “O programa dele dialoga com o perfil dos indecisos, disse o responsável. A gente até tentou mudar, mas já era tarde. Mas só a gente sabia. As ruas ainda demonstravam que Roberto França venceria”, completa.
Frederico Campos foi eleito com 44.747 votos, contra 34.309 de Roberto França. Meirelles ficou em 3º com 30.882 votos. Neste ano, Eduardo Botelho terminou em 3º lugar com 88.977 votos, uma diferença de 1.742 votos a menos que Lúdio Cabral (PT) , que ficou em 2º lugar. Abilio Brunini terminou em primeiro com 126.944 votos
Fonte: gazetadigital.com.br