O juiz Geraldo Fidélis, titular da 2ª Vara Criminal de Cuiabá e coordenador do Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e Socioeducativo do Estado de Mato Grosso (GMF), explicou que a instalação de aparelhos de ar condicionado em presídios não ocorrerá de maneira “generalizada” e beneficiará apenas os detentos que “estão conseguindo superar o mundo do crime”. A medida passou a ser discutida em Mato Grosso nos últimos meses e tem sido vista com maus olhos pela população.
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A polêmica sobre a instalação dos aparelhos em celas começou após o governador Mauro Mendes (União) anunciar que avaliava implantar os aparelhos em celas de presos que têm direito a trabalhar no sistema penitenciário. Ele encaminhou um protocolo à Secretaria de Administração Penitenciária (Saap) autorizando isso.
“Eu não vejo essa questão como polêmica, é uma situação peculiar, numa escala feita em uma penitenciária que tem 3 mil pessoas, para algumas pessoas que estão lá dentro tentando resgatar a vida, sua reinserção social, como se fosse um prêmio para aquelas pessoas que estão conseguindo superar o mundo do crime”, explicou o juiz Geraldo Fidelis.
Figuras políticas criticaram a medida, como o deputado federal Abilio Brunini (PL) que a classificou como um “grande erro”. O magistrado disse que é importante conhecer o funcionamento do sistema penitenciário antes de criticar e pontuou que medidas assim colaboram com a ressocialização.
“Então é uma situação muito pontual, não é generalizado, […] até mesmo porque tratar pessoas de maneira desumana só tende a, quando chegarem a uma progressão de regime, elas se voltarem para o mundo do crime e nós queremos é exatamente romper com essas barreiras. […] Acho importante conhecer toda a sistemática do sistema penitenciário, não é simples, eu demorei para fazer todo este percurso também, estou há 11 anos nesse trabalho”.
Ele ainda lembrou que a função dos presídios e do sistema socioeducativo é trazer as pessoas de volta ao convívio em sociedade.
“É pontual, para algumas pessoas apenas, que estão desgarrando do mundo equivocado do passado, então tem que se ver com muita peculiaridade, jamais tem que se generalizar […]. Nós temos que buscar, na verdade, trazer para a sociedade pessoas que querem voltar a viver em sociedade”.
Fonte: gazetadigital.com.br