Ministra do Meio Ambiente tem alertado sobre a urgência de frear o uso de combustíveis fósseis para conter as mudanças climáticas
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, demonstrou insatisfação com o rascunho do Balanço Global (Global Stocktake, GST) da 28ª Conferência das Nações Unidas para Mudança do Clima (COP28) em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. O texto foi apresentado nesta segunda-feira (11/12) e tem sido discutido entre representantes de Estado e líderes da sociedade civil.
“Em relação a combustíveis fósseis, a linguagem não está apropriada e temos muitas insuficiências. Uma das insuficiências é não ter estabelecido a questão dos esforços para eliminação, em relação a combustível fóssil. Não é só a questão de emissão”, afirmou Marina Silva.
O rascunho serve como base para o texto que será acordado pelos países ao final da COP. O documento ainda precisa ser avaliado pelos representantes das quase 200 nações que fazem parte da conferência do clima e há uma forte pressão do setor de petróleo para adiar a discussão sobre o fim do uso dos combustíveis fósseis.
Há trechos no rascunho que falam sobre a necessidade de redução dos combustíveis fósseis e sugerem que os países tomem medidas para ampliar o uso de energia renovável de uma forma rápida, mas não há nenhuma exigência.
O comissário de clima da União Europeia, Wopke Hoekstra, também criticou o rascunho apresentado e enfatizou que as discussões estão longe de conseguir manter o aumento da temperatura global até os 1,5ºC, propostos pelo Acordo de Paris
“Esse texto é claramente insuficiente e decepcionante”, disse Wopke Hoekstra. “Não tem os instrumentos que podem manter 1,5°C ao alcance”, destacou o comissário da União Europeia.
A ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, ressaltou que o texto desta segunda engana o mundo sobre a diminuição do uso de combustíveis fósseis. “Sugere que combustíveis fósseis podem continuar a ter um papel essencial no nosso futuro”, disse.
Para Claudio Ângelo, coordenador de política internacional do Observatório do Clima, é urgente a discussão sobre a geração de energia e o fim do uso de combustíveis fósseis. “O texto para ser um desastre precisa melhorar muito. Ele mata completamente o pacote de energia, que era considerado por muita gente, vinha sendo considerado nos últimos dias a grande medida do sucesso ou do fracasso dessa COP.”
Ambientalistas avaliam que a geração de energia por meio de combustíveis fósseis pode fazer com que eventos climáticos extremos sejam cada vez mais comuns e causem danos irreversíveis para o meio ambiente.
A insatisfação com a discussão de energia na COP28 começou antes mesmo do inicio da conferência, ela iniciou quando os Emirados Árabes Unidos nomearam, em janeiro, o sultão Al Jaber como presidente do evento.
O sultão Al Jaber comanda a Abu Dhabi National Oil Company (Adnoc), a petroleira estatal dos Emirados Árabes Unidos. Dessa forma, a nomeação dele causou desapontamento em grande parte da ala ambiental mundial.