Anitta , que tem algo em comum com Fernanda Montenegro e Alessandra Negrini, foi uma das convidadas do colombiano J Balvin no documentário “A Great Day With J Balvin”, no qual ele conversou com diversas celebridades sobre saúde mental. Na série, a brasileira atacada por um futuro vereador de Curitiba relembrou um abuso sexual que sofreu aos 14 anos.
[ALERTA: este texto aborda assuntos como estupro, violência doméstica e violência contra a mulher, podendo ser gatilho para algumas pessoas. Caso você se identifique ou conheça alguém que esteja passando por esse problema, denuncie! DISQUE 180]
“Quando eu era adolescente, quando eu tinha 14 anos, perdi minha virgindade em um estupro causado por alguém que eu conhecia. Para mim, foi um misto de sentimentos. Eu não sabia como reagir, não contei para minha família, não contei para ninguém. Só convivi com isso por muitos anos”, expressou ela ao cantor, reforçando ainda ter se sentido culpada. “Naquele momento, eu me senti muito suja, miserável e culpada”, continuou.
Na sequência, a voz do “Funk Generation” explicou que imaginava um cenário completamente diferente do trauma que lhe aconteceu. “Eu tinha na minha mente uma idealização de como eu imaginava que seria e não foi [desse jeito], então eu me culpei”, contou. Foi então que o intérprete de “Downtown” quis saber o motivo do sentimento da amiga e ela avaliou o machismo estrutural presente na sociedade.
“Na nossa sociedade, as mulheres são doutrinadas a sentir como se tudo fosse culpa nossa. ‘Ah, é porque tá vestida dessa forma, é porque se comportou dessa maneira’. Quando uma mulher é abusada, funciona assim: ‘Oh, mas o que ela fez para ser abusada? O que ela estava vestindo? Como ela se comportou?’. Se um cara trai uma mulher, ‘ela não era boa o suficiente pra ele. Ele estava em busca de algo além’. Se é uma mulher que trai um homem, é ‘Oh meu Deus, essa mulher é suja'”, refletiu.
Em 2020, Anitta já havia falado sobre o assunto pela primeira vez no documentário da Netflix, “Anitta: Made in Honório”. A estrela admitiu ter se envolvido com um “homem autoritário” e que temia alguns momentos ao lado dele. “Eu estava com bastante medo das reações dele quando ele estava estressado. E eu acabei perguntando se ele queria ir para um lugar só nós dois. Rapidamente, na mesma hora, ele parou o estresse dele. E falou que… Perguntou se eu tinha certeza. E eu falei que ‘sim'”, falou.
“Mas, hoje eu tenho plena certeza que eu falei ‘sim’ porque eu estava morrendo de medo do estresse dele, sabe? Quando eu cheguei lá, eu realizei que não era certo fazer aquilo por medo nem nada. E eu falei que eu não queria mais. Mas ele não ouviu. Ele não falou nada. Ele só seguiu fazendo o que ele queria fazer (…) Quando ele acabou, ele saiu, foi abrir uma cerveja, eu fiquei olhando, assim, para a cama cheia de sangue”, acrescentou.
“O que eu sei é que eu peguei isso que eu vi e transformei numa coisa para me fazer sair por cima, me fazer sair melhor. Para todos vocês que se perguntam da onde que nasceu a Anitta, nasceu daí. Nasceu da minha vontade e necessidade de ser uma mulher corajosa, que nunca ninguém pudesse machucar ou fazer chorar, que sempre tivesse uma saída para tudo”, concluiu.
Fonte: purepeople.com.br
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