Cruz foi chefe do SNI e ficou conhecido pela participação nos serviços de repressão da Ditadura Militar e acusado pela morte de jornalista
Ele será cremado neste domingo (17/4), no crematório da Penitência, no cemitério do Caju, zona norte da cidade.
Um familiar, que pediu para não ter o nome divulgado, disse ao Metrópoles que o general tinha problemas pulmonares, e ficou internado por 15 dias no Hospital Central do Exército. Cruz era viúvo e deixa quatro filhos e 11 netos.
“Ele era um guerreiro para nós. A família está muito abalada. Só queremos respeito e honra”, salientou o parente.
Repressão
Newton Cruz foi general do Exército Brasileiro e teve atuação na ditadura militar no Brasil, que durou de 1964 a 1985. Ele foi chefe da Agência Central do Serviço Nacional de Informações (SNI), órgão que monitorava e espionava opositores do regime, munindo os militares de informações confidenciais.
Cruz foi acusado pela morte do jornalista Alexandre von Baumgarten. Na época, negou seu envolvimento, disse que recebeu informações sobre a identidade do responsável pelo assassinato, mas se negou a revelar.
Em 2010, o general deu entrevista reveladora para o jornalista Geneton Moraes Neto, na qual revelou que militares planejavam outro ataque semelhante ao Riocentro, atentado terrorista organizado por integrantes do Exército e da Polícia Militar em 30 de abril de 1981.
“Eu recebi a informação de que havia um grupo tentando fazer um ataque semelhante. Não era problema meu. Eu tinha apenas que informar. Pela primeira vez saí da minha função na SNI e fui pessoalmente acabar com isso”, contou o militar na entrevista.
Ele disse que se encontrou com um tenente e um sargento em um hotel, onde teria alertado que se tivesse mais algum atentado, iria denunciar. “Não houve mais nenhum atentado”, garantiu o sargento na gravação de 2010.
Vídeo emblemático
Newton Cruz é o protagonista de um icônico vídeo de dezembro de 1983, quando agrediu um repórter durante transmissão ao vivo na TV.
No vídeo, o general manda o repórter calar a boca e “desligar essa droga”, em relação ao gravador com que o profissional registrava a entrevista. Ele fica irritado depois de ser questionado sobre a falta de democracia no país.
Na sequência, o militar encerra a entrevista. A atitude de Newton foi comparada ao do presidente Jair Messias Bolsonaro, que já encerrou entrevista após perguntas incômodas.
Fonte: metropoles.com