Produtores rurais do Araguaia e do Vale do Guaporé se mobilizaram para pressionar a Assembleia Legislativa para que comprove por meio de mapeamento que as áreas úmidas destas regiões não fazem parte do bioma Pantanal. Somente na região do Araguaia são 4,2 milhões de hectares classificados pelo Poder Judiciário como de uso restrito e que não poderão ser explorados economicamente, isso equivale ao tamanho da Suíça.
“Pela defesa do bioma Cerrado no Araguaia e pela defesa do Vale do Araguaia e por isso participamos dessa audiência pública para que Vale do Araguaia seja respeitado e continue a produzir como os estados de Goiás, Tocantins e Maranhão”, comentou a produtora rural e advogada Scheilla Mortoza.
O Vale do Araguaia é a segunda maior região produtora de soja de Mato Grosso e possui 5 milhões das 35 milhões de cabeça de gado do Estado. As restrições de produção impactam diretamente 17 municípios.
O presidente da Famato, Vilmondes Tomain, disse haverá reflexos econômicos e sociais com o desemprego na região. “Eu vejo que essa adesão dos produtores mostra preocupação por estar limitando aquelas pessoas que estão produzindo nessas duas áreas e estão vetados do seu direito de produzir”.
Contudo, ele acredita que a Assembleia Legislativa vai tomar providências para dar tranquilidade e segurança jurídica aos empresários rurais. “Essas regiões são de destaque no cenário de crescimento econômico de Mato Grosso. A Famato sempre estará presente para dar respaldo aos produtores dessas regiões”.
Tomain também levou o superintendente do Imea, Cleiton Gauer, que fez estudo sobre o impacto da decisão de impedir a produção na região. “São cerca de 3 mil propriedades afetadas no Vale do Araguaia e 1100 propriedades no Vale do Guaporé”, destacou Gauer.
O presidente do Sindicato Rural de Querência, um dos maiores municípios produtores de grãos, Gilmar Wentz entende que se trata de uma preocupação de todos, porque as áreas úmidas do Araguaia são bem diferentes do Pantanal. “É um questionamento bastante técnico, mas já existe uma legislação quanto às áreas de APP, APA e outros setores. O que não podemos condenar é uma área inteira por atos monocráticos. Querência faz parte de um polo de produção muito grande”, lembrou.
O prefeito de Querência, Fernando Gorjen, endossou a opinião dos demais prefeitos presentes na audiência dizendo que várias indústrias estão com receio de se instalarem na região devido ao imbróglio. “A audiência é importante para todos, visto que agora que está chegando o desenvolvimento e crescimento socioeconômico com a industrialização de grãos. Se a região for inviabilizada, as indústrias que vão se instalar podem sofrer o impacto. Após esse evento, espero que possamos mostrar para as autoridades competentes a sensibilidade com a questão social”, revelou.
A audiência pública sobre as áreas úmidas das regiões do Vale do Araguaia e Vale do Guaporé foram temas da audiência pública requerida pelos deputados Dr. Eugênio de Paiva (PSB) e Valmir Moretto (Republicanos), na manhã de hoje (5), no Plenário das Deliberações Renê Barbour, na Assembleia Legislativa de Mato Grosso. Na oportunidade, também foram debatidas as situações das rodovias federais BR-158, 242 e 080; e a Ferrovia de Integração Centro-Oeste (Fico).
Fonte: odocumento.com.br