MT: A pecuária pede socorro

MT:  A pecuária pede socorro
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Apesar de batermos recordes sucessivos de produtividade, termos alimentado o mundo na pandemia, colocando alimento na mesa de quase um bilhão de pessoas, o setor passa por um momento muito difícil e que vem se estendendo há mais de um ano

Pode parecer inacreditável um setor tão forte e importante da economia brasileira pedir socorro. Apesar de batermos recordes sucessivos de produtividade, termos alimentado o mundo na pandemia, colocando alimento na mesa de quase um bilhão de pessoas, nosso setor passa por um momento muito difícil e que vem se estendendo há mais de um ano.

Todos os pecuaristas conhecem o ciclo pecuário de altas e baixas no mercado, seja por excesso ou falta de produtos e que atinge em maior ou menor grau todas as fases da produção, seja na cria, na recria, na terminação ou mesmo no ciclo completo. Conhecedor desse ciclo, o pecuarista vem tentando sobreviver, com planejamento, investimento e muita eficiência, mas, atualmente nos deparamos com outras inúmeras variáveis que estão conseguindo tirar muitos produtores da atividade.

A pecuária, tanto a de corte quanto a de leite, sempre foi muito democrática e acessível à todas as camadas de produtores, desde o micro pecuarista, que a utiliza como subsistência, até os grandes produtores e cada um, à sua maneira, e de acordo com suas possibilidades, vem tentando permanecer nesse mercado até hoje porém, no cenário atual de preços da arroba abaixo dos custos de produção, a maioria das plantas na mão de poucos e grandes frigoríficos, baixo poder aquisitivo da população, insegurança no campo,  insegurança jurídica levando muitos produtores a parar de investir no seu negócio,  nessa economia recheada de incertezas pela qual passa nosso país.

A Acrimat tem trabalhado muito na busca de soluções para se mitigar os problemas, seja na tentativa de se baixarem taxas, no estímulo à abertura de novas e pequenas plantas frigoríficas, abatedouros municipais,  seja em campanhas que estimulem o aumento do consumo de carne, seja na orientação e educação continuada de milhares de pequenos e médios produtores através de nossos projetos, seja na abertura de cooperativas de produtores, seja na formação de pools de venda de animais e compra de insumos, enfim, muita coisa mas tudo isso ainda tem se mostrado insuficiente para minimizar essa crise.

Precisamos urgentemente de políticas efetivas de Estado, sejam elas de qualquer esfera, mais ágeis e eficientes, porque hoje elas se mostram poucas e lentas, muitas vezes ultrapassadas devido à dinâmica do mercado. As leis e os gestores públicos precisam se adaptar às novas necessidades no tempo certo. Isso é o que diferencia um setor público eficiente. A velocidade de reação e adaptação aos desafios que se mostram cada vez mais frequentes.  Nosso papel como produtores estamos fazendo, que é pagar nossos impostos e produzir cada vez mais e melhor em áreas cada vez menores

Somos interrogados pelas pessoas e grande parte da imprensa sobre os preços da carne nos mercados, mas poucas pessoas sabem que não é o produtor que determina o preço do seu produto. Pode parecer inacreditável, mas a verdade é que toda vez que se vai vender um animal pronto para o abate, perguntamos aos frigoríficos quanto nos pagam por nossos produtos. Nunca, absolutamente nunca, determinamos o preço da arroba. Não fazemos parte dessa decisão.

Há pouco tempo a Acrimat juntamente com o IMEA fez um levantamento para saber quem estava ganhando no mercado da carne que envolve os pecuaristas, os frigoríficos e o varejo e ficou evidenciado que o grande beneficiado era o varejo. Com a acentuação da queda do preço da arroba do boi, os frigoríficos também passaram a ter lucros bastante significativos, sobrando o prejuízo para o produtor principalmente nesses últimos dois anos.

Solicitamos ao Governo do Estado desde janeiro deste ano a redução da taxa de abate das fêmeas, cujo valor, apesar de mais leves e mais desvalorizadas, é exatamente o mesmo dos machos. Uma medida lógica, justa e legal seria esse ajuste. As taxas de abate também não trabalham com a oscilação do mercado, não flutuam conforme os preços, pelo contrário são reajustadas de acordo com a inflação, aumentando cada vez mais o buraco no setor produtivo.

Precisamos ser olhados e tratados como parceiros nessa economia pujante, onde todos tenham sua parte e valor reconhecido. A máquina pública antes de ser arrecadadora tem que estar pronta e alerta às injustiças, porque a balança precisa estar em equilíbrio para todos. Não pedimos mais para nós e menos para os outros, pedimos o correto e o necessário à continuidade do nosso trabalho.

Por fim acreditamos no mercado livre, mas antes de tudo acreditamos no mercado justo.

Fonte:    vidaruralmt.com.br\ Por Oswaldo Ribeiro Junior, pecuarista e presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso.


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